Há uns anos, as marcas premium surpreenderam ao iniciarem uma aventura pelos carros compactos, chegando assim a clientes que até então só podiam sonhar com um veículo daqueles emblemas. A luta parecia desigual face às marcas generalistas. Mas, agora, são estas a declararem guerra aos premium, ao tornarem os seus carros mais populares em objectos de desejo, equipando-os com elementos que até aqui não eram sequer tidos em conta nos segmentos mais baixos.
O último exemplo disto é o Renault Mégane, o familiar compacto do segmento C da marca gaulesa que, ao longo de três gerações, vendeu mais de 6,5 milhões de carros em todo o mundo, tendo por vários anos liderado a tabela das vendas em Portugal. Nesta quarta geração, o Mégane continua a apresentar-se como um pequeno familiar, mas revela, tanto por fora como por dentro, sinais de que pretende oferecer o mesmo que os premium.
A começar desde logo por uma nova assinatura luminosa: à frente em forma de “C” com tecnologia LED com guia de luz e efeito 3D — nas versões superiores estão disponíveis faróis LED integral; atrás, também com luzes LED, que estão permanentemente acesas, desenha-se uma linha horizontal.
No caso da versão ensaiada, com nível de equipamento GT Line, o Mégane atira-se para um patamar superior quer ao nível da qualidade dos materiais e acabamentos (olhe-se para onde se olhar, não há nada colocado ao acaso) quer ao nível da oferta tecnológica. Exemplos disso são os vidros laterais traseiros sobreescurecidos, ar condicionado automático bizona, a inclusão do sistema Renault Multi-Sense, que permite personalizar a condução ou um head-up display, cuja posição pode ser controlada através do ecrã táctil de 7’’ onde se pode encontrar todo o sistema R-Link 2, com navegação e ligação à Internet.
Também as ajudas à condução disponíveis são mais próprias de um segmento superior. Caso do regulador de velocidade adaptativo (ACC), muito útil em viagens e, no caso, muito fácil de usar, com os botões de regulação no volante. Basicamente, é possível colocar o carro a uma velocidade estável, como acontece com um comum cruise control, mas com a vantagem dos sensores conseguirem manter uma distância certinha do veículo que segue à nossa frente, mesmo que para isso tenha de diminuir a velocidade determinada por nós. É verdade que este sistema é ainda mais eficaz quando associado a uma caixa automática, o que permite não ter de engrenar uma relação abaixo quando o carro da frente diminui substancialmente a velocidade. É que de cada vez que isso acontece, o regulador é automaticamente desactivado. Ainda assim, um botão de memória permite regressar rapidamente aos mesmos parâmetros. Além deste sistema, o carro oferecia travagem activa de emergência (AEBS), alerta de transposição involuntária de via (LDW), alerta de distância de segurança (DW), alerta de excesso de velocidade com reconhecimento dos sinais de trânsito (OSP com TSR) e aviso de ângulo morto (BSW).
Ao nível do conforto, cinco pessoas conseguem viajar sem grandes apertos, embora o passageiro do meio no banco traseiro seja penalizado, sobretudo no espaço para as pernas. Os bancos dianteiros garantem uma boa posição de viagem e um amplo apoio, tirando proveito das laterais bem saídas. Além disso, são de fácil regulação, o que, associado a um volante regulável tanto em altura como profundidade, potencia a facilidade de qualquer um encontrar uma posição de condução conveniente. Para arrumar carteira, telemóvel, entre tantas outras “tralhas” que carregamos, há buraquinhos pensados para quase tudo. E até descobrimos um pequeno espaço, bem junto ao travão eléctrico, com o tamanho ideal para ser carregado com moedas para as portagens. Na mala, há 384 litros para ocupar com bagagem, sendo possível rebater os bancos em 60/40 — nesta configuração há espaço para 1247 litros.