Os SUV e crossovers estão na moda e a Fiat não podia ficar atrás. Mas, com uma concorrência grande e qualificada, havia que reunir argumentos para criar uma aposta credível. Começou por um nome, 500, cuja reputação supera a do fabricante italiano, adicionando-lhe um X para indicar que é um crossover. Juntou-lhe um motor com provas dadas em dezenas de veículos, o 1.3 Multijet diesel na versão de 95cv, razoável equipamento de série e um preço abaixo dos 20.000€. Resultado: o competitivo Fiat 500X.
Note-se, porém, que o preço de 19.900€ do Fiat 500X 1.3 Multijet S&S de 95cv com o nível de equipamento Lounge inclui um desconto de 1750€ válido apenas até ao final do ano, parte de uma promoção que inclui ainda cinco anos de garantia. Assim, o preço-base é 21.650€.
O veículo que nos disponibilizaram trazia ainda os seguintes extras: jantes de liga leve de 18’’ (400€), pintura (500€), sensores de estacionamento traseiro (250€) e o Pack Comfort Plus (900€, inclui apoio de braços deslizante, ar condicionado automático bizona, regulação lombar eléctrica, rádio NAV Uconnect, chave inteligente e bússola), o que elevou o preço final para 21.950€. Destes opcionais, são muito recomendáveis o Pack Comfort Plus e os sensores de estacionamento traseiro. Já as jantes de liga leve de 18’’ e os pneus mais largos, em vez das jantes de 17’’ de série, só têm uma função estética e penalizam os consumos. O que se justificaria seria a inclusão no equipamento de série de uma roda sobresselente em vez do questionável kit de “reparação” de pneus que está sob o fundo da mala.
O Fiat 500X, que partilha a plataforma e algum equipamento e mecânica com o Jeep Renegade, apesar de não ter muito que ver com o pequeno citadino que lhe deu origem, não envergonha o seu progenitor. Mas não é um citadino e sim um crossover com 4248mm de comprimento, 1796mm de largura e 1600mm de altura. Tem duas linhas estilísticas: City, mais apropriada para o asfalto, e Cross, com algumas características para poder circular fora de estrada em terrenos de baixa e média dificuldade.
O veículo que conduzimos tinha a linha City com o nível de entrada, Pop Star. O conhecido motor 1.3 Multijet a gasóleo, na variante de 95cv, acoplado a uma caixa manual de cinco velocidades, suave e de fácil manuseio, é adequado para deslocar os 1395kg do 500X. Não se esperem, porém, performances estonteantes ou conduções desportivas. Este é um carro para transportar famílias cuja principal qualidade é a economia nos consumos: em cerca de 300km num percurso misto que até incluiu um troço de montanha obtivemos uma muito razoável média de 5,0 l/100km. E se não exigirmos dele o que não pode dar, o 500X com este propulsor propicia uma condução certinha e equilibrada, sem grandes rasgos mas também sem provocar dores de cabeça, com reacção adequada nos arranques, recuperações e ultrapassagens.
Mesmo no nível de entrada, o 500X traz de série um selector de condução com três modos: Auto (o que funciona por defeito), Sport (desportivo) e All-Terrain (para piso escorregadio por chuva, lama ou neve). Conduzimos essencialmente no modo Auto e experimentámos o modo Sport, não tendo notado grandes diferenças em relação ao modo Auto.
Os grandes trunfos deste crossover da Fiat são, porém, a relação entre o preço, o espaço disponível e o equipamento de série. O habitáculo é espaçoso, cabendo lá dentro à vontade quatro pessoas com mais de 1,80m. Já o lugar do meio atrás é menos cómodo, até pelo túnel central da transmissão que obriga a separar os pés. Mas isso é o normal em veículos com cinco lugares e, nesse aspecto, o Fiat 500X está longe de ser dos piores. A bagageira tem 350 litros de capacidade (mil litros com a segunda fila de bancos rebatida).
Onde se nota os genes do “pai” 500 é nas linhas exteriores, em especial na frente: o 500X é uma espécie de Fiat 500 que foi engordado e esticado. Essa ancestralidade também se evidencia no design do tablier e da consola e na instrumentação.
Os materiais utilizados no habitáculo, não sendo premium (veículos deste tipo com acabamentos premium custam muito mais), são macios e agradáveis ao tacto, nomeadamente no tablier e na consola. No que se refere à posição de condução e visibilidade, o 500X não faz discriminações, ela é boa e fácil de obter, independentemente do tamanho do condutor.
Mesmo no nível Pop Star, o nível de equipamento é bastante aceitável. Nos testes de segurança efectuados pelo Euro NCAP em 2015, o Fiat 500X obteve 4 estrelas num máximo de 5: com 86% na protecção dos ocupantes, 85% nas crianças, 74% nos peões e 64% nos dispositivos auxiliares de segurança, ele cumpre bem o exigível nos três primeiros parâmetros, respectivamente, 80%, 75% e 65%, mas fica aquém dos 70% requeridos para os dispositivos auxiliares de segurança.
No que se refere ao conforto e vida a bordo, o nível Pop Star oferece de série, entre outras coisas, volante desportivo em pele com comandos regulável em altura e profundidade, rádio Uconnect com ecrã táctil de 5’’, banco do pendura rebatível como mesa, vidros e retrovisores eléctricos, ar condicionado, regulador/limitador de velocidade, travão de mão eléctrico, auxílio ao arranque em subida, faróis de nevoeiro com iluminação em curva ou sensor da pressão dos pneus.
Face a isto e ao equipamento opcional disponível, como sensores de luz e de chuva, câmara de estacionamento traseira, aviso de transposição de faixa, etc., consideramos que valeria a pena gastar 1150€ dos 1750€ de desconto nos úteis sensores de estacionamento traseiro e no Pack Comfort Plus que equipavam a viatura que conduzimos. Pois é, lá se vai a barreira dos 20.000€, mas também não podemos querer sol na eira e chuva no nabal. Mesmo assim, o Fiat 500X continua com um preço muito concorrencial.