Fugas - Motores

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Pequeno no tamanho, grande em tudo o resto

Por Carla B. Ribeiro

O Mini serve muito bem de paradigma de como o tamanho não importa. Sobretudo no caso deste John Cooper Works Cabrio que, com 231cv num bloco biturbo a gasolina de 2.0 litros, depressa se transforma num gigante. De diversão!

Não há volta a dar. Pode não ser o mais prático dos automóveis, não ter o espaço necessário para levar passageiros no banco de trás — duas crianças vão espremidas, e quando a família já se multiplicou este é um detalhe de peso — nem sequer ser o supra-sumo do conforto. Mas assim que lhe pomos olhos e mãos em cima não há como não nos rendermos.

Este John Cooper Works é quase o mais potente e divertido carro da família Mini de sempre. Quase porque a versão ensaiada foi o Cabrio, com prestações ligeiramente inferiores à de tejadilho rígido que acusa menos cerca de cem quilos. Ainda assim, com 231cv desejosos de provar o que valem, o carrinho voa dos 0 aos 100 km/h em 6,6 segundos, atingindo uma velocidade máxima de 242 km/h, assegura a marca. Tal também é conseguido pela boa exploração do propulsor de 2.0 litros biturbo a gasolina, já conhecido do Cooper S, mas que no topo de gama da Mini surge com mais potência (o S tem “apenas” 192cv) e binário (320 Nm, disponíveis entre as 1250 e as 4800 rotações por minuto).

Apoiado numa nova plataforma, este JCW está ligeiramente maior que o modelo que substitui, com 3874mm de comprimento, 1727mm de largura e 1414mm de altura, mas continua a exibir todas as qualidades que fazem com que a sua condução seja puro divertimento, assemelhando-se mais a um brinquedo do que propriamente a um automóvel de função utilitária. E isso não é muito difícil de testar. Até porque o carro presta-se a todo o género de brincadeiras sem acusar nem cansaço nem receio de uma lomba mais exposta ou de um buraco que não vimos a tempo de nos desviarmos. E isso, num veículo destas dimensões e com uma suspensão de características rígidas, consegue surpreender: parece que o carro se molda à estrada, tão depressa se colando a ela como uma lapa como para a seguir realizar o que mais parecem voos rasantes. A este aspecto não será alheia a inclusão do opcional controlo dinâmico do amortecimento — 500 euros que podem fazer uma enorme diferença.

Claro que nem tudo são rosas, e o tremelicar do óculo traseiro ou até a fricção sentida na capota faz questionar se o modelo de capota rígida não será preferível ao Cabrio. Mas depois há a outra parte do divertimento: baixar a capota (eléctrica, recolhe em apenas 18’’) e tirar partido do bom tempo. Sendo que, mesmo de cabelos ao vento, consegue-se uma viagem que prima pela agradabilidade — nota menos positiva vai para o facto de a visibilidade para trás ser prejudicada pela capota recolhida. Mas nada que não se compense com os retrovisores exteriores.

O Mini John Cooper Works Cabrio pode ser encomendado com caixa automática de oito velocidades e, mesmo tendo em conta todo o divertimento potenciado pela manual de seis relações que conduzimos, essa opção poderá revelar-se acertada: a velocidade máxima é inferior, mas com a transmissão automática atinge os 100 km/h em menos um décima de segundo e o consumo oficial cai dos 6,5 l/100km da caixa manual para os 5,9 litros. Claro que estes valores não passam de referências e têm por base uma condução optimizada e percursos e condições ideiais. Mesmo assim, pode-se considerar este valente Mini comedido no que come para aquilo que oferece: de brincadeira em brincadeira, fomos marcando entre oito e nove litros de média, valores que não chocam.

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