Senhores passageiros, vamos realizar uma paragem de cinco minutos para fazer as necessidades.” É a única pausa anunciada na viagem de autocarro entre Luanda e o Lobito, de 516 quilómetros, mais de nove horas, galinha grelhada a entrar pelas janelas e cervejas aos solavancos, até depois da meia-noite. Ninguém se dá ao luxo, portanto, de negar o básico. Todos fora do autocarro, para o meio do mato, à procura do melhor arbusto ou da rocha mais redonda. Todos menos as mulheres munidas de panos, que desenrolam uma cor de cada vez das ancas e assim dispensam biombos. Eis o primeiro ensinamento sobre a indumentária da África negra.
Agora que a única paragem do dia é passado, imaginamos a próxima deixa: “Senhores passageiros, agarrem-se ao banco da frente e contorçam as bexigas.” De casacos sobre o corpo, somos um bando de esquimós a atravessar os vales do rio Kwanza, num autocarro de vidros fumados. “Senhor motorista, está muito frio! Baixa o AC!” Ar condicionado desligado; todos a suar. Isto é Angola, país de contrastes, “magnífica e miserável”, como a descreveu Ricardo Soares de Oliveira no livro com o mesmo nome, que retrata as transformações galopantes do país, desde o contrabando de escravos ao de petróleo e diamantes. “Estado da cleptocracia”, “país do pai banana”; um paraíso encarcerado, na visão de quem o ama.
Só de Kwanza (que dá o nome à moeda nacional) são 960 quilómetros de um caudal largo, onde dançam jacarés e hipopótamos. Menos do que antes, é certo, mas ainda o suficiente para que volta e meia se chore mais uma perda no kimbo (aldeia). Se há secas e conflitos por elas neste continente, a ex-colónia portuguesa descansa a esse respeito nos seus mais de 50 cursos de água. Mas não se pode matar a sede com a que corre da torneira.
Gostávamos de poder contar carneiros, agora que as cabras e embondeiros foram dormir com o sol, mas o que está a dar por estas rectas é contar crateras. “Contrataram chineses para reconstruir as estradas [depois da guerra, terminada com a morte de Jonas Savimbi, líder do partido da oposição, a UNITA, em 2002]. Fizeram tudo sem valas! Com as chuvas, não duraram um ano”, reclama um passageiro. De cada vez que um buraco atropela o caminho, o autocarro transforma-se em bailarina. Não há corpo que aguente esta revienga (agitação, piruetas). Quanto aos olhos, ainda que no escuro, vêem de vez em quando cadáveres de camiões na berma da estrada. Mas, estando o AC regulado, ninguém se vai preocupar com isso. Pode até ser ilusão.
Era mentira, por exemplo, que iríamos parar só uma vez. Em Porto Amboim, festejamos a nona pausa. Júlia quer vender as moelas que acabou de grelhar. “É dessa capota”, explica. Para nós, capota, até ver, é o tejadilho (só mais tarde, percebemos que assim se chama a galinha-do-mato ou galinha-de-Angola). Júlia tem jeito para o comércio. A prova vai no autocarro: aroma a moela torrada a todo o comprimento.
“Vamos parar mais abaixo, na operativa”, ou seja, na estação da polícia. Se pensam que vão perceber tudo em Angola, esqueçam. Primeiro a língua viva da rua, depois a do dicionário. Um morro de musseques (favelas), maçarocas ao lume, curvas de semba e batidas de kuduro. Os edifícios dos anos 1960 e 70 começam a surgir no fim da descida, com cabos eléctricos a percorrer as paredes, vidros arejados, o zonzonar dos mosquitos. Acácias rubras pelo caminho, uma bananeira dentro de casa, a praia — que amanhã será azul — à janela. Chegamos à Restinga.
A candonga que cura
Depois de uma viagem destas, de buraco em buraco, não é preciso contar o que aconteceu assim que esticamos o mosquiteiro sobre a cama. Ao outro dia, o telefone trouxe-nos Miúdo, o DJ. “Ele vende discos?” “Sim, sim. É dos únicos aqui no Lobito que ainda tem alguma música de Angola.” A loja fica a caminho do Africano, o bairro de chão de terra, do outro lado de onde vivem os flamingos. “Compão! Compão! Compão!”, grita o angariador de viajantes da janela do candongueiro, o meio de transporte a utilizar (porque não há outro no Lobito, exceptuando os táxis, caríssimos e sem carisma). Este vai para o mercado, junto às salinas, onde se vende peixe seco e kisaca (um preparo de rama de mandioca). Nós queremos o Africano.
