Fugas - Perguntas

Pergunta

Luís Cardoso, V. N. de Gaia

Tenho várias garrafas de vinho do porto "caseiro"que vou trazendo do Douro, de onde sou natural. Devo conserva-las deitadas ou de pé?

Resposta

Manuel Carvalho

Vinhos

Caro leitor,

o vinho do Porto revela um enorme potencial de envelhecimento em garrafa ou em barrica de madeira em função do estilo com que foi concebido e desenvolvido. Normalmente, os vinhos mais tradicionais e mais consumidos no mercado nacional são vinhos da categoria tawnie, aqueles Porto que envelhecem lentamente nos cascos até adquirirem aquela tonalidade alourada que os distingue.

Ora, estes vinhos depois de engarrafados estão prontos a serem consumidos. Ou seja, não apresentam grande potencial de envelhecimento na garrafa, embora não sejam susceptíveis de se deteriorar (a não ser por contaminação da rolha, sujidade da garrafa ou más condições do lugar de armazenamento).

Nestes casos, recomenda-se que sejam guardados ao alto, mas se a rolha for boa não se perderá nada se forem conservados deitados. Depois, há os vinhos da categoria Vintage ou Late Bottled Vintage não filtrados (e apenas estes, que quando cumprem esta condição apresentam a devida informação no rótulo), que passam entre três e cinco anos em casco antes de serem engarrafados. Estes vinhos, muito concentrados na cor e no corpo, estão concebidos para décadas de evolução em garrafa. E aqui, sem dúvida, é obrigatório conservá-los deitados.

Supomos que os vinhos que o leitor traz do Douro resultem de lotações concebidas para envelhecer em tonéis. A tradição duriense do “vinho fino” não confere muita importância aos estilos vintage. Se assim for, recomendamos que as garrafas que pensa beber no próximo ano fiquem de pé; se as quiser guardar mais tempo, e mesmo que não evoluam, o melhor é deitá-las porque, se a rolha for boa, esta será sempre a melhor forma de travar uma excessiva oxidação do vinho.

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