Fugas - Motores

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Um familiar compacto económico com muito de premium

Por Carla B. Ribeiro

Acamentos de qualidade, tecnologia de ponta. Tudo no Mégane revela vontade de competir com os premium. E com o bloco 1.6 dCi de 130cv consegue aliar tudo isso a economia.

Há uns anos, as marcas premium surpreenderam ao iniciarem uma aventura pelos carros compactos, chegando assim a clientes que até então só podiam sonhar com um veículo daqueles emblemas. A luta parecia desigual face às marcas generalistas. Mas, agora, são estas a declararem guerra aos premium, ao tornarem os seus carros mais populares em objectos de desejo, equipando-os com elementos que até aqui não eram sequer tidos em conta nos segmentos mais baixos.

O último exemplo disto é o Renault Mégane, o familiar compacto do segmento C da marca gaulesa que, ao longo de três gerações, vendeu mais de 6,5 milhões de carros em todo o mundo, tendo por vários anos liderado a tabela das vendas em Portugal. Nesta quarta geração, o Mégane continua a apresentar-se como um pequeno familiar, mas revela, tanto por fora como por dentro, sinais de que pretende oferecer o mesmo que os premium. 

A começar desde logo por uma nova assinatura luminosa: à frente em forma de “C” com tecnologia LED com guia de luz e efeito 3D — nas versões superiores estão disponíveis faróis LED integral; atrás, também com luzes LED, que estão permanentemente acesas, desenha-se uma linha horizontal. 

No caso da versão ensaiada, com nível de equipamento GT Line, o Mégane atira-se para um patamar superior quer ao nível da qualidade dos materiais e acabamentos (olhe-se para onde se olhar, não há nada colocado ao acaso) quer ao nível da oferta tecnológica. Exemplos disso são os vidros laterais traseiros sobreescurecidos, ar condicionado automático bizona, a inclusão do sistema Renault Multi-Sense, que permite personalizar a condução ou um head-up display, cuja posição pode ser controlada através do ecrã táctil de 7’’ onde se pode encontrar todo o sistema R-Link 2, com navegação e ligação à Internet.

Também as ajudas à condução disponíveis são mais próprias de um segmento superior. Caso do regulador de velocidade adaptativo (ACC), muito útil em viagens e, no caso, muito fácil de usar, com os botões de regulação no volante. Basicamente, é possível colocar o carro a uma velocidade estável, como acontece com um comum cruise control, mas com a vantagem dos sensores conseguirem manter uma distância certinha do veículo que segue à nossa frente, mesmo que para isso tenha de diminuir a velocidade determinada por nós. É verdade que este sistema é ainda mais eficaz quando associado a uma caixa automática, o que permite não ter de engrenar uma relação abaixo quando o carro da frente diminui substancialmente a velocidade. É que de cada vez que isso acontece, o regulador é automaticamente desactivado. Ainda assim, um botão de memória permite regressar rapidamente aos mesmos parâmetros. Além deste sistema, o carro oferecia travagem activa de emergência (AEBS), alerta de transposição involuntária de via (LDW), alerta de distância de segurança (DW), alerta de excesso de velocidade com reconhecimento dos sinais de trânsito (OSP com TSR) e aviso de ângulo morto (BSW).

Ao nível do conforto, cinco pessoas conseguem viajar sem grandes apertos, embora o passageiro do meio no banco traseiro seja penalizado, sobretudo no espaço para as pernas. Os bancos dianteiros garantem uma boa posição de viagem e um amplo apoio, tirando proveito das laterais bem saídas. Além disso, são de fácil regulação, o que, associado a um volante regulável tanto em altura como profundidade, potencia a facilidade de qualquer um encontrar uma posição de condução conveniente. Para arrumar carteira, telemóvel, entre tantas outras “tralhas” que carregamos, há buraquinhos pensados para quase tudo. E até descobrimos um pequeno espaço, bem junto ao travão eléctrico, com o tamanho ideal para ser carregado com moedas para as portagens. Na mala, há 384 litros para ocupar com bagagem, sendo possível rebater os bancos em 60/40 — nesta configuração há espaço para 1247 litros. 

No meio de tanta novidade, há coisas que resistem. E, no caso do Mégane, a Renault manteve as bem-sucedidas motorizações como este 1.6 diesel de 130cv. Não se tratando do bloco a gasóleo mais silencioso, cumpre amplamente o que lhe é proposto a cada passo e de cada vez que é preciso ou ultrapassar ou fugir a um obstáculo, o 1.6 dCi não falha. Nem sequer se mostra perturbado. Facto que se deve a uma potência de 130cv associada a um binário máximo de 320 Nm disponível abaixo das 2000rpm, assim como à bem escalonada caixa manual de seis velocidades (que não prima, porém, pela suavidade). No que surpreende é nos consumos. Da última vez que tínhamos saído com este bloco, na altura num Mégane Coupé, não tínhamos conseguido marcar menos de seis litros. Desta vez, colocámos a fasquia nos 4,7 l/100 km, tirando proveito do Multi-Sense em modo Eco. Caso para considerar que este é um carro a ter debaixo de olho.

PORMENORES

Fraca visibilidade
É provavelmente o ponto fraco que mais salta à vista assim que nos sentamos ao volante — o vidro cortado da traseira é aliciante do ponto de vista estético, mas acaba por se revelar um inimigo da visibilidade traseira. Sobretudo quando o banco traseiro segue ocupado. 

Iluminado
 importância das luzes desenvolve-se também no interior do habitáculo, com a tecnologia Multi-Sense a criar cinco ambientes de luz associados aos cinco modos de condução: verde para uma condução económica, azul para uma confortável, a amarela acciona o modo neutro, vermelha para um rolar mais dinâmico e desportivo (e também mais gastador...) e violeta quando se personaliza.

Musculado
Visualmente, as diferenças são notórias face à geração anterior. A começar pelas dimensões: está mais comprido, mais baixo e mais largo, algo que lhe transmite mais músculo. A sublinhar isso mesmo, as luzes LED na traseira, permanentemente acesas, desenham uma linha horizontal

FICHA TÉCNICA

Mecânica

Cilindrada: 1598cc
Potência: 130cv às 4000rpm
Binário: 320 Nm às 1750rpm
Cilindros: 4, em linha
Válvulas: 16
Alimentação: Gasóleo, injecção directa por rampa comum com admissão variável. Turbo de
geometria variável. Intercooler
Tracção: Dianteira
Caixa: Manual, 6 velocidades
Direcção: Pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica
Diâmetro de viragem: 11,8m entre paredes
Travões: Discos ventilados à frente; discos , atrás

Dimensões
Comprimento: 4359mm
Largura: 1814mm
Altura: 1447mm
Distância entre eixos: 2669mm
Peso: 1318kg
Pneus: 205/55 R17
Capac. depósito: 47 litros
Capac. mala: 384 litros

Prestações
Veloc. máx.: 198 km/h
Aceleração 0-100 km/h: 10,0s
Cons. misto: 4,0 l/100 km
Emissões CO2: 103 g/km
Nível de emissões: Euro 6

Preço
29.850€ (viatura ensaiada,
31.330€). Entre o equipamento extra, Pack Safety (650€), com regulador de velocidade adaptativo, sistema de travagem de emergência activa e alerta de distância de segurança activa; pintura metalizada vermelho flamme (610€); e travão de estacionamento assistido (220€)
*Dados do construtor

BARÓMETRO 

+ Equipamento, tecnologias, design, conforto, economia de consumos
- Visibilidade traseira, ruído do motor, caixa pouco suave

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