Fugas - Motores

O “monstro” foi domesticado

Por Carla B. Ribeiro

O grande SUV da Volvo volta a brilhar com o bloco D4 de 190cv. Verdade que está mais lento, mas também ao alcance de mais bolsas.

Quando o Volvo XC90 foi lançado no ano passado com o bloco D5 e uma potência equivalente a 225cv, além de tracção integral, um dos seus maiores defeitos era o preço. Não porque estivesse inflaccionado face às suas qualidades, mas porque estava desfasado em relação à maioria das carteiras. 

A adopção do D4, um bloco turbodiesel de 2.0 litros mas com menos potência (190cv), na versão tracção dianteira, vem corrigir a falha sem retirar os atributos pelos quais o XC90 consegue convencer: segurança e tecnologia. 

Aliás, o conjunto destes dois argumentos conseguiu a proeza de o carro ter obtido 100% nos dispositivos auxiliares de segurança quando avaliado pelo organismo independente Euro NCAP (na protecção dos ocupantes adultos, o Euro NCAP atribuiu 97%; na das crianças, 87%; e na dos peões, 72%). Um trunfo que vem corroborar o objectivo da marca para 2020: “Nenhum morto ou mesmo um ferido grave dentro dos seus carros.”

No espaço e no conforto, o carro mantém também os atributos positivos. Com a possibilidade de montar sete lugares, no interior do seu habitáculo sentimo-nos como em casa, os assentos destacam-se pela qualidade dos materiais e todo o ambiente remete para uma sensação de luxo. Há pequenos espaços para arrumar os objectos do dia-a-dia (telemóvel, carteira, chaves, etc.) e a mala, mesmo com os dois lugares na terceira fila montados, revela uma aceitável capacidade de bagagem (314 litros com 7 lugares, 692 litros com 2 filas de assentos e 1868 litros só com os bancos dianteiros).

Para o condutor, que beneficia de uma excelente posição, tudo neste veículo se revela fácil. Com uma panóplia de sistemas de segurança a apoiá-lo, tudo se organiza, de acordo com as suas vontades, mas com o mínimo da sua interferência. Tirando proveito das câmaras à volta de todo o carro e de uma tropa de sensores, bem distribuídos e estrategicamente colocados, a viatura detecta sem a nossa ajuda a presença do que quer que seja na estrada: peões, animais, ciclistas, outros automóveis. E reage em consonância. À noite, a iluminação está estudada para que se consiga ter um raio alargado de alcance sem prejudicar a condução dos outros.

Posto isto, este carro parece em tudo igual ao já testado D5 de 225cv. Mas não. Com menos 35cv e tracção dianteira, as mais de duas toneladas fazem-se sentir a cada aceleradela, mesmo dispondo de um binário máximo de 400 Nm entre as 1750 e as 2500 rotações por minuto. Sobretudo num modo de condução Eco (o Volvo Drive Mode engloba ainda os modos Comfort, Offroad e Dynamic), em que o carro privilegia os consumos e as emissões em deterioramento dos desempenhos. Não é por isso que deixa de cumprir uma aceleração mais poderosa quando lhe é solicitado e não há ultrapassagem que cause temor. Sobretudo quando accionado o modo Dynamic.

Os mais puristas não deixarão de referir que um SUV deste porte tem que ter obrigatoriamente tracção integral. No entanto, a verdade é que esta não é devidamente utilizada nem necessária a maioria do tempo. E quando se coloca na equação o facto de este carro ser classe 1 nas portagens com Via Verde então tudo começa a ficar um pouco mais claro. E racional. 

Mas o que torna este carro verdadeiramente melhor que o D5 é a sua capacidade de se mostrar mais democrático: no preço e nos consumos. Em relação ao último a poupança dá para comprar outro carro. São menos 22.000 euros entre o modelo Inscription do D5 e o Momentum do D4 (extras excluídos).

Já os consumos anunciados conseguem ser mais poupados em meio litro por cada cem quilómetros. E daquilo que experimentámos conseguimos perceber que o D4 é mesmo mais económico. Embora na prática ainda tenhamos ficado distantes das médias oficiais (5,2 l/100km), conseguindo valores em torno dos oito litros, registámos menos dois litros que com a versão mais potente.

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