Fugas - Motores

Pequeno citadino também se serve a electricidade

Por Carla B. Ribeiro

Um citadino quer-se pequeno, ágil e poupado. Mas para a smart também se quer racional e ecológico. Prova disso são as mais recentes versões 100% elétricas dos smart fortwo, coupé e cabrio, e smart forfour.

A aposta na electricidade é de tal forma na marca automóvel alemã de Böblingen que em determinados mercados está excluída a comercialização dos blocos a combustão. Em Portugal isso não acontece, mas a versão eléctrica dos pequenos citadinos, fortwo coupé, fortwo cabrio e, em estreia, forfour, chega com vontade de captar uma fatia de clientes cada vez mais orientada para a sustentabilidade e para a preservação do planeta. Os smart electric drive (smart ed) começam a circular pelas estradas portuguesas no Verão a partir de 22.500 euros.

O smart é por excelência um automóvel pensado para a cidade, sendo extremamente fácil de manobrar (no caso do fortwo, para inverter o sentido de marcha bastam-lhe sete metros entre passeios) e que, com os seus 2695mm cabe em qualquer buraco — quem nunca viu um smart de dois lugares estacionado num lugar bizarro? Por isso, faz todo o sentido para os responsáveis da marca a existência de versões eléctricas, uma alimentação mais apropriada para quem cumpre sobretudo circuitos urbanos. Primeiro, porque a morte dos combustíveis fósseis já foi mais do que anunciada — ainda esta semana, a Noruega informou, através da agência governamental para a sustentabilidade Elbil, o objectivo de levar as vendas de automóveis movidos a gasolina ou gasóleo para zero unidades até 2025 — e, sobretudo, porque serão os centros urbanos os primeiros a vedarem o acesso a veículos com motor de combustão.

Assim, os novos smart ed chegam equipados com um motor eléctrico, instalado atrás e com o selo da Renault, capaz de desenvolver uma potência de 82cv (mais sete que o engenho que equipava o anterior smart fortwo eléctrico) e um binário constante de 160 Nm.

O motor é alimentado por uma bateria, produzida pela Deutsche Accumotive, uma subsidiária da Daimler, com uma capacidade de 17,6 kWh. Este valor traduz-se numa autonomia de até 160 quilómetros para o fortwo coupé (tanto o cabrio como o forfour chegam com uma autonomia de 155km). A autonomia anunciada, pudemos comprovar, não fica longe dos valores reais e, mesmo com a pressão do aumento da autonomia nos carros eléctricos, a smart mantém-se à parte dessa corrida. De acordo com o gestor de produto da smart, Rouven Remp, esta é uma corrida inglória. “O aumento da autonomia exige um maior número de módulos nas baterias e consequentemente de mais espaço”, refere. Mas a consequência mais perigosa, alerta o mesmo responsável, é o aumento dos custo de produção e do preço, tornando estes carros pouco democráticos. “E isto tudo para percorrer diariamente entre 20 e 40 quilómetros, o que torna o investimento pouco frutífero.”

Composta por três módulos, cada qual com 32 células de iões de lítio, a bateria foi trabalhada no sentido de ser mais leve (160kg) e está localizada sob os bancos de forma a não prejudicar o espaço para ocupantes (dois ou quatro) e bagagem (190 litros no fortwo coupé; 185 no forfour e zero no caso do cabrio). De referir que o conjunto das baterias usufruem de oito anos de garantia ou 100 mil quilómetros.

Para que se consiga atingir um valor de quilómetros aproximado às marcas oficiais, a bateria deve estar à carga sete horas com o carregador de série monofásico ligado à rede de abastecimento doméstica. Caso o cliente opte por instalar uma wallbox, o tempo de espera para voltar a ter a bateria a 100% é inferior a quatro horas. Como opção, e já depois do lançamento, haverá uma ligação mais potente (22 kW) para corrente trifásica que consegue recuperar até 80% da carga da bateria em menos de 45 minutos. Nunca é de mais lembrar que, no caso das baterias de iões de lítio, deve-se evitar a descarga completa, sob pena de comprometer a longevidade das mesmas.

Com uma velocidade máxima limitada a 130 km/h (o fortwo coupé e cabrio acelera dos 0 aos 100 km/h em 11,5 segundos; o forfour em 12,7s), apresenta dois modos de condução:  Normal e Eco. O primeiro é accionado por defeito assim que se põe o carro a trabalhar (a chave é convencional; o arranque silencioso e imperceptível). Quando se circula em modo Normal o carro responde mais depressa à pressão no acelerador, baseando a recuperação de energia num radar de antecipação que monitoriza o trânsito adequando as prestações à situação do mesmo. Já o modo Eco privilegia a poupança da bateria. Quando se selecciona esta variante, a velocidade máxima é limitada, a curva de aceleração adaptada e sempre que se levanta o pé do acelerador ou que se carrega no travão o sistema trata de transformar a energia cinética em energia eléctrica, regenerando as baterias e aumentando a autonomia das mesmas.

A gestão do rolamento do motor está a cargo de uma transmissão com uma única velocidade; para recuar, a rotação do motor inverte-se. Uma solução que a marca considera adequada à simplicidade do engenho e do próprio carro, tornando a condução do mesmo ainda mais fácil.

Mas há mais soluções pensadas no sentido de simplificar as vidas dos proprietários e que ajuda a poupar tanto nas baterias como nas contas ao fim do mês. É o caso do controlo de climatização prévio à partida — desta forma, consegue-se a temperatura ideal dentro do habitáculo enquanto o veículo ainda se encontra ligado à tomada. Esta funcionalidade está disponível numa App que pode ser operada via smartphone, tablet ou PC e que inclui ainda o carregamento inteligente e programável. Isto é muito útil quando se tem contratada uma tarifa de abastecimento de electricidade variável segundo os diferentes momentos do dia.

Por fora, pouco distingue as versões eléctricas das de motor de combustão interna — apenas uma referência discreta na traseira. Por dentro, as diferenças são mais evidentes, a começar pelo painel de instrumentos, que inclui um medidor de potência, que indica quando o carro está a regenerar, a circular com um gasto optimizado ou a privilegiar a potência, e um indicador da bateria.

Entre os opcionais, há um pacote de Inverno, que inclui volante aquecido, e um pack drive design que prevê a pintura a “verde eléctrico” das capas dos retrovisores e dos remates do habitáculo. A possibilidade de personalizar o veículo chega com o programa BRABUS, disponível no smart fortwo.

De destacar a estreia de um motor eléctrico com a carroçaria forfour, de quatro lugares. Neste caso, o citadino mantém as qualidades que fazem dele peixe na água em circuitos urbanos, mas já não se consegue acomodar nos mesmos espaços mínimos que o de dois lugares.

O forfour mede 3495mm, mais 80 centímetros que o mano, apresentando uma distância entre eixos de 2494mm, o que permite que dois adultos ocupem os lugares traseiros sem grandes problemas.

Na variante eléctrica, o quatro lugares dá uso ao mesmo motor do fortwo, estando equipado com o mesmo conjunto de baterias. Mas há diferenças: a autonomia baixa para 155km, embora os tempos de carga sejam precisamente os mesmo. Já a velocidade máxima é a mesma, limitada eletronicamente nos 130 km/h.

O smart electric drive fortwo coupé custa desde 22.500 euros. Para a versão cabrio o valor é de 24.900 euros e o forfour tem preços a partir de 23.400 euros. Em 2017 a compra dos eléctricos beneficia de um subsídio de 2250 euros (válido para as primeiras mil unidades) e as empresas podem abater o valor do IVA.

 

--%>