O candongueiro — a clássica Toyota Hiace azul (ou castanha, caso seja o transporte municipal, o Voltas, que pratica metade do preço) e branca que circula a alta velocidade e não substitui o filtro do óleo há meses — é como um curandeiro: tem solução para tudo. Breve rascunho: o angariador vai empoleirado na porta de correr, com maços de notas entre os dedos e de cordas vocais afinadas para atrair passageiros; há sempre uma pequena tábua de madeira encostada à carroçaria, que serve de banco extra para o caso de chegar mais um; o rádio não falha, com o melhor da música africana dos últimos três anos, pelo menos.
Junto às kitandas (lojas), o assistente de Miúdo recebe-nos na Casa de Música do Lobito. “E vinis?”, questionamos. “O quê? Aqueles discos antigos?”, aponta para o tecto. “Isso colamos aí e nas paredes, é mais para decoração.” Se pedir ginguba (amendoins) num restaurante da ilha de Luanda é estranho — porque a lagosta é o “prato do dia” —, perguntar por vinis é um excesso. Em Angola, olhar para o século XXII, se faz favor. “De passado estamos fartos”, ouve-se o eco.
Entre cinemas, casinos, estações ferroviárias, palacetes e casarios da época colonial, poucos edifícios sofreram obras de renovação (só os que passaram a ser do Estado). Em Benguela, capital de província a cerca de 30 quilómetros (meia hora de candongueiro e 200 kwanzas por trajecto), o antigo cinema ao ar livre é onde hoje se fazem “concursos de miss, desfiles de moda, festas exclusivas”, explica o segurança. No Lobito, a caminho da Restinga (a zona fina que mantém conservada parte da presença portuguesa na arquitectura), o Tamariz exibe pouco mais do que um reclamo apagado, embora o vigilante interrompa o sono para contar que “daqui a dois anos vai voltar a abrir, com casino, pastelaria, restaurante, tudo”.
À volta, ninguém parece acreditar ou importar-se. Há uma certa apatia em relação ao mundo, condizente com o calor húmido, colado à pele. Até mesmo quanto às recentes eleições, que marcaram o momento em que José Eduardo dos Santos, Zedu, sai do trono que ocupou por 38 anos. Como observa Lélio Sousa e Santos, engenheiro civil, “o ambiente que se vive é de menor euforia do que nas primeiras eleições; as pessoas começam a habituar-se ao processo”. Ainda assim, há um país por vir. “Angola precisa de tempo para se observar a si própria, adaptar o desenvolvimento às suas necessidades e capacidades, de forma a colmatar estes contrastes gradativamente”, defende o luso-angolano.
“A maior expectativa”, pensa Filomena Fonseca, professora de Português no Lobito, “é que haja mudança na forma de gerir”. “As pessoas não estão mais interessadas em desfiles de ostentação de riquezas. Querem emprego que lhes possibilite sustentar a família; as necessidades básicas ainda são muitas”, sublinha.
“Salomão, liga o gerador!”
A meia-luz no resguardo do famoso AC acende a conversa. Ninguém parece depositar grandes esperanças em João Lourenço, à altura desta conversa o expectável substituto de Zedu para comandar os destinos de Angola. “Há uns anos, o gajo estava a dar demasiado nas vistas e o Zé Eduardo dos Santos tratou logo de o pôr de lado! Agora vai ele para lá, mas vai ser a mesma coisa”, comenta Ricardo.
A luz vai abaixo, mas os cortes são tão comuns quanto uma manga cair de madura. “Salomão! Ó Salomão! Liga o gerador! Liga os dois! Temos de ter ar condicionado.” Salomão faz tudo, desde encher jarros de água a cozinhar pernas de porco, como nas histórias da Angola colonial. “Isto está muito mau”, lamenta Maria, cigarro na mão, whisky com gelo na outra. “Os bancos estão sem dinheiro, controlam-nos tudo, cortam-nos as fases da electricidade…” Mas já foi pior, como quando Filomena Fonseca chegou ao país, no início dos anos 2000. “Foi um início difícil, passar dias sem luz nem água canalizada”, recorda.
