Fugas - Motores

Nuno Ferreira Santos

"All road" topo de gama da Peugeot alarga horizontes com versão diesel

Por Carla B. Ribeiro

Manteve o H a seguir ao RX, mas engana-se quem assume que a letra é de híbrido. A Peugeot aproveitou um momento de restyling e dotou o 508 RXH também de um bloco a gasóleo BlueHDi.

Quando, em 2012, a Peugeot apresentou o RXH ao mercado fê-lo para aproveitar a fatia cada vez maior de clientes que cobiçavam um veículo com características polivalentes e capacidades todo-o-terreno sem que prescindissem de determinados confortos e luxos. Não satisfeita, juntou àqueles predicados ambições ecológicas e de eficiência, aproveitando a experiência com o 3008 HYbrid4, o primeiro híbrido a diesel de produção em série do mundo. 

Os resultados foram positivos: com uma potência combinada de 200cv, a versão híbrida do RXH atinge uma velocidade máxima de 213 km/h, com um consumo médio calculado pela marca nos 4,0 l/100km e emissões de CO2 na ordem dos 104 g/km. Mas, claro, o melhor dos mundos tem sempre o reverso da medalha. Neste caso, as baterias que, arrumadas sob o fundo da mala, roubavam não só espaço para acomodar bagagem como aboliam a existência de um pneu sobressalente. E se, num carro destinado ao asfalto, a falha ainda pode ser perdoável, num veículo com tracção integral e ambições off-road, ainda que tímidas, o facto pode ser descrito no mínimo como inusitado.

Daí que o RXH servido pelo motor exclusivamente a combustão 2.0 BlueHDi de 180cv não seja apenas o mesmo carro com um novo motor. Revela-se um veículo totalmente distinto. A começar pelo facto de ter abandonado a tracção integral, apresentando-se com tracção dianteira, o que se deve à exclusão do motor eléctrico que serve o eixo traseiro do híbrido. Mas a perda deu origem a outros ganhos. O espaço ocupado pelas baterias no híbrido arruma um pneu, o piso da bagageira tornou-se mais regular e o espaço cresceu substancialmente: enquanto o híbrido arruma 400 litros, o BlueHDi consegue acomodar até 512 litros. Além disso, o porta-bagagem é de fácil acesso e, no caso da viatura ensaiada pela Fugas, beneficiava de portão eléctrico — um opcional que, em conjunto com a rede de separação da bagageira, inflaciona o preço do carro em 600€.

É de sublinhar que, ao contrário de outras viaturas do mesmo segmento, os opcionais incluídos no carro que conduzimos são mesmo opcionais. Isto é, acrescentam beleza ou qualidade de vida, mas não interferem em demasia no ADN do carro. Além do tal sistema motorizado da porta da mala, os opcionais do carro que ensaiámos limitavam-se a pintura metalizada nacarada (700€), alarme perimétrico e volumétrico (330€), faróis Full LED com lava-faróis e assistente automático de máximos (1000€) e ar condicionado automático quadrizona (320€). Já a lista do equipamento de série pode ser considerada digna de um carro que custa sem nenhum extra 47.180€. O acesso e ligação são mãos-livres, apresenta jantes em liga leve de 18” Archipel, bancos em meio couro (eléctricos e aquecidos), câmara de visão traseira com ajuda ao estacionamento dianteiro e traseiro, cruise control, faróis diurnos em LED, Head-Up Display, sistema de navegação (com Peugeot Connect Box), retrovisores exteriores rebatíveis electricamente e retrovisor interior electrocromático, sistema de vigilância do ângulo morto, tecto panorâmico em vidro, ecrã táctil de 7”, Bluetooth e entrada USB, travão de estacionamento eléctrico, vidros laterais traseiros escurecidos. No caso do BlueHDi refira-se que o painel de instrumentos e a consola central são idênticos à gama 508.

