Fugas - Motores

Fábio Augusto

O que é automático também é bom

Por João Palma

Já tínhamos experimentado o Alfa Romeo Giulia com o motor 2.2 diesel de 180cv e caixa manual. Agora foi a vez de conduzirmos a versão com caixa automática. Os ganhos são evidentes em condução mas isso paga-se no aumento de consumo.

A Alfa Romeo nos últimos anos tem saído de um período de penumbra e têm sido evidentes os esforços para se aproximar em qualidade e performances das marcas premium. O novo Giulia, que já tínhamos experimentado com caixa manual, ganha em qualidade de condução com a caixa automática de conversor de binário com oito relações. Esta caixa é suave, de funcionamento irrepreensível, não ficando a perder, em termos de performance, face às melhores caixas automáticas de dupla embraiagem.

O único senão: os consumos reais, bastante longe dos anunciados. Num percurso com cerca de 350km, que incluiu trajectos urbanos, em estrada e auto-estrada, obtivemos uma média de 7,4 l/100km, bem longe dos 4,2 l/100km anunciados e mesmo dos 5,9 l/100km reais que obtivemos no ensaio com este mesmo Giulia com caixa manual. É verdade que o veículo era novo (os consumos tendem a baixar com algumas dezenas de milhares de quilómetros percorridos) e as jantes opcionais de 19’’, com pneus 225/40/19 à frente e 255/35/19 atrás, também contribuíram para o maior gasto de combustível, mas isso não justifica tudo.

Quer isto dizer que a caixa automática é uma opção a evitar? Muito pelo contrário. A caixa manual é dura e de difícil accionamento, a automática de conversor de binário responde de forma quase instantânea às solicitações, tornando a condução muito mais agradável e eficiente – vale bem o consumo extra e os 2200€ que custa.

Com a caixa automática, as qualidades e a dinâmica de condução desta berlina com espírito desportivo são postas em realce. O motor é algo ruidoso, em especial a baixas rotações, mas tem uma boa resposta e a suspensão específica Alfa Link, associada a uma tracção traseira e a uma direcção muito directa e de resposta rápida, fazem com que o Giulia seja muito equilibrado, preciso e seguro, algo que se nota especialmente em estradas sinuosas, em que se comporta melhor que muitos veículos de menores dimensões. Aliás, a resposta ao volante é tão rápida e directa que requer alguma habituação. Não que esta berlina desportiva seja uma besta que necessite de um piloto para a controlar – é só uma questão de adaptação à rapidez de resposta.

O veículo que conduzimos vinha equipado com grandes patilhas selectoras para uma condução manual. Elas estão posicionadas de tal modo que permitem um rápido e fácil manuseamento – o único senão é que, sendo grandes, tapam as alavancas dos piscas e das luzes, que se situam atrás delas, dificultando o seu accionamento.

O Alfa Romeo Giulia é um veículo que desperta sentimentos contraditórios. O visual exterior é dinâmico e elegante na melhor tradição estilística italiana, não ficando a dever nada ao dos dos modelos de marcas premium. Por dentro, porém, o design, sóbrio em excesso, desilude um pouco e não está à altura do exterior. Os estofos e forros são em pele e tecido com qualidade aceitável, os plásticos usados são macios ao toque, mas ainda falta algo em qualidade de materiais, acabamentos e aspecto interior para o Giulia se guindar ao ambicionado patamar superior.

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