Fugas - Motores

Mini Clubman, uma espécie de carrinha

Por João Palma

O Mini é como um camaleão: mantendo a identidade, apresenta mil caras. A carrinha Clubman é uma das facetas funcionais e familiares.

Mais que um carro, o Mini é como uma ementa de restaurante: o cliente quer um veículo poupadinho? Sirva-se o One D. Quer um potente desportivo? Sai um Mini John Cooper Works. Uma versão descapotável? Um Mini Cabrio. Um pequeno SUV? O Mini Countryman. Um crossover? O Mini Paceman. Mais espaço e mais lugares? O Mini de cinco portas e cinco lugares. Uma carrinha? Eis o Mini Clubman.

Tendo já provado todos os “pratos” da lista, desta vez optámos pela nova geração da carrinha Clubman. Com três motorizações a gasolina, de 102cv a 192cv, e três a gasóleo, de 116cv a 190cv, conduzimos a versão diesel intermédia, o Clubman Cooper D, com motor de 1499cc de 150cv e caixa manual de seis velocidades.

Os mais puristas podem torcer o nariz a este Mini em versão carrinha, com 4,25m de comprimento, cinco lugares e uma mala com 360 litros, mas para quem gosta do Mini e tenha uma família este é um bom compromisso: o habitáculo é espaçoso e mesmo quem se senta atrás ao meio, até pela ausência de túnel de transmissão central, não fica constrangido. O Mini Clubman está construído sobre a plataforma UKL2, a mesma do BMW série 2 Active Tourer, mas é um carro radicalmente diferente, com o ADN dos outros Mini — um Mini que também é uma carrinha e não uma carrinha que também é Mini. O acesso ao interior é fácil através das quatro portas laterais e o acesso à mala é feito por dois portões de abertura lateral, o que, se esteticamente é diferenciador, requer um certo espaço atrás para os abrir.

Com este motor 2.0 de 150cv (o mesmo do BMW 318d, mas com 150cv em vez de 143cv), este Clubman continua a transmitir o go-kart feeling (sensação de facilidade e de prazer de condução típica de um kart) tão característico dos Mini, adicionando-lhe funcionalidade e habitabilidade. Com três modos de condução, Sport, Mid e Green, tanto pode mostrar uma veia desportiva como um cariz de economia de condução. No entanto, não se distingue pela contenção de consumos — mesmo utilizando o modo Green, num percurso variado com 250km, obtivemos uma média de 6,1 l/100km. Revelando as suas duas caras, tanto se pode optar pelo menu Driving Excitement, realçando a desportividade, em que no ecrã central se apresenta a potência e o binário utilizado no momento, como o Minimalist (com três itens: Aceleração, Previsão e Mudança de Velocidade), em que o condutor pode ganhar até 5 estrelas em cada um destes factores com uma condução racional.

As acelerações e recuperações são boas e basta premir um pouco mais o acelerador para se fazerem ultrapassagens com facilidade. Apesar das suas maiores dimensões, este Clubman mantém as qualidades de estabilidade e facilidade, mormente em curva, típicas dos outros Mini. A caixa manual é precisa, de relações curtas e com as mudanças bem definidas. O único senão, que se mantém nesta caixa e não sofreu melhoras, é alguma dificuldade em engrenar a marcha-atrás — é preciso usar força para a meter. É fácil obter uma boa posição de condução e a visibilidade também é boa.

O maior inconveniente deste Mini Clubman Cooper D é o preço: 30.900€. Mas os opcionais do veículo que conduzimos faziam com que o custo final atingisse os 38.290€. Até porque o actual Mini sempre foi um carro do segmento premium e, na linha deste tipo de veículos, muitos dos opcionais que deveriam vir incluídos no equipamento de série têm de ser pagos à parte. No entanto, mesmo com todos estes apesares, há pormenores deliciosos: abra-se as portas dianteiras para ver aparecer o logótipo da Mini projectado no chão. E este é só um exemplo entre muitos.

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