Depois ter batido no fundo em 2012 e de uma recuperação em 2013, a comercialização de veículos ligeiros (de passageiros e comerciais) deverá crescer 3,9% ao longo deste ano, de acordo com estimativas da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), apresentadas na terça-feira.
Os números daquela associação, que agrega empresas do sector, prevêem que sejam vendidos aproximadamente 110 mil ligeiros de passageiros (mais 3,9% do que em 2013) e ainda 19.100 comerciais ligeiros (uma subida de 4,9%). Já para 2015, a ACAP antecipa uma nova aceleração das vendas, com crescimentos naqueles dois segmentos de 5,7% e de 11,3%, respectivamente, totalizando uma subida do mercado de automóveis ligeiros de 6,6% face ao previsto para este ano.
As contas da ACAP apontam assim para que sejam vendidos 129 mil veículos em 2014 e 137.500 no ano seguinte. Uma evolução abaixo do que a indústria precisa para se sustentar, argumentou o vice-presidente da associação, José Ramos, em conferência de imprensa: “Para os concessionários saírem debaixo de água, precisamos que o mercado ultrapasse os 150 mil carros”. O último ano acima deste valor foi o de 2011, no qual o sector, já então em queda, registou 188 mil carros vendidos.
Os responsáveis da ACAP notaram ainda que os consumidores se têm retraído e o sector tem estado a ser sustentado pelas vendas a empresas. Ressalvando não ter números concretos, José Ramos disse estimar que “para cima de 70%” das vendas são a empresas.
As estimativas de crescimento surgem depois de um ano de recuperação para a indústria. Em 2013, o mercado rondou os 111 mil automóveis vendidos, dos quais perto de 106 mil foram ligeiros de passageiros, o que significou uma subida de 11% face a 2012, o pior dos últimos 27 anos. O ano passado, aliás, correu muito melhor do que a ACAP esperava: há um ano, a associação tinha previsto que o mercado iria encolher 10% ao longo de 2013.
O arranque deste ano também trouxe boas notícias para o sector. Em Janeiro, foram vendidos 9255 ligeiros de passageiros, mais 31,8% do que no mesmo mês do ano passado, mas significativamente abaixo da média dos últimos dez anos, que ronda os 12.200 veículos. Nos comerciais, a subida foi de 29,2%, com 1318 unidades vendidas.
A ACAP tem vindo a defender a criação de um programa de incentivo ao abate de veículos em fim de vida que, diz a associação, poderia traduzir-se em 15 mil vendas e um encaixe fiscal em torno dos 50 milhões de euros.