Seat Ibiza Cupra
Mais confortável, mais potente e com caixa manual
O renovado Seat Ibiza, cujas vendas se iniciaram no final deste Verão, vai dispor em Janeiro de 2016 de uma versão desportiva, Cupra, que apresenta algumas modificações importantes face ao actual Ibiza Cupra: o motor 1.4 a gasolina de 180cv é substituído por um propulsor 1.8 a gasolina de 192cv; tem um só turbocompressor em vez de turbocompressor e compressor volumétrico e a caixa DSG de dupla embraiagem e sete relações passa a ser manual de seis velocidades. O preço-base baixa para 22.961€.
Com este preço, o desportivo compacto com três portas e cinco lugares é uma referência entre veículos de dimensões e potências similares: mesmo o seu “irmão”, Volkswagen Polo GTI, que partilha chassis e mecânica com o Ibiza Cupra e, na versão com caixa manual (continua a dispor da caixa DSG), tem performances, consumos e emissões semelhantes, custa mais.
Os responsáveis da Seat, embora reconhecendo os pontos em comum entre Ibiza Cupra e Polo GTI, fazem questão de frisar que há diferenças na afinação entre os dois veículos. Um dos pontos é o Perfil de Condução Cupra com nova suspensão hidráulica e dois modos de condução, Comfort (mais suave que a do Cupra anterior, para uma condução mais repousada e confortável) e Sport (mais dura que a conhecida, quando se exige mais do carro). Em ambos os casos, o bloqueio electrónico do diferencial XDS confere ao Seat Ibiza Cupra equilíbrio e agilidade, em especial em trajectos sinuosos.
O motor do Ibiza Cupra (o mesmo do Polo GTI), apesar de maior que o anterior, é muito leve (133,4kg) e mais refinado tecnologicamente, tendo potência superior, melhores performances e redução nos consumos e emissões. Mas, mais que os 12cv de aumento de potência, a maior diferença está no binário máximo — em vez dos anteriores 250 Nm, é agora de 320 Nm, disponíveis logo às 1450 rpm e até às 4200 rpm. Isso significa que a potência do motor está disponível praticamente desde o arranque.
A outra mudança em relação ao antecessor, a substituição da eficiente caixa automática DSG de dupla embraiagem e sete relações por uma caixa manual de seis velocidades, parece ser uma regressão, mas os responsáveis da Seat argumentam que a caixa manual proporciona uma condução mais desportiva. O mesmo é válido para o travão de mão manual em vez de um travão electrónico que não permite certas “brincadeiras”.
No exterior, o Seat Ibiza Cupra de 2016 não apresenta muitas diferenças face à versão de 2013. Realcem-se, no entanto, as novas jantes específicas de 17’’, o sistema AFS (Active Front Lighting - Iluminação Dianteira Activa) com faróis bixénon, faróis de nevoeiro com iluminação em curva, bem como as luzes de dia e farolins traseiros em LED. De série é também o tecto de abrir eléctrico.
No interior, as diferenças são mais marcantes, em linha com as outras versões da gama Ibiza, há melhoria de qualidade e da introdução de novos equipamentos e tecnologia, nomeadamente em termos de conectividade, com o sistema MirrorLink, que permite transpor para o ecrã táctil do sistema de infoentretenimento as funções e aplicativos de um smartphone emparelhado (incluindo sistema de navegação), através da aplicação Seat ConnectApp ou o novo programa de conectividade Full Link, que também incorpora as funções dos sistemas operativos Android e iOS. O equipamento de série, bastante completo, inclui ainda sensores de luz, de chuva e de estacionamento traseiro, cruise control, climatizador, alarme, detector de fadiga, controlo de pressão dos pneus, auxílio ao arranque em subida, vidros traseiros escurecidos e, claro, o toque desportivo Cupra, nos bancos, pedais em alumínio e diversas inserções específicas, etc. Sublinhe-se a honestidade de incluir no equipamento uma roda sobresselente.
Em suma, em vez de um anjinho, porque não optar por um diabinho como presente de Natal? É que, assim como há anjos maus, também há bons diabos e este Seat Ibiza Cupra, com a tecnologia e o conhecimento do grupo Volkswagen, tem uma boa relação nível de equipamento/preço. Um desportivo compacto que alia as qualidades de um confortável utilitário com desempenhos que o tornam muito divertido de conduzir.
Aliás, na apresentação internacional, os jornalistas presentes tiveram oportunidade de o conduzir por um troço de estrada sinuoso de 6,5 km fechado ao trânsito, onde puderam ceder às tentações deste pequeno “mafarrico” e apreciar a facilidade de condução e a estabilidade em curva, sem risco de incorrerem na “fúria do Senhor”, isto é, da polícia de trânsito.
FICHA TÉCNICA*
Motor: 1798cc, 4 cil., 16 válv.
Potência: 192cv às 4300-6200 rpm
Binário: 320 Nm às 1450 rpm
Transmissão: 235 km/h
Aceleração 0 a 100 km/h: 6,7s
Consumo médio: 6,0 l/100km
Combustível: Gasolina
Emissões de CO2: 139 g/km
Norma de emissões: Euro 6
Preço: 22.961€
*Dados do construtor
Mercedes-AMG A45 4Matic
Menino mal comportado
A versão superdesportiva do classe A foi a que teve alterações mais profundas na recente renovação do compacto da Mercedes-Benz. Na sua apresentação em Setembro, em Dresden, Alemanha, conduzimos, em estrada e em circuito, dois AMG A 45 4Matic, um branco e outro vermelho, com o pacote opcional AMG Dynamic Plus. Este, aos quatro modos de condução “normal” (assim, entre aspas, que este carro é tudo menos normal) do Dynamic Drive de série, acrescenta um quinto, Race, para uso em pista.
