"Nunca me esquecerei. Talvez se possa alterar entre Norte e Sul no futuro. Vou-me embora do Algarve com alguma mágoa, porque sempre fui bem recebido." As afirmações do presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP), Carlos Barbosa, ao jornal A Bola, em Abril deste ano, pareciam conter a certeza de que a prova regressaria às estradas nortenhas em 2014, depois de o Sul ter acolhido o Rally de Portugal durante seis anos. Sobretudo, quando o próprio presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA), o antigo co-piloto Jean Todt, torcia para ver a prova a norte depois de a sua manager do Mundial de Ralis, Michèle Moutton, ter admitido ter ficado impressionada com a moldura humana a que assistiu no WRC Fafe Rally Sprint.
Tudo certo, menos com as autarquias, particularmente a do Porto onde a questão assumiu uma forte carga pré-eleitoral. "A organização de uma prova desta envergadura e dos compromissos internacionais inerentes à mesma exigem responsabilidade, seriedade e vontade. Nenhum destes requisitos corresponde ao comportamento da Câmara do Porto e dos seus candidatos", explicou o ACP para justificar a sua decisão. Por isso, "a edição de 2014 do Rali de Portugal vai ter lugar no Sul do país".
Pelo Algarve, a decisão foi recebida com animação. O presidente do Turismo do Algarve, Desidério Silva, considerou a decisão do ACP como a mais "acertada" e, em comunicado, sublinha que o regresso do Rali de Portugal à região é uma resposta positiva "ao esforço do Turismo do Algarve pela manutenção da prova em território algarvio".
O Rali de Portugal começou a acelerar pela primeira vez em 1967, com a designação Rallye Internacional da TAP, e chegou a conquistar, por cinco vezes, o título de Melhor Rali do Mundo. Em 2000, a FIA atribuiu-lhe o prémio de Melhor Rally do Ano. Porém, problemas com a segurança do público, entre outras questões, levaram a FIA a retirar, em 2002, o Rally de Portugal do calendário mundial, algo que só viria a ser reconquistado em 2007 com a mudança da prova para o Sul do país.
Na mesma entrevista citada em cima ao desportivo A Bola, Barbosa recordou os incidentes que levaram o rali a ser afastado do mundial. "Há regras de segurança da FIA, rigorosas e apertadas, que não podem ser ultrapassadas."
