Fugas - Motores

Bicho do deserto

Por Maria Lopes

Agarrado à estrada mesmo em altas velocidades, o Volkswagen Beetle Dune é bicharoco para nos acicatar o pé em percursos mais sinuosos e fazer-nos salivar por uma boa tarde de diversão ao volante.

Enquanto não lança a nova geração do Beetle, agendada para o próximo ano, a Volkswagen pegou nas linhas com que quer remodelar o icónico Carocha e colocou na estrada esta versão baptizada de Dune que nos faz lembrar os good old days dos rebeldes anos 1960. Seja pela cor cobre (ou, vá, “amarelo tempestade de areia”, como lhe chama a Volkswagen) que o faz sobressair nas cinzentonas estradas e parques de estacionamento cá do burgo e lhe confere uma feição aventureira, seja pela linha de tejadilho a lembrar um perfeito arco-íris, pelo ar de devorador de estrada das jantes, do pára-choques dianteiro ou da asa fixa traseira, ou ainda pela sensação de robustez que nos faz querer sair com ele para um estradão de terra batida, como se de um pequeno SUV crossover se tratasse. 

Aliás, talvez a ideia do construtor seja mesmo a de recuperar, ainda que suavizada, a imagem do Baja Bug, o Beetle modificado para poder andar nas areias das praias e dos desertos da Califórnia no final da década de 1960.

Mas não é, por isso é bom que não se saia disparado para qualquer pedaço de terra mesmo que apetecível. Ainda que os engenheiros lhe tenham dado uma preparação especial: levantaram-no apenas um centímetro, compensaram o centro de gravidade alargando as vias dianteira e traseira em sete milímetros, e somaram umas elegantes jantes de 18 polegadas nuns pneus 235/45. A caixa DCG, que pode ser comandada no volante, afigura-se rápida e assertiva.

Sendo certo que o Volkswagen Beetle é, já por si, um modelo com alguma exclusividade, este Dune não lhe fica atrás. Por cá, o Dune vem equipado com o motor 2.0 TDI de 150cv com caixa DSG, uma transmissão automática de dupla embraiagem e seis velocidades, o que o faz roçar a fasquia dos 40 mil euros. Se acrescentarmos o equipamento extra que recheia a unidade ensaiada, no valor de 4800 euros, então chegamos a um nível que nos faz corar. Sobretudo porque há opcionais que já não fazem sentido sê-lo neste patamar – como é o caso da pintura metalizada (480 euros), os retrovisores eléctricos (116€) ou os faróis de xénon (743€).

No interior respira-se o ar exclusivo a que o Beetle já nos habituou, mas no Dune assume um ar mais desportivo devido à aplicação no tablier de um painel do mesmo amarelo do exterior, incluindo a tampa do guarda-luvas, e nos painéis das portas. O lettering exclusivo da versão Dune decora os frisos das portas e o volante. 

No volante multifunções, que tem as patilhas selectoras das velocidades (um extra por 295 euros), no resguardo da alavanca das mudanças e nos bancos foi aplicado um pesponto na mesma cor. Os bancos, já agora, são confortáveis, e os traseiros (apenas dois, individuais), apesar de confortáveis, deixam a sensação de serem muito à medida para as pernas e de viajarmos com a cabeça relativamente perto do tecto.

Nitidamente virado para uma clientela com poder de compra, estilo e filosofia aventureira, o Dune está equipado com um sistema de informação com um ecrã generoso, que engloba o sistema de navegação (opcional, por 596 euros), a câmara traseira (211 euros), o sistema de som Fender com ligação iPod (643 euros). 

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