Ao mesmo tempo que acontece o pequeno progresso, começa-se a dominar a “dança do sistema”. É preciso conhecer o esquema e o código angolanos para viver ileso a experiência local. Desde o pedido de “gasosa” (dinheiro) pelo oficial da polícia até à troca de euros por kwanzas na candonga (contrabando, porque na rua o dinheiro vale o dobro) mesmo em frente ao banco, há uma linguagem mais sinuosa do que o semba. “Quanto queres? 100? 200?”, pergunta um rapaz junto à pastelaria Aurea, no bairro Caponte. Mais fácil do que comprar bolos.
Avisados sobre a “gasosa” e outras graças da gíria angolana, partimos em direcção ao coração do país, o Bié, da aridez para a vegetação copiosa, em mais ou menos 600 quilómetros. Toda a estrada é uma feira. Os aldeões saem em corrida das cubatas (casas tradicionais em adobe com telhados de colmo), os abacaxis saltam da terra em Monte-Belo. “Menina, menina! Leva cinco!” Cada um não chega a 50 cêntimos. Sabem a mel às toneladas. Abacaxis que fazem transpirar. Há também as bananas curtas e doces depois da serra do Pundo, as mangas em excesso pelo chão, as lossacas (da família da beringela) a chegar ao Bailundo, a mandioca a secar moída no asfalto do Andulo. Já para não falar nos imitadores de xinganje (homens pintados e vestidos com palha e folhas, prontos a afastar os maus espíritos) a dançar diante do capot.
Depois de passar o rio Dune, onde se esticam as pernas e se lava a roupa, mãos e línguas abertas fora da janela, a conhecer as primeiras pingas do Bié. “É daquelas chuvas boas, que deixam este cheiro a terra. Isto não existe em mais nenhum lugar”, solta Filomena.
O planalto central
Empurramos a porta com a mão sobre a imagem de Nossa Senhora de La Salette. Nas paredes, há buracos de balas. Um, dois, três, quatro… Bom, não vale a pena contar. “Dizem que o Savimbi se escondeu aqui”, relata o padre Adriano. De caxexe, na língua local. “Que passou cá algum tempo com uma das mulheres”, não muito antes de ter sido capturado e morto, em 2002. Até há dois anos, esta casa pastel, sede da missão católica, esteve fechada. Não havia coragem nem meios para sarar as feridas do Bié, uma das províncias mais fustigadas pelas guerras colonial e civil. Há dois anos, Adriano veio de Benguela conhecer o Interior, e não foi fácil.
Acorda-se cedo na vila de Nharea. Cedo e perto das nuvens, negras, carregadas de “aí-vem-chuva”. O padre não gosta do nome nem do frio da terra, próprio da altitude. No Planalto Central, acima dos 1500 metros, onde o milho cresce à velocidade da trovoada, cultiva-se feijão, sisal, banana, mandioca, batata-doce. Soja e arroz, dizem, é no que os asiáticos estão a investir (não chegamos a vislumbrar essa lavra; a mobilidade é limitada). Café já houve, mas “agora ninguém quer saber”, resigna-se Delfim Maurício, camisa verde e rosa, óculos de sol polidos, em cima de uma motorizada impecavelmente brilhante, a condizer com os “diamantes ao pontapé” da região.
Do final da década de 1990, em que Jonas tomava banho de balde contra esta parede pálida, até hoje, não terá mudado muito. Tentamos (re)contar mais de 40 anos de guerra na cabeça, enquanto o padre explica onde fica a cozinha, para que lado é a porta, a que horas desligam o gerador. Em Angola há duas estações — o Verão e o Cacimbo —, muito sol, bom solo e boas chuvas, o que estimula a produção agrícola e frutícola. Mesmo sem fazer muito, “as coisas nascem por aí”.
O padre conta que quase ninguém vive na vila durante a semana. Trocam as casas pelas cubatas do kimbo, e cultivam a terra assim que o sol se levanta. “As mulheres trabalham muito. Muito poucas vão para a escola”, conta Adriano. Da porta traseira, vê-se uma estrada vermelha a esticar-se para o céu. Pernas em fila sob gotas de chuva, crianças penduradas em todos os ossos, frutas de todos os tamanhos sobre a cabeça.
