Fugas - Motores

Portugueses preferem saudar, agradecer e cantar no automóvel

Por Carla B. Ribeiro

Gargalhar alto e bom som, chorar copiosamente, cantar como se no duche, discutir, trocar afectos. Tudo comportamentos comuns a todos os condutores. Um estudo CSA Research revela como passamos o tempo dentro do carro.

E se lhe disserem que, ao longo de toda a vida, irá passar um total de três anos e onze meses dentro de um automóvel? É muito tempo, mas alegre-se: a marca portuguesa é menor que a média europeia, fixada em quatro anos e um mês. Esta é apenas uma das conclusões de um estudo da CSA Research, encomendado pela Citroën.

A pesquisa As Nossas Vidas a Bordo dos Nossos Carros foi realizada em sete países da Europa (Alemanha, Espanha, França, Itália, Polónia, Portugal e Reino Unido), com a participação de 500 cidadãos em cada um, perfazendo um universo total de inquiridos de 3500. Desta amostra, a CSA concluiu que um europeu passa quase 23 mil horas ao volante e cerca de metade desse tempo dentro do veículo na condição de passageiro. Já o tempo passado com a família, ao longo de toda a vida, ascende a quase vinte mil horas, qualquer coisa como dois anos e um mês. Para os portugueses estes tempos são um pouco menores: dois anos e oito meses a conduzir (o que equivale a menos de 19 mil horas) e apenas um ano e sete meses (13.800 horas) como passageiro.

Depois de saber quanto tempo se passa dentro de um veículo, o estudo pretendeu analisar de que forma se gasta esse mesmo tempo. E a conclusão é bem simpática. É que cumprimentar alguém (desconhecidos incluídos), agradecer algum gesto de outros condutores e cantar constituem aquilo que os condutores mais fazem dentro do seu carro, quer a nível europeu quer a nível nacional. No último caso, os portugueses que conduzem cumprimentam, ao longo da sua existência, 6918 pessoas pelo caminho, sejam estes outros condutores ou transeuntes. No capítulo da amabilidade, mostraram-se agradecidos pelo “jeito” dos outros condutores umas 6596 vezes. Em terceiro lugar, chegam as cantorias: afina-se ou desafina-se em Portugal 5491 vezes.

Mas um carro, de acordo com este inquérito, é bem mais do que um mero meio de transporte. E, por isso, há quem se penteie, maquilhe e até barbeie — três comportamentos que se repetem 352 vezes ao longo da vida de um português. E quantas vezes não observámos alguém sossegadinho dentro de um carro? Poderia estar apenas a fazer tempo ou à espera de alguém. Ou a aproveitar o espaço como uma espécie de casulo onde aproveitava para recarregar baterias. É que o mesmo estudo diz que um português tem este comportamento uma média de 362 vezes ao longo da sua vida.

Outras funções do carro passam por servir de restaurante móvel e, a comprová-lo, os números indicam que um cidadão luso toma a sua refeição em 710 ocasiões diferentes naquele espaço. Já beber é muito mais comum: 1671 vezes e, ao contrário do que se poderia julgar, com poucas situações desastrosas: apenas 69. Nestas, o condutor poderá rir, como o faz 506 vezes, ou chorar compulsivamente (84 ao longo da vida, diz o estudo).

Os jogos em família ocorrem cerca de 35 vezes, mas as discussões são bem mais frequentes: 134. E a famosa pergunta do “Já chegámos?”: um português realiza-a 405 vezes.

O amor também habita o automóvel e, de acordo com os dados recolhidos, trocamos uma média de 3632 beijos, avançando para uma relação sexual 5,2 vezes. Curiosamente, este é o dado que revela maior disparidade entre os países incluídos no estudo: enquanto os italianos admitiram ter ao longo da vida uma média de oito relações sexuais no interior de um automóvel, no Reino Unido e em França apenas confessaram tê-lo feito duas ou três vezes.

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