Fugas - Motores

Um híbrido coreano que apela à emoção

Por Carla B. Ribeiro

Um carro que se apresenta com premissas ecológicas, mas que não abdica da emoção. Pelo menos aparente. O Ioniq, que também já chegou em versão eléctrica, representa a estreia da Hyundai em modo híbrido.

Há qualquer coisa no Velho Continente que faz com que todas as marcas andem um pouco a reboque dos gostos e exigências europeus. A coreana Hyundai, que nos últimos anos se tem afirmado quer no conforto quer na qualidade de construção, fazendo frente aos seus pares sediados na Europa, não se deixou ficar para trás e lançou, no final de 2016, duas soluções que privilegiam a eficiência e menores emissões: o novo Ioniq serve-se em modo eléctrico e também em versão híbrida, conjugando um bloco térmico a gasolina 1.6 GDi, de 105 cv, a um motor síncrono de íman permanente de 32 kW. Foi este último, com uma potência combinada equivalente a 141cv, oferecendo um torque máximo de 265 Nm, que conduzimos. Para este ano, é aguardada a chegada de um Ioniq plug-in.
Mas há muito a dizer do Ioniq ainda antes de nos sentarmos atrás do volante. Não fossem os detalhes a azul, que evidenciam alguns pormenores exteriores, ou a palavra Hybrid na traseira a letras cromadas, nada levava a suspeitar que se trata de um modelo de tais características. De cinco portas, o corte coupé foi pensado para gerir o fluxo de ar, potenciando a aerodinâmica, que apresenta um coeficiente de resistência de apenas 0,24. Mas, não obstante a utilidade das linhas, o design não foi descurado e o Ioniq, que, embora se distinga, não foge muito da linguagem estética dos restantes modelos Hyundai, consegue conquistar afeições por onde quer que passe.
Por dentro, salta à vista a qualidade dos materiais e a boa montagem dos mesmos. A posição de condução é boa e a informação patente tanto no painel de instrumentação digital quer no ecrã táctil incrustado no centro do tablier, embora requeira alguma habituação, é de fácil leitura. Já para os ocupantes traseiros o carro é confortável q.b., embora alguém mais alto possa ter dificuldade em encontrar uma posição. Também no interior, voltamos a encontrar os detalhes a azul que nos tentam indicar que estamos num carro diferente. 
O arranque, sempre em modo eléctrico, é suave e silencioso, como acontece em qualquer modelo de características híbridas. A grande distinção deste Ioniq é a caixa automática de dupla embraiagem com seis velocidades. Estando longe da perfeição, esta é uma transmissão bem mais agradável do que as usuais caixas de variação contínua, o que faz com que a condução seja mais prazenteira. O carro desliza facilmente em qualquer traçado, mostrando destreza suficiente para enfrentar qualquer percalço. Isto no modo Eco. Porque quando accionado o modo Sport, a condução, não sendo equiparável a nenhum desportivo, abre-se a um mundo de emoções que pode ainda brilhar mais se se usar a caixa em manual, engrenando as mudanças na alavanca. Patilhas no volante não há, mas a verdade é que o modo Sport serve mais para apimentar ocasionalmente a relação com o carro do que propriamente para fazer quilómetros sem fim com esses parâmetros. Até porque a velocidade máxima fica-se pelos 185 km/h e a aceleração dos 0 aos 100 km/h cumpre-se em 11,1s...
Mas, se ao nível das prestações, este não é carro para deixar ninguém de olhos arregalados, no capítulo da segurança deixou os inspectores do Euro NCAP, o organismo independente que avalia a segurança dos veículos automóveis comercializados na Europa, rendidos. O Hyundai Ioniq sagrou-se, em 2016, o mais seguro entre os familiares compactos, com 91% na Protecção de Adultos, 80% na das Crianças, 70% na Protecção de Peões e 82% nos Dispositivos Auxiliares de Segurança.
Para um resultado cinco estrelas contribuiu a decisão da marca coreana em incluir uma série de tecnologias de apoio à condução: caso da manutenção do veículo na faixa de rodagem, cruise control adaptativo,  travagem autónoma de emergência e sistema de monitorização de pressão de pneus. Ao nível de restante equipamento, a versão ensaiada mostrava-se bem apetrechada, com painel de instrumentação a cores de 7”, ar condicionado automático bizona, acesso e ignição sem chave, banco do condutor de regulação eléctrica, faróis de xénon, navegação com ecrã táctil de 8”, sistema áudio Infinity com oito colunas, sistema multimédia com tecnologia Apple Car Play e Android Auto, além de carregamento sem fios para smartphones.

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