Adriano convida para jantar. “Temos uma tradição. Sempre que chega um convidado especial, matamos uma galinha.” Capota (já aprendemos), de fundo preto e pintas brancas, a melhor penugem da estação. No prato, é cabidela, cozinhada no amor de Maria, uma quase-governanta. O barulho do gerador, ao longe, acompanha o serão, mas é como se fosse música de fundo para as mil e uma histórias em torno do prato que escorre. Comparada aos angolanos, que descobriram nos contos sob as estrelas a salvação do horror, Xerazade é um tímido grilo.
O jantar demora mais de duas horas, como todas as refeições neste país. Há sempre tudo para conversar, sobre tudo, e como se nada fosse terreno. “Um irmão andava a atirar no outro. Quando perceberam quem eram, largaram as armas no meio do mato e foram abraçar-se”, lembra Matias. “Uma vez atropelei um boi no caminho para o Lubango. Sabia o risco que corria e fugi durante três noites pelo mato. Quando voltei, um mês depois, tinham-me destruído o jipe”, vai o senhor Carlos. “A água tinha acabado. Estávamos em pleno [deserto do] Namibe, não havia vivalma. Veio a noite e nós perdidos. Não é que assim que o sol nasce, ao outro dia, um homem aparece nu com duas cabaças às costas?”
Esta é a melhor cabidela da eternidade, pelo que fomos dizê-lo a Maria, que está lá fora, junto à igreja pintada de branco e azul. Maria encolhe os ombros, envergonhada, e responde com o melhor sorriso da eternidade. Apetece dançar com ela. “Ukupiluka?”, diríamos, soubéssemos nós falar em umbundo. Fina, de 16 anos, tenta ensinar-nos, mas tudo o vento levou. Veio passar uns dias à missão da Nharea, também para tentar descobrir o paradeiro de um tio que cá vive. “O problema é que ele mora perto da sede da UNITA e a minha mãe disse para não ir lá de noite.” Não vai; pode dar confusão. Para o outro lado, também é melhor não ir. “Há uma exploração de diamantes e vêm muitas histórias más dali”, relata o padre. Não chegámos a vislumbrar essa lavra; a mobilidade é pouca, já o dissemos. O mundo chega até nós pela boca. Na maior parte das vezes, à volta de uma mesa.
Huíla: um mapa de pessoas
Olhos carregados e cabeça dormente. Às nove da manhã, o polícia está bêbado e pede os documentos. Olha demoradamente a carta de condução e começa a inventar problemas na viatura. Há duas formas de agir: não ceder à pressão e jogar com a sorte ou estender umas notas pela janela. Bom, existe ainda uma terceira: mostrar que temos o padre da vila connosco no carro. “Podem seguir”, comanda o Deus-polícia.
Vamos em direcção ao Lubango, na província da Huíla. Ao primeiro gole de uma cerveja na esplanada, Amado fita-nos o olhar. Ao segundo, já partilhamos a mesma mesa. “O que querem tomar? Uma cerveja? Um whisky?” Sumo ou água não entram nas possibilidades do inspector do comércio, hotelaria e turismo da Huíla, alegre neste fim de tarde, a querer contar a vida. “Vocês sabem que eu respeito muito as mulheres, desde que vi a minha esposa a dar à luz.”
Com ar de ser o inspector mais irresponsável da História, é também um sedutor. Já nos conquistou. Desenha-nos um guia não do que conhecer mas de quem conhecer na região. “Obrigatório mesmo é o senhor Carlos, português, que tem a melhor padaria da cidade; mas também é importante conhecerem o chefe da Cultura do Lubango. Amanhã, às oito da manhã, vocês ligam-me para este número e eu apresento-vos essa gente toda”, impõe, com uma palmadinha nas costas. Aperta as mãos grandes, respira e explica-se: “Ouçam: nós já passámos tempos tenebrosos. Agora só queremos beber a nossa cervejinha.” Ainda o café da manhã não desceu ao estômago e já estamos a acordar o telefone de Amado. Chama, chama, volta a chamar. Percebemos, Amado: a noite foi longa. Vamos pelo nosso pé no encalço do senhor Carlos, português chegado a Angola em plena guerra civil para tentar singrar na vida. Adivinhem onde nos conta a aventura: à volta de uma mesa. Menu: tosta mista.
