Uma carrinha tem, por excelência, uma função familiar. É espaçosa para arrumar as cadeiras das crianças, tem força para levar as bicicletas no tejadilho, tem mala para transportar a bagagem de uma família. E esta Peugeot 308 SW GT não desarma e apresenta todas as qualidades exigíveis a uma viatura do seu segmento. Só que alia a estas uma veia desportiva que parece passar o tempo a piscar-nos o olho para que esqueçamos a família e aceleremos sozinhos.
Com as mesmas dimensões e habitabilidade das outras versões da carrinha 308, esta bem mais musculada versão pode ser servida por um propulsor turbodiesel de 1997cc e 180cv, acoplado a uma caixa automática de conversor de par com seis relações, ou com um apetecível bloco sobrealimentado a gasolina de 1598cc, com turbo de injecção directa e 205cv, pelo qual nos deixámos levar durante uns dias.
Verdade seja dita. Com a função Sport desactivada (esta pode accionar-se num pequeno botão cromado localizado na consola central), a carrinha GT mais parece um gatinho: ágil e rápido, mas suave e dengoso. Quando se pressiona o pequeno botão tudo se altera. Até o painel de instrumentos que passa a dar-nos informação detalhada sobre a potência usada e disponível como a pressão da sobrealimentação, a potência e o binário máximo em cada momento, bem como a aceleração longitudinal e transversal.
Enfim, de um gato passamos a ter um leão para domesticar. Continua a esgueirar-se como um gato quando assim lhe é pedido, mas o rugido não o deixa passar tão despercebido quanto a sua personalidade de gato. E mesmo para quem segue dentro da viatura, há uma transformação que não passa despercebida: a assistência da direcção torna-se mais dura, a reacção do acelerador mais sensível e a cor das indicações dos painéis de instrumentos passam de branco a vermelho, apresentando dados de condução desportiva,
Assim, o ronco do motor é audível quanto baste para exibir os 205cv trancados no bloco de 1.6 litros. E não faz só barulho. Com um binário máximo de 285 Nm disponível ainda antes das 2000rpm, acelera dos 0 aos 100km/h em 7,6s (apenas mais um segundo que a carroçaria de cinco portas com menos 115 quilos) e atinge uma velocidade máxima de 235 km/h.
Note-se, porém, que mesmo abusando do acelerador, a SW 308 GT parece decidida a não deitar por terra a sua fama de poupada. Além de cumprir a norma de emissões Euro 6, a marca avança com um consumo médio de 5,8 litros por cada cem quilómetros, o que, não sendo um registo fácil de cumprir, também não fica muito aquém da realidade – conseguimos médias, com muita condução urbana e alguma estrada, na ordem dos 8,0 litros.
Em relação aos 308 “normais”, este GT tem uma menor distância ao solo (7mm à frente, 10mm atrás), pára-choques específicos, duas saídas de escape trapezoidais (uma em cada lado), um difusor preto lacado atrás, piscas em LED que se acendem em sequência no sentido da mudança de direcção e uma cor exclusiva, Magnetic Blue. Por dentro, para além da qualidade premium dos materiais utilizados e do cuidado nos acabamentos, referência para o forro a negro do tecto, pedais em alumínio e pespontos vermelhos nos estofos desportivos em couro/alcantara.