Fugas - Motores

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Um (muito) bom compromisso

Por Carla B. Ribeiro

Há carros assim. Por mais que se procure, não se encontra um defeito que não seja compensado por uma qualquer virtude. É o caso do CX-5 da Mazda de tracção dianteira que chegou ao mercado renovado e melhorado.

É um facto. O carro apresenta um bom desempenho, mas poderia ter um bocadinho de mais potência para quem gosta de carregar no acelerador. Por outro lado, o conforto comprovado numa longa (e dura) viagem convence-nos de que a potência extra que lhe falta nem é assim tão importante.

Depois temos os consumos. É que o bloco diesel de 2.2 não é comedido na altura de “comer”. E se, em viagem por auto-estrada, sem empecilhos e com vagar para chegar ao destino, conseguimos uns extraordinários 7,1 l/100km — mesmo com o carro preenchido de ocupantes e bagagem —, na cidade nunca conseguimos baixar a fasquia dos 8,5 l/100km, bem distantes da média de 4,6 anunciada pela marca. Por outro lado, quando se passa a portagem, não resistimos a um sorrisinho maroto. A portageira bem nos queria cobrar os euros correspondentes à Classe 2, mas, depois de esclarecida por nós e consultada a lista, teve de emendar a mão e corrigir o valor para o referente à Classe 1. É que há esta pequena diferença entre ter a tracção integral ou a dianteira. A primeira, mais potente (175cv) e com caixa automática de conversão de binário com seis relações de fabrico Mazda, paga mais nas auto-estradas lusas que o 4x2.

O primeiro Sports Utility Vehicle (SUV) compacto da marca nipónica, estreado em 2012, foi revolucionário também pelo facto de ter inaugurado a tecnologia Skyactiv, assim como por ter aberto caminho para linguagem de design que atravessa hoje toda a gama de veículos Mazda. Agora, o bem-sucedido modelo da marca foi renovado no sentido de corrigir alguns aspectos e melhorar outros.

A começar pelo sentido estético exterior, que se destaca por uma imagem de maior robustez, acentuada pela nova grelha trapezoidal, rasgada por lâminas na horizontal, e pela nova assinatura luminosa que aposta na tecnologia LED. E, no caso do carro ensaiado, há a destacar no capítulo da iluminação as luzes adaptativas dos máximos. Um facto que não só permite um enorme descanso para quem segue aos comandos como protege os demais condutores com os quais nos vamos cruzando. Assim que detectam uma qualquer luz à frente, os máximos dão lugar aos médios (caso a origem da luz provenha da faixa contrária, apaga o máximo da esquerda, mantendo a berma à direita bem iluminada). Quando a luz externa sai do caminho, não se julge que os máximos ligam qual flash. Pelo contrário: vão progredindo lentamente para que os nossos olhos tenham tempo de se adaptarem à mudança. Ainda do lado de fora, destaque para as redesenhadas jantes em liga leve de 19 polegadas, com acabamento em dois tons.

No interior também são bem visíveis as mudanças. Primeiro, todo o espaço está mais limpo e sóbrio, primando pela eficiência. A própria marca chama a atenção para a melhoria efectuada ao nível dos bancos, que, constatámos, oferecem um bom apoio, mas é de sublinhar sobretudo o trabalho ao nível das suspensões. É preciso uma grande alteração no traçado para que se sinta desconforto dentro do carro. Quer à frente quer atrás. Aliás, refira-se que no banco traseiro três conseguem arranjar posição suficientemente agradável, mas apenas dois terão uma viagem sem mácula. Além disso, a Mazda conseguiu aumentar os vários espaços de arrumação pelo habitáculo, a começar pela consola central, onde um pequeno botão substitui o travão manual, permitindo a inclusão de novos compartimentos de arrumação.

Ainda sobre o espaço há a referir o porta-bagagens que, não sendo nenhuma referência, consegue acomodar até 463 litros. No entanto, com os bancos rebatidos, a capacidade cresce para uns impressionantes 1620 litros, com um bónus: a facilidade com que se consegue rebater os bancos traseiros, usando para tal apenas uma pequena alavanca situada nas paredes da mala. Não só é rápido como muito prático. Ainda sobre a bagageira, nota positiva para o tapete, com uma das faces em borracha, o que permite transportar objectos molhados ou sujos sem grandes preocupações.

O CX-5 2.2 que conduzimos custa desde 38.705,20€, com nível de equipamento Excellence e pacote Navi, o que significa que inclui sistema de navegação. E o Excellence, sendo o nível mais bem equipado, não deixa quase nada de fora. Além do travão de mão eléctrico já referido, chega com chave inteligente, o que quer dizer que basta ter a dita no bolso para abrir as portas, a mala, arrancar com o carro, desligar, trancar o carro. Junte-se a isto sistema de arranque inteligente, cruise control, ar condicionado automático, sensores de luz e chuva, bancos dianteiros aquecidos, sistema de audio Bose, câmara de estacionamento traseiro, apoiada por sensores dianteiros e traseiros. Por tudo isto, é fácil esquecer os pequenos pecadilhos, como um vidro traseiro demasiado cortado para se conseguir uma visibilidade excelente ou um apoio de braços que poderia estar mais bem estudado.