Deixou-se ficar pela capital por uns tempos, mas depois convenceram-no a abrir um negócio no Kuito. “Dormi muitas vezes no chão. Às vezes acordava a meio da noite, tudo tremia. Eram as pegadas dos hipopótamos”, recorda. O certo é que o esperado negócio sempre se consumou: “a melhor padaria da cidade”. Passa pelo seu estabelecimento toda a clientela, da vendedora de cestos aos moços de fato elegante. Moda: calça justa, sapato brilhante e pontiagudo, camisa colada ao corpo. Vão tomar cocktails aos turismos-quase-rurais da cidade, a que chamam lodges, por influência das vizinhas Namíbia e África do Sul, de onde provém grande parte dos turistas. Sim, começa a haver turismo no Lubango, tal como no Namibe, mais a sul. Vemos as primeiras fotografias na Fenda da Tundavala, onde nos leva Matias. “Daqui atiravam os presos políticos. Não se safava nenhum”, ironiza, espreitando o abismo de 1200 metros entre as rochas.
A Tundavala é o fim do mundo, para onde poderíamos atirar um avião de papel sem nunca mais o ver. Fica no topo da serra da Leba, o lugar que une um manto verde rico em pasto, pomares e agricultura à altitude zero do deserto, o do Namibe (onde cresce, única no mundo, a welwitschia mirabilis, conhecida como o polvo do deserto) a poucas dezenas de quilómetros.
Toy (um novo motorista) segue sem medo as “curvas da morte”, como chamam à estrada em S que liga os dois mundos. “Às vezes vamos tomar banho ali, naquele rio”, aponta para trás dos figos-da-índia. Leva-nos de volta, devagar, até à praça da catedral, onde se trocam euros por kwanzas. “É tranquilo, Toy?” “É tranquilo. Eles não trocam é notas pequenas. Já sabem, né? Os vietnamitas não gostam”, assegura, com a polícia no retrovisor. Portanto, de 50 para cima, isto se quisermos jantar.
A boca cede. Peito alto (carne de vaca guisada) sobre a mesa — lá estamos nela outra vez —, a imagem do abismo e as palavras de Carlos, remasterizadas, neste último ano de Zedu: “Estou sempre pronto a fugir, a qualquer momento, se isto rebentar.”
Guia
Como ir
Os bilhetes de ida e volta podem custar cerca de 600 euros, pela companhia aérea angolana TAAG. À chegada, aconselhamos a não ir na aventura dos táxis que rondam o Aeroporto 4 de Fevereiro (têm fama de cobrar quantias exorbitantes). A Allo Taxi (tel.: 00244 926 000 000) presta um serviço sério a um preço justo.
Nas deslocações internas, é possível viajar de avião, autocarro e comboio (alugar um automóvel é uma opção pouco em conta). Os autocarros são a alternativa mais económica, mas as estradas estão, na generalidade, em muito mau estado de conservação. Pensar que o transporte ferroviário é eficaz é ilusório. Apesar de as linhas terem sido reconstruídas depois dos vários conflitos por todo o território, as ligações são pouco frequentes e os horários muitas vezes desconhecidos até mesmo para os funcionários das bilheteiras.
Informações úteis
Um euro equivale a 200 kwanzas, aproximadamente.
É necessário ter visto e passaporte (com validade mínima de seis meses).
A água canalizada é imprópria para consumo.
Repelente e mosquiteiro são obrigatórios. A vacina para a febre-amarela também, sendo que outras poderão ser recomendadas pelo médico na consulta do viajante.
Onde ficar
Lobito
Hotel Restinga
www.hrestinga.com
O melhor é a localização. A Restinga é a zona nobre do Lobito, uma língua de areia com as melhores praias da região. Uma noite em quarto duplo ronda os 90 euros neste hotel de quatro estrelas. Para quem prefere o centro da cidade, na Residencial Rosalina Express (duas estrelas), conseguem-se quartos por volta de 60 euros.
Luanda
Se a ideia é viver uma experiência de classe alta na capital angolana, recomenda-se a ilha do Mussulo. Entre vilas, quartos, suítes e coqueiros, o Resort Ssulo tem piscina, sauna, banho turco, jacuzzi, salas de massagