Os jornalistas presentes em Frankfurt puderam ver o novo Prius, sentar-se no interior, mas a marca japonesa não revelou quais os motores, gasolina e eléctrico, que irão formar o sistema híbrido do carro.
Claro que ainda há tempo – a quarta geração do Prius será lançada em Portugal em Fevereiro de 2016, juntamente com o Rav4 Hybrid –, mas à pergunta colocada pelos jornalistas presentes numa conferência de imprensa na véspera da abertura e à margem do Salão de Frankfurt, os responsáveis da fabricante nipónica responderam o óbvio: “O novo Prius será melhor que o actual."
Ainda assim acrescentaram que o novo sistema híbrido será 18% mais eficiente que o conhecido. Sabendo-se que a média de consumos e emissões do Prius III é, respectivamente, 3,9 l/100km e 90 g/km de CO2, teríamos 3,2 l/100km e 74 g/km de CO2, números que se aproximam dos apresentados por um veículo plug-in. Só que estes têm uma autonomia média de 50km em modo 100% eléctrico, o que permite uma utilização diária sem consumo de combustíveis fósseis – o actual Prius só pode circular 2km em modo 100% eléctrico, embora ofereça a comodidade de a bateria não precisar de ser carregada (carrega-se com o motor e a recuperação de energia em travagens e descidas).
No entanto, embora carecendo de confirmação, é quase certo que o sistema de propulsão do Prius IV será uma versão melhorada do actual motor 1.8 a gasolina (os responsáveis da Toyota revelaram que o rendimento térmico do motor de combustão será de 40%, um valor de referência e superior aos 38,5% do Prius actual) e também que a bateria será de hidreto metálico de níquel, mais compacta e mais eficiente que a existente.
E, embora sem quantificar, os responsáveis da Toyota declararam que o novo Prius terá “melhorias significativas em termos de economia de combustível em auto-estrada”, onde o actual Prius não é tão eficiente.
Aceleração mais suave, melhor resposta, com transmissão mais refinada, maior estabilidade, maior segurança e menor ruído a velocidades elevadas são outras qualidades atribuídas à nova geração do modelo. Estes atributos dinâmicos também derivam da utilização em estreia da nova plataforma denominada de Nova Arquitectura Global da Toyota (TNGA), que irá ser aplicada em outros futuros veículos.
A capacidade da mala aumenta graças ao menor tamanho da bateria e a uma nova suspensão traseira que não rouba espaço à bagageira. Em termos de segurança, o novo Prius disporá de cruise control e uma nova função de detecção de peões para o sistema de segurança de pré-colisão.
No breve contacto que tivemos com o veículo exibido no Salão de Frankfurt, pudemos verificar nítidas melhorias no visual – o carro está mais elegante e dinâmico; a superior qualidade dos materiais e acabamentos no habitáculo; e um painel de instrumentos de fácil visualização e manejo, com a alavanca do selector de velocidades da caixa automática das dimensões e formato de um joystick de uma consola de jogos, numa posição central perto do volante. O aspecto menos conseguido é a visão para trás através do óculo traseiro, que, tal como no Prius III, continua a ser cortada pelo aileron traseiro situado a meio.
Entrevista: Johan Van Zyl (CEO)
Toyota aposta na tecnologia híbrida
Na Europa o diesel predomina nos pequenos familiares e segmentos superiores. Qual é a estratégia da Toyota, que aposta na tecnologia híbrida, para combater esse domínio?
A tecnologia híbrida é ambientalmente muito menos agressiva que o diesel. Em termos de consumos e emissões, os nossos híbridos são mais económicos que os nossos carros a gasóleo e o preço de aquisição do híbrido é inferior, considerando equipamento e potência. As vendas de híbridos ainda são inferiores ao diesel, mas estão em crescendo e com as directivas europeias cada vez mais apertadas em termos de impacte ambiental, penalizando o gasóleo, pensamos que no futuro os híbridos irão ter mais preponderância. Ainda temos motores a gasóleo porque o mercado o exige, mas a nossa aposta é a tecnologia híbrida.
A Toyota foi pioneira com o Prius Plug-in, com 30km de autonomia em modo 100% eléctrico. Sabendo-se da estreita colaboração entre a Toyota e a Panasonic, um dos líderes mundiais no fabrico de baterias, por que se ficou por este único veículo, quando outras marcas já têm híbridos plug-in com 50km de autonomia? E qual a posição da marca sobre os veículos 100% eléctricos?
Temos todas essas tecnologias, mas é tudo uma questão de mercado. Estamos preparados para produzir carros 100% eléctricos, mas achamos que a ocasião ainda não é a ideal. Do mesmo modo, o que outros fazem em termos de híbridos plug-in também estamos aptos a fazer, só que a Toyota é um fabricante generalista e, por isso, quando introduz novas tecnologias elas têm que ter custos acessíveis para a sua faixa de clientes.
E no caso da Lexus, uma marca premium de carros de luxo e desportivos, em que o impacto do custo adicional da tecnologia plug-in no preço final dos carros não seria tão relevante. Por que não a produção de veículos plug-in a par dos híbridos convencionais já existentes?
É outra vez uma questão de mercado. As vendas de veículos plug-in não estão a evoluir tão favoravelmente como se previa. Além disso, através de estudos, concluímos que as pessoas muitas vezes compram veículos plug-in mas depois não se dão ao trabalho de carregar a bateria, utilizando-os como viaturas com motor de combustão interna convencional. Nessas circunstâncias, os nossos híbridos, que não precisam de carregar a bateria numa fonte externa, têm custos de operação inferiores. No entanto, mais uma vez, se necessário estamos preparados para os fabricar.