Resumindo, a renovação do CX-5 confirma aquilo que já se sabia — este é um SUV compacto de confiança e do qual é fácil de se gostar — e melhora os aspectos que tinham ficado em 2012 por limar. Mas serve também para aguçar a curiosidade face ao CX-3, o mano menor do CX-5 que, se conseguir replicar os predicados deste, poderá ser um concorrente de peso no cobiçado segmento dos pequenos SUV. É esperar para ver.

BARÓMETRO

Preço vs. equipamento, facilidade de condução, conforto, suspensões
Consumos, visibilidade traseira

Pormenores

Equilibrado

É o mais fraquinho dos blocos propostos ao mercado luso. Mas, mesmo tendo “apenas” 150cv, esta versão do propulsor a diesel de 2.2 litros da Mazda é certamente a aposta que beneficiará mais. Aquilo que lhe falta em velocidade máxima sobra-lhe em robustez. E, não sendo propriamente rápido, consegue aproveitar bem um binário máximo disponível logo a partir das 1800rpm, para apresentar uma marca de 9,6 segundos na aceleração dos 0 aos 100 km/h. E na altura de abastecer, não sendo poupadinho, consegue ser bem melhor que a versão de 175cv.

Sóbrio

A máxima do “menos é mais” poderia ser perfeitamente aplicada à renovação dos interiores do CX-5. Tudo está mais limpo, mais sóbrio, mais bem arrumado. Enfim, mais funcional, sem que nos estejamos sempre a perder entre botõezinhos que parecem estar apenas a enfeitar, uma vez que nunca chegamos a conseguir utilizá-los. É um risco que não acontece com este carro. Seja o painel de instrumentação atrás do volante, seja toda a área onde se concentram as funções de info-entretenimento ao centro do tablier, com comandos na consola. Tudo foi trabalhado no sentido de simplificar. 

Espaçoso

Não é que seja de pasmar o espaço na mala. Mas tudo é muito fácil de arrumar. Além do piso do porta-bagagens estar em linha com a entrada do mesmo, aproveita o espaço entre as cavas das rodas para oferecer uma superfície bem direitinha — o que sobrou foi aproveitado em pequenos compartimentos laterais de arrumação. E se de repente o que estivermos a transportar for pesado e demasiado comprido para fechar a mala? Basta tocar numa pequena alavanca, colocada na parede da bagageira, e assistir ao cair dos bancos traseiros, um a um.

Robusto

Não tendo existido nenhum corte radical com o modelo original, várias mudanças no exterior influenciam muito a forma como o CX-5 se apresenta: mais robusto e com vários elementos a remeterem para a desportividade do modelo. É o caso da inclusão da nova grelha da marca: trapezoidal como a anterior, mas agora atravessada longitudinalmente por cinco barras cromadas que combinam com os embelezadores dos faróis de nevoeiro.

FICHA TÉCNICA

Mecânica

Cilindrada: 2191cc 
Potência: 150cv @ 4500rpm
Binário: 380 Nm @ 1800- 2600rpm
Cilindros: 4 (em linha)
Válvulas: 16
Alimentação: Gasóleo, injecção indirecta por rampa comum; turbo de geometria varável; intercooler
Caixa: Manual de 6 velocidades
Suspensão: à frente, independente tipo McPherson com molas helicoidais; atrás, paralelograma deformável e molas helicoidais
Direcção: Pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica
Diâmetro de viragem: 11,7 metros entre paredes
Travões: Discos ventilados à frente; discos atrás

EQUIPAMENTO

Segurança

ABS: Sim
Controlo Dinâmico de Estabilidade: Sim
Sistema de Controlo de Tracção: Sim
Assistência à Travagem de Emergência: Sim
Distribuição Electrónica da Força de Travagem: Sim
Smart City Brake Support: Sim
Duplo Airbag: Sim
Airbag Cortina: Sim
Airbag Lateral: Sim
Aux. Arranque em subida: Sim
Direcção Assistida: Sim
Imobilizador: Sim
Sistema de monitorização da pressão pneus: Sim
Assistente ângulo morto: Sim
Aux. Faixa rodagem: Sim

Vida a bordo

Chave Inteligente (sistema sem chave): Sim
Fecho Centralizado de Portas: Sim
Sistema de arranque inteligente: Sim
Travão mão Eléctrico: Sim
Vidros Eléctricos: Sim, dianteiros e traseiros
Volante revestido a pele: Sim
Retrovisores reg. Eléctricos: Sim
Retrovisores rebatíveis Eléctricos: Sim
Ar Condicionado: Sim, automático
Luzes máximos adaptativos: Sim
Auto-Rádio AM/FM: Sim
Bancos dianteiros aquecidos: Sim
Sistema de Audio Premium Bose: Sim
Câmara estacionamento traseiro: Sim
Computador de bordo: Sim
Leitor de CD: Sim
Cruise Control: Sim
Faróis de Nevoeiro: Sim
Human Machine Interface: Sim
Jantes de Liga Leve: Sim, 19’’
Luzes Diurnas: Sim, em LED
Faróis Led: Sim Start&Stop: Sim
Sensor de Chuva: Sim
Sensor de Luminosidade: Sim
Sensor de estacionamento: Sim, dianteiro e traseiro

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