Fugas - Viagens

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Leva-me até ao topo da colina

Reaberto ao público em 2007, o Funicular de Santa Luzia passou por várias modernizações desde que foi inaugurado em 1923, projecto do engenheiro portuense Bernardo Pinto Abrunhosa no contexto do final de uma era: a da construção das grandes infraestruturas em Portugal e, particularmente, no concelho. E, curiosamente, na altura da sua conclusão, o Templo-Monumento de Santa Luzia ainda estava ainda longe de terminado: na verdade, até ainda existia a capelinha original de Santa Luzia, que só seria derrubada em 1926, motivo de peregrinações várias dos vianenses. O santuário, esse, foi concluído em 1959 (1943 no exterior), 55 anos depois de lançada a primeira pedra.

Actualmente, santuário e funicular são indestrinçáveis de Viana do Castelo, atracção turística, ainda que não andem de mãos dadas com o número de visitantes — muitos preferem chegar de carro ao parque onde há restaurante, bar, lojas de souvenirs, a antiga citânia e, mais acima, a pousada. No entanto, em oito anos, o funicular recebeu 696.734 passageiros, parecendo dar razão a quem defendia a necessidade de um modo de mobilidade sustentável a ligar a “baixa” e a “alta” de Viana.

Se subimos sozinhos, descemos na companhia de três alemães, poucas conversas. Lá em cima, um casal espanhol conta que viu a via do funicular “mas parecia do tempo do carvão”, por isso subiu de carro a Santa Luzia, promessa que haviam feito desde a primeira vez que vieram a Viana do Castelo, quando a sua agência bancária se transferiu de Valença para aqui. A vista, dizem, é “incredible” e o santuário “precioso” — na verdade, de um eclectismo bem ao gosto da época, com uma base bizantina na planta e na cúpula que coroa o edifício, torres românicas, rosáceas góticas. O resultado, já se sabe, não é tão antigo quanto muitos pensam; ao contrário do funicular, cuja nova roupagem lhe assegura toda a modernidade possível. A.M.P.

 

Av. 25 Abril

Viana do Castelo

Tel.: 961 773 164

E-mail: funicular.viana@liftech.pt

Horário:

Janeiro, Fevereiro, Novembro e Dezembro: De terça a sexta-feira, das 10h às 12h e das 13h às 17h; sábado e domingo das 10h às 17h; encerra às segundas.

Março, Abril, Maio e Outubro: De segunda a sexta-feira, das 10h às 12h e das 13h às 17h; sábado e domingo das 9h às 18h.

Junho, Julho, Agosto e Setembro: Todos os dias, das 9h às 20h.

Preços: 3€ ida e volta; 2€ ida.

 

Funicular dos Guindais
Porto

Ainda não são 10h, o sol está a fazer-se esquisito e quase não aparece, e Greta está sentada sozinha no Funicular dos Guindais, no Porto. Tem auscultadores nos ouvidos e um livro pequeno pousado nos joelhos, de onde não levanta os olhos. Percebe-se que é estrangeira, mas o desprendimento com que encara os primeiros movimentos do funicular, quando ele começa a descer da Rua de Augusto Rosa em direcção à de Gustavo Eiffel, indicam que esta não é a sua primeira viagem. Será que vai resistir a não levantar os olhos, assim que o primeiro troço, em túnel, se transformar em vista aberta sobre o rio Douro?

Não resiste. Mal a luz inunda a cabine envidraçada, ela fecha o livro e levanta os olhos. À direita, corre a muralha fernandina, aparece já a Ponte Luiz I, vê-se depois o rio, quando o ângulo de descida se acentua, e esta só não se torna vertiginosa porque o funicular anda demasiado devagar. À esquerda, enquanto Greta encerra os olhos voltados para a luz do sol, que finalmente se digna a aparecer, está o Porto ainda por reparar, as casas vazias e a cair que já foram a habitação de alguém mas que hoje são apenas escombros.

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