O corpo molda-se à moto como mão em luva, com as pernas a encaixarem bem no depósito (18,8lts) sem ficarem muito abertas devido à estreita zona central, facto que facilita a chegada com os pés ao chão. Apesar de alta, o banco é regulável em altura em duas posições o que vai alterar a distância do banco ao solo em 20mm (870mm ou 850mm).
As distâncias entre o banco, poisa-pés e manetes do largo guiador são óptimas, o que torna a simbiose do corpo com a moto uma perfeição. Além do mais, os comandos usufruem de boas e acessíveis posições. Com uma posição de condução muito semelhante à original, tudo parece bastante equilibrado e natural. Até porque, parecendo duro, o banco é confortável. Já o quadro em aço dá-lhe uma óptima ciclística, compacta e confortável, com boas prestações em diferentes cenários e, em curva, não nos exige quaisquer preocupações.
Bem equipada ao nível das suspensões — na frente, uma forquilha Showa invertida de 45mm de diâmetro com um curso de 230mm; atrás, Showa com um curso de 220mm e com ajustes —, tira ainda proveito das rodas grandes (21’’, à frente; 18’’, atrás) para melhor ultrapassar obstáculos. Também na altura de travar, o sistema não deixa créditos por mãos alheias, com dois discos recortados de 310mm à frente com pinças de quatro êmbolos e atrás disco de 256mm com pinça de dois êmbolos.
Incrivelmente maneável em velocidades baixas e reveladora de um comportamento muito estável em regimes mais elevados, faltava-nos a prova dos nove. A serra de Aire foi o terreno escolhido para ver do que a CRF1000L é capaz fora do alcatrão. Afinal de contas, esta pode não ser a mais potente nem a mais veloz das maxitrails, mas é uma verdadeira moto de aventura que nos deverá levar a qualquer lado. E foi isso que aconteceu. Com segurança, confiança e conforto de corpo e espírito, chegámos ao topo da serra e à derradeira conclusão: a CRF1000L Africa Twin é de condução muito ágil na cidade, é boa para um longo e confortável passeio a dois ou até mesmo para nos aventurarmos numa viagem até ao fim do mundo.
Ainda assim, a responsabilidade de colocar a divisa Africa Twin na CRF1000L é grande. É que, se para a XRV Africa Twin se tornar a lenda das maxitrails foram precisos umas dezenas de anos, será necessário aguardar mais de uma década para se ter a certeza de que esta nova mota é digna de tal título.