Mas as diferenças não se encontram apenas sob o capot ou dentro do porta-bagagens, sendo facilmente detectáveis numa primeira abordagem pelo exterior. Afinal de contas, o RXH não poderia ficar alheio a toda a renovação da gama 508. No caso da viatura ensaiada, a frente era ainda marcada pela assinatura luminosa totalmente em LED e a maior altura do carro em relação à SW em que se baseia é potenciada pelas luzes diurnas, encaixadas em três linhas verticais nos dois cantos do pára-choques — um pormenor que a Peugeot diz ter por objectivo lembrar as garras de um leão e do qual, nesta renovação, não abdicou.

Sentemo-nos então ao volante. A primeira alteração que salta à vista é a inclusão de um ecrã táctil de sete polegadas, onde podemos visualizar as imagens da nova câmara traseira. Assim que se acciona o motor (botão do lado esquerdo do volante), um pequenino painel preto coloca-se diante dos nossos olhos. O head-up displayapresenta informações e orientações legíveis, sendo a sua posição regulável (é preciso é encontrar os controlos, escondidos numa “gaveta” por baixo do travão eléctrico).

O arranque não é o mais suave. O peso sente-se a puxar a traseira, o que destoa com uma direcção que, em determinadas situações, nos parece demasiado leve. Facto que se corrige ao optar pelo modo Sport (um pequeno botão colocado junto à manete da EAT6). A caixa automática de seis relações, desenvolvida pela nipónica Aisin para o grupo PSA, sofre pequenos solavancos sobretudo no arranque, altura em que se sente as quase duas toneladas de carro que temos nas mãos. Mas os mesmos desaparecem assim que se começa a sentir o motor a desenvolver e, em velocidade cruzeiro, transmite serenidade na condução. Na cidade, para colmatar esta falha é sempre possível accionar o modo manual de engrenagem, na manete ou nas patilhas colocadas atrás do volante. Com o 2.0 BlueHDi 180cv a Peugeot afirma atingir-se os 220 km/h de velocidade máxima e garante uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 8,9s (mais 0,1s que a versão híbrida). No que diz respeito a consumos, a marca adianta uns comedidos 4,6 l/100km, mas não nos foi fácil cumprir tal número, tendo registado médias mais em torno dos sete litros.

BARÓMETRO

+ Equipamento de série, conforto em viagem, qualidade de materiais, habitabilidade, Start&Stop com bom desempenho

- Pequenos solavancos da caixa automática, direcção demasiado leve

PORMENORES

Aprimorado

O 508 RXH não deixa créditos por mãos alheias e faz jus ao título de veículo premium, tanto no equipamento de série proposto como nos materiais utilizados ou nos acabamentos que primam pela boa qualidade. Todo o painel da break BlueHDI é distinto do RXH Hybrid4, tendo adoptado a linha de desenho da restante gama a combustão que prima pelo fácil manuseamento das diferentes funcionalidades propostas e por uma estética sóbria. A destoar, porém, os apontamentos em PVC, quer no friso do tablier quer nas portas ou na consola central, que adopta um esquema cromático vermelho/preto em degradé. 

Fluida q.b.

O bloco BlueHDI é gerido por uma transmissão automática de seis relações, a Efficient Automatic Transmission (EAT6) produzida pela Aisin, conhecida por fabricar caixas automáticas de qualidade. E esta não é excepção. Não obstante os soluços iniciais, sobretudo nas primeiras vezes em que se conduz, as passagens de caixa são fluidas o suficiente, muito por conta da tecnologia Quick Shift, para que não se considere trocá-la por uma manual. Até porque, tanto recorrendo à manete como às patilhas bem colocadas atrás do volante, é possível fazer uma gestão da mesma mais personalizada.

