Hoje, com uma apertada concorrência em todos os segmentos, já não há carros maus. Há, sim, veículos apontados a diversos tipos de condutores, para satisfazer necessidades ou desejos específicos. No segmento C, o dos pequenos familiares, onde o Citroën C4 se insere, a concorrência é forte e qualificada. Por isso, para sobreviver num mar com tantos tubarões, os veículos têm de apresentar argumentos fortes em termos de preço, equipamento e mecânica. É o caso deste C4 1.6 BlueHDi 120 Shine.
Como é prática habitual, o veículo que nos foi facultado para ensaios tinha o nível superior de equipamento, Shine, podendo o Citroën C4 com este motor 1.6 de 120cv a gasóleo ser adquirido por 26.108€ no nível Feel. Mas, apesar de o equipamento de série do Feel já ser bastante razoável, o recheio adicional oferecido compensa amplamente os 2300€ de diferença para o Shine. Mais ou menos bem equipado, os preços são transparentes: não é necessário recorrer à lista de opções para se ter um veículo pronto a conduzir.
É que, como a concorrência é grande, a oferta é muita: este C4 1.6 BlueHDi 120 Shine traz de série (entre várias outras coisas) sensores de luz e de chuva, de estacionamento traseiro e dianteiro com aviso sonoro e imagem no ecrã táctil, aviso de ângulo morto, arranque por botão e acesso mãos livres, ecrã táctil multifunções de 7’’, faróis de halogéneo com assinatura e luzes de dia em LED, de nevoeiro com iluminação em curva, retrovisores rebatíveis electricamente, climatizador bizona, sistema áudio CD RDS MP3 com tomadas USB e jack, kit mãos-livres Bluetooth, vidros e óculo traseiros escurecidos.
Como opcionais, apenas a inevitável pintura metalizada (425€, um estratagema usado por todos os fabricantes para aumentar a margem de lucro) e um muito útil e acessível sistema de navegação (400€). Isto é, um carro bem equipado pelo preço anunciado. E a honestidade da oferta não se fica por aqui: sob a ampla mala com 408 litros de volume (1183 litros com a segunda fila de bancos rebatidos) esconde-se uma roda sobresselente e não a “esperteza” de um kit de reparação de pneus (uma lamentável moda). É por tudo isto que dizemos que este veículo não é nenhuma estrela de cinema, mas uma proposta sólida e honesta. Pode não suscitar paixões arrebatadoras, mas, à medida que nos vamos familiarizando com ele, descobrimos-lhe as qualidades que o tornam um seguro, funcional e bem equipado veículo apropriado para transportar famílias.
E o que é válido para o equipamento também se aplica à mecânica: o motor 1.6 BlueHDi de 120cv, que já cumpre a norma de emissões Euro 6, é uma evolução do anterior bloco de 1560cv. Acoplado a uma caixa manual de seis velocidades, é razoavelmente económico: num percurso variado que incluiu condução urbana com alguns engarrafamentos e sem grandes preocupações de economia obtivemos uma média de 5,9 l/100km. Com este motor, o carro tem um comportamento adequado ao que ele é: um veículo para famílias que proporciona uma condução tranquila e confortável, com estabilidade em curva q.b. e com potência suficiente para não ser necessário recorrer com frequência à caixa de mudanças. Na boa tradição francesa, a suspensão, sem comprometer a estabilidade do veículo, é macia, proporcionando viagens confortáveis para todos os cinco ocupantes.
