Fugas - Motores

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O dia em que Fronteira não dorme

É essa a opinião de Rui Cardoso, jornalista que acalenta uma enorme paixão pelo todo-o-terreno e que enfrenta o traçado de Fronteira todos os anos desde a primeira edição: “A prova é decidida durante a noite; quem aguenta até às seis da manhã quase de certeza que chega até ao fim.” Assim, nem sempre vale de muito acelerar. Como acontece logo à partida que, ao mesmo tempo que entusiasma, assusta. “É preciso ter muito cuidado”, alerta Rui Cardoso, que partilhava os comandos de um Nissan Patrol GR com Armando Coelho, António Conchinha, João Pedro Santos e Márcio Rosado. “A pista está muito escorregadia”, acrescentaria a equipa totalmente feminina ao volante de um Suzuki Jimny Troféu que, num ano em que se estreava nestas lides, também viria a cruzar a meta.

Passados os minutos iniciais, porém, rapidamente se consegue observar os mais rápidos em pista, com o amontoado de carros a transformar-se numa fila que vai esticando. E esticando. Até haver três grupos distintos: os mais lestos, no pelotão da frente; os teimosos, que se mantêm no encalço dos primeiros; e os mais vagarosos, que optam por poupar o carro com o objectivo de fazer mesmo as 24 horas e que ao fim de pouco tempo têm um problema acrescido. Preocuparem-se com os primeiros que já estão colados às suas traseiras prontos para a ultrapassagem.

As horas vão passando e a multidão aumenta. Por toda a pista há gente apostada em apoiar os pilotos, mas também carros atascados do público — um facto que, à noite, com a fraca visibilidade, se transforma noutro problema para quem está a correr. É que, os farolins dos carros atascados, tanto à esquerda como à direita do trilho, acabam por dificultar a leitura do terreno numa zona muito rápida: "Uma vez saí da pista para um enorme lamaçal onde os espectadores estavam atascados porque parecia que a pista era por ali", recorda Rui Cardoso. Enquanto isso, junto às boxes não faltam movimentações. Das mais técnicas às mais mundanas: afinal, também há que comer e descansar ao longo destas duras 24 horas. Por isso, além da equipa técnica, há sempre amigos e familiares presentes que se vão ocupando dos petiscos (um churrasco nas traseiras da boxe? Porque não?) e das mais variadas técnicas para manter um espírito caloroso: pode passar por uma salamandra improvisada ou por colunas a debitarem música de festa e que põem toda a gente a dançar. Isto enquanto as viaturas se mantêm a correr. Porque o reboque parece estar em serviço contínuo e a qualquer momento pode entrar o carro pela boxe dentro. Nessa altura, assiste-se a uma dinâmica totalmente diferente. É que há constantemente pneus a mudar, tanques a encher, vidros a lavar (tal a lama que os pilotos chegam a um ponto que já não vêem nada).

Ainda assim, tomara a todos que esses fossem os problemas. É que também há motores que simplesmente entram em protesto, recusando-se a funcionar. E transmissões que partem, partes dos carros que se soltam, a precisar de toques de soldadura, filtros que entopem... Um sem-número de contratempos que transformam a área junto à meta numa zona de guerra, com as equipas mecânicas a correr que nem loucas de um lado para o outro. Afinal, desistir sem dar luta não é uma alternativa. E os pilotos vão aguentando com nervos de aço a espera de voltar à corrida.

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