Concentração

A lâmina negra só aparece depois de accionado o motor e consegue o feito de quase nunca se ter de tirar os olhos da estrada, beneficiando a concentração do condutor. O head-up display apresenta informações e orientações legíveis, sendo a sua posição regulável — os controlos podem ser encontrados num compartimento fechado abaixo do travão eléctrico e do botão de ignição. Também de regulação eléctrica, os bancos dianteiros oferecem conforto e, para quem segue aos comandos, é extremamente fácil encontrar uma boa posição de condução. 

Arrumação 

Uma das falhas da versão híbrida do RXH é o facto de o sistema eléctrico interferir no espaço disponível no porta-bagagens que serve também para arrumar as baterias. No caso do carro com bloco diesel esta questão não se coloca. Assim, não só inclui pneu sobressalente como o espaço de arrumação cresceu 127 litros, atingindo os 512 litros. Além disso, a mala é de fácil acesso e, no caso da viatura ensaiada, beneficiava de portão eléctrico — um opcional que, em conjunto com a rede de separação da bagageira, custa 600€.

FICHA TÉCNICA*

Mecânica

Cilindrada: 1997cc

Potência: 180cv @ 3750rpm

Binário: 400 Nm @ 2000rpm

Cilindros: 4 (em linha)

Válvulas: 16

Alimentação: Gasóleo, injecção indirecta por rampa comum; turbo de geometria varável; intercooler

Caixa: Automática de 6 velocidades

Suspensão: à frente, independente tipo McPherson com molas helicoidais; atrás, paralelograma deformável e molas helicoidais

Direcção: Pinhão e cremalheira, com assistência electro-hidráulica

Diâmetro de viragem: 12,3 metros entre paredes

Travões: Discos ventilados à frente; discos atrás

Dimensões

Comprimento: 4828mm

Largura: 1864mm

Altura: 1525mm

Distância entre eixos: 2817mm

Peso: 1792kg

Pneus: 245/45 R 18 (roda sobresselente de série)

Capac. depósito: 70 litros

Capac. mala: 512 litros

Prestações

Veloc. máx.: 220 km/h

Aceleração 0-100 km/h: 8,9s

Cons. misto: 4,6 litros/100 km

Emissões CO2: 119 g/km 

Nível de emissões: Euro 6

Preço: 47.180€ (viatura ensaiada, 50.130€)
* Dados do construtor

EQUIPAMENTO

Segurança

ABS: Sim, com repartidor electrónico da travagem

Controlo electrónico estab.: Sim

Controlo de tracção: Sim, inteligente

Airbags dianteiros: Sim (do passageiro com sistema de desactivação por chave)

Airbags laterais: Sim

Airbags de cortina: Sim

Aux. arranque em subida: Sim

Aux. travagem emergência: Sim

Aux. ângulo morto: Sim

Isofix: Sim, atrás

Aviso de colocação de cinto: Sim

Cintos com pré-tensores: Sim


Vida a bordo

Vidros eléctricos: Sim, anti-entalamento

Fecho central: Sim

Comando à distância: Sim

Acesso de mãos livres e arranque por botão: Sim

Direcção assistida: Sim

Retrovisores de reg. eléctrica: Sim

Retrovisores rebatíveis electr.: Sim

Volante regulável: Sim, altura e profundidade

Volante multifunções: Sim

Comandos de rádio e telefone no volante: Sim

Bluetooth e USB: Sim

Ar condicionado: Sim, automático (Opção, quadrizona)

Bancos dianteiros ajustáveis em altura: Sim, electricamente

Apoio de braços dianteiro: Sim

Bancos traseiros rebatíveis: Sim

Reg./limitador de veloc.: Sim

Travão de estacionamento eléctrico: Sim

Função Start/Stop: Sim

Computador de bordo: Sim

Jantes em liga leve: Sim, 18’’

Alarme: Opção

Navegação por GPS: Sim

Sensores de luz e chuva: Sim

Sensores de estac.: Sim

Câmara traseira, Sim

Tecto panorâmico: Sim 

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