Mesmo sem o pacote AMG Dynamic Plus (2700€), que se justifica se se quiser participar nos track days (quando as pistas se abrem a particulares que querem testar os seus dotes de condução), os modos Comfort, Sport, Sport+ e Individual (afinação do carro ao gosto do condutor) do Dynamic Drive (uma novidade) permitem uma abordagem que varia conforme a disposição ou a ocasião, desde uma ida às compras ou uma viagem mais ou menos repousada com a família até uma condução mais exigente em sinuosas estradas de montanha, graças, entre muitas outras coisas, à tracção integral 4Matic.
Os felizes condutores alemães ainda têm uma opção adicional: andar prego a fundo nos troços das auto-estradas alemãs onde não há limite de velocidade. Tivemos a oportunidade e o privilégio de o poder fazer e verificámos que, se não fosse o corte do motor a 250 km/h, o carro dava bem mais e que se atinge os 200 km/h num piscar de olhos. E o que é mais importante: sempre com uma enorme sensação de segurança e de equilíbrio do carro.
Agora pudemos experimentá-lo nas estradas portuguesas. E se em percursos sinuosos de montanha, nos modos Sport ou Sport +, este pequeno e potente superdesportivo mostra o que vale, sentimos alguma frustração ao conduzi-lo em auto-estrada: é que, mesmo só com o pé a acariciar o acelerador, num ápice se chega aos 150 km/h, a velocidade de cruzeiro desta máquina preparada pela AMG, a divisão desportiva da Mercedes-Benz. E então só há duas opções: ou se tira completamente o pé ou se tiram da carteira os euros correspondentes à multa por excesso de velocidade. Parafraseando o filme dos irmãos Coen: “Este país não é para carros desportivos”…
Com estes lamentos, justifica-se a pergunta: “Então vale a pena adquirir um veículo com estas características?” Sim, três vezes sim! Desde que haja dinheiro, é uma boa prenda de Natal para quem se tiver comportado bem durante o ano (e também para os mal comportados): é divertidíssimo de conduzir e a rede viária portuguesa não se resume a auto-estradas, há muito mais opções para fazer algumas brincadeiras.
O Mercedes-AMG A 45 4Matic só tem dois contras: o preço (60.200€, não incluindo os quase obrigatórios extras) e os consumos, que nunca baixam dos dois dígitos. Apesar do cuidado que tivemos para não rechear os cofres do Estado, fizemos uma média de 10,5 l/100 km (embora com alguma condução em montanha). A verdade é que quem tem dinheiro e vontade para adquirir um carro destes também não estará muito preocupado com os gastos em combustível.
O carro que agora conduzimos tinha um discreto tom cinzento. Aliás, numa ocasião, no lusco-fusco, ao accionar o comando à distância para destrancar o carro, estranhámos não haver reacção e só depois reparámos que o carro estava estacionado um pouco mais adiante — o automóvel para que apontámos inicialmente era outro, um A180 novo exactamente com a mesma cor. Claro que numa visão mais atenta se evidenciam os pormenores diferenciadores, como as grandes pinças vermelhas dos travões de disco ou os dois escapes inseridos no difusor traseiro.
Sob o visual discreto que lhe é conferido pela pintura cinzenta (em vermelho ou em branco dá mais nas vistas…), esconde-se o desportivo compacto mais potente à venda no mercado português: 381cv e 475 Nm de binário máximo, que possibilitam uma aceleração dos 0 aos 100km/h em apenas 4,2s. O bloco de 1991cc é o mesmo da versão de 2013, mas foi modificado e, mantendo consumos e emissões, aumentou o desempenho (que já era estonteante) graças a mais 21cv de potência e 25 Nm de binário. A suspensão também foi melhorada. Se se pisar o acelerador com suavidade, o carro responde de acordo; uma pressão mais firme e as costas colam ao banco instantaneamente. De qualquer modo, não é daqueles desportivos que são só para pilotos — uma pessoa normal descobre potencialidades inesperadas graças à tracção integral, ao equilíbrio do chassis e aos auxílios à condução ao seu dispor.
Há carros que, como certas pessoas, tentam parecer mais do que aquilo que são. Este AMG A45 4Matic, em particular com pintura em cinzento, é como aqueles muito ricos que evitam ostentar a sua riqueza.
FICHA TÉCNICA*
Motor: 1991cc, 4 cil., 16 válv.
Potência: 381cv às 6000 rpm
Binário: 475 Nm às 2250-5000 rpm
Transmissão: Automática desportiva com 7 relações
Tracção: Integral
Veloc. máxima: 250 km/h**
Aceleração 0 a 100 km/h: 4,2s
Consumo médio: 6,9 l/100km
Combustível: Gasolina
Emissões de CO2: 162 g/km
Norma de emissões: Euro 6
Preço: 60.200€ (veículo ensaiado, 68.050€)**
*Dados do construtor
**Velocidade limitada electronicamente
