Fugas - Motores

Mégane TCe 205 GT, agilidade e potência concentradas

Por Carla B. RIbeiro

O topo de gama do Mégane é um desportivo a sério que não deixa de ser funcional.

Se o dCi 130cv é uma escolha acertada para quem gosta de acelerar de forma segura e tranquila, sem gastar muito, o GT TCe 205 posiciona-se no sentido oposto. Continua a acelerar e a segurança mantém-se, mas a tranquilidade é substituída pelo nervosismo típico de um desportivo e no que toca a consumos o melhor é nem olhar para os indicadores — é que é difícil não sucumbir à tentação de acelerar só mais um bocadinho. 

O motor 1.6 sobrealimentado debita 205cv e promete ir dos 0 aos 100 km/h em 7,1 segundos, revelando surpreendentes recuperações sobretudo quando se tira partido do binário máximo de 280 Nm. Só por aqui se vê que não se trata de um RS, com cifras sempre mais impressionantes, mas também menos apto para o dia-a-dia do que este GT. É que a versão mais potente do novo Mégane comporta-se como um desportivo à séria sem que limite a condução a um modo eternamente agressivo. Pelo contrário: é fácil dar-lhe um uso quotidiano e transformá-lo num carro para toda a família.

Face à geração anterior, o GT tem menos potência, mas em compensação adoptou o bloco 1.6, deixando de lado o 2.0 litros, permitindo maior rapidez nas respostas, assim como melhores desempenhos em baixos regimes. O resultado é um carro divertido, capaz de um comportamento entusiasmante, e ainda assim funcional. Não se espere, porém, o soar de um gatinho manso assim que se acciona o botão de ignição. É notória, desde logo, a vontade da Renault em dar nas vistas logo pela musicalidade do motor. 

Depois, há outros pontos em que o Mégane GT se destaca, como no sistema de quatro rodas direccionais. Designado de 4Control, e anunciado como uma estreia absoluta no segmento, o sistema eleva a condução a um outro nível, sobretudo quando se tem pela frente estradas sinuosas. E é nestas onde ele se sente peixe na água, ao mesmo tempo que as rodas do eixo traseiro respondem certeiramente de acordo com o tipo de curva que temos pela frente e a velocidade a que seguimos. Se seguimos abaixo dos 60 km/h, as rodas traseiras giram ligeiramente no sentido contrário das rodas dianteiras, corrigindo a trajectória. Se a velocidade aumenta, e temos pela frente uma curva rápida, e até apertada, então as rodas traseiras apontam no sentido de direcção que escolhemos, parecendo desenhar a linha perfeita.

O sistema não se revela útil apenas em estrada aberta. Em cidade, o carro mostra-se extremamente ágil e fácil de guiar, com uma direcção não só precisa como pouco cansativa e que torna o estacionamento, apoiado por sensores e câmara, muito fácil.

O Mégane GT está exclusivamente disponível com a caixa automática EDC de dupla embraiagem, podendo gerir seis ou sete relações, dependendo do modo de condução escolhida no sistema Multi-Sense (Eco, Comfort, Neutral, Sport e Perso), sendo possível ainda accionar o modo desportivo através do botão RS Drive, localizado na consola central. Não sendo consensual, a escolha da caixa automática para um carro desportivo, a EDC não decepciona, revelando-se suficientemente reactiva para animar a condução.

Visualmente, o GT distingue-se da restante gama pela grelha dianteira em favo de mel, por decorações específicas dos guarda-lamas, inscrições da marca e da versão à frente e atrás e pelas jantes exclusivas Magny Cours, com a gravação GT trabalhada na parte diamantada de cada jante. No interior, sobressai a utilização de um ecrã tipo tablet, a ocupar a zona central do tablier e no qual se pode gerir todos os sistemas do carro. 

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