O gestor do projecto do Mercedes GLC, o alemão Michael Christof não sabe aonde a estrada vai dar, mas já olhou com atenção para o caminho percorrido. E a conclusão é que a apetência do mercado por SUV, carros mais altos, com melhor visibilidade, com ares de aventura e algumas pretensões - quase sempre só pretensões – de todo-o-terreno não foi nenhuma moda passageira. Aliás este é actualmente o segmento do comércio automóvel a crescer com mais expressão. E hoje vemos SUV, a circularem ou ainda em projecto, fabricados pelas marcas que consideraríamos as mais improváveis de aparecerem neste campeonato, como a Jaguar, a Alfa Romeo, a Seat, e muitas outras.
Michael Christof recorda as discussões no interior da Mercedes em 2008 e 2009, acerca de até onde chegaria a moda dos SUV, e assume que ninguém antecipou que em 2016 este tipo de veículos representaria 25% das vendas para a marca alemã, ainda mais conhecida pelas limusinas.
Mas quem está no nível premium, como a Mercedes, está obrigado a submeter-se, num simultâneo paradoxal, a duas forças que parecem divergentes: produzir o que a maioria procura; e oferecer produtos diferenciados e exclusivos.
Se a declinação, já concretizada, de modelos como o Classe C e o Classe E em SUV (os GLC e GLE) responde à primeira exigência, a criação dos GLE Coupé e agora do GLC Coupé decorre evidentemente da segunda.
Com comercialização prevista para Setembro, o GLC Coupé deverá surgir, segundo a marca, com um preço 4300€ mais elevado do que o GLC, cujos preços arrancam nos 56.850€, para o 250d 4Matic, o motor mais interessante para o mercado nacional. O que reservaria ao GLC Coupé 250d um preço de 61.150€. A Mercedes garante que estas contas nem serão rigorosas, já que o GLC Coupé oferecerá, de série, alguns equipamentos que são extra no GLC.
À partida, poderíamos sentirmo-nos tentados a perguntar se alguém sentirá necessidade de um SUV com perfil desportivo. O sucesso do BMW X4 garante que sim e que, no mercado, cabem nichos mais amplos do que outros. Uma coisa é certa: não é fácil encontrar alguém que se diga indiferente à estética do GLC Coupé e sobretudo que não tenha gostado de o conduzir.
Com traços vindos do estirador do designer Stefan Handt há já cinco anos, o GLC Coupé é quase oito centímetros mais longo do que o GLC, para compensar a perda de altura (de quase quatro centímetros, ditada pelo ângulo inferior formado pelo pilar C e pela linha de cintura do carro) da secção traseira. Por Stefan Handt, que se empenhou em acrescentar linhas desportivas ao carro, a redução da altura atrás seria ainda mais acentuada e o comprimento do GLC Coupé seria um tudo nada inferior: mas há “compromissos, os malvados compromissos”, que implicam ter em atenção o conforto dos passageiros do banco traseiro (bem conseguido) e a capacidade da mala (aceitáveis 491 litros).
No interior, muito semelhante ao do GLE, destacam-se as generosas aplicações em madeira escura, com textura e nervuras de toque muito agradável (e à prova de dedadas, ainda por cima) e a qualidade geral da montagem e da generalidade dos materiais. O GLC Coupé está bem insonorizado, a posição ideal de condução é fácil de descobrir e memorizar, a direcção foi alterada face ao GLC para se oferecer ainda mais directa – ainda que pudesse ser um tudo nada mais comunicativa.
O GLC vem equipado de série com tracção integral 4MATIC, caixa automática de nove velocidades (9G-TRONIC) e jantes de 18’’, bem adaptadas às dimensões e altura do carro que nunca compromete uma condução mais viva. Não há margem no GLC Coupé para aquele adornar que compromete a segurança, ou pelo menos a confiança, na entrada e saída de algumas curvas. O menu do GLC Coupé oferece nada mais do que três tipos de suspensão: além da desportiva de série, podemos optar pela Dynamic Body Control, que aumenta o leque de parâmetros reguláveis ou pela Air Body Control que, como o nome sugere, é completamente pneumática e auto-ajusta-se à condução. Por sua vez, o Dynamic Select, de série, permite comutar cinco tipos de condução (Eco, Comfort, Sport, Sport+ e Individual) que alteram por exemplo a resposta da caixa, suspensão, direcção e acelerador. No caso do 250d, de 2143 cv, a Mercedes anuncia uma aceleração de 0 a 100km em 7,6s, um consumo misto de 5 a 5,4 l/100km.
Há mais sete motorizações a gasóleo e a gasolina, mas não consta aqui o 2.0d que equipa o novo Classe E, por ainda ser incompatível com a base deste GLC Coupé. No final do ano, o nível de entrada será o 200d de 136 cavalos, de tracção traseira. O facto de já ser classe 1 nas portagens será outro trunfo importante.
E, como não podia deixar de ser, a gama GLC Coupé também inclui um híbrido plug-in, com um total de 320 cavalos e uma autonomia em modo exclusivamente eléctrico de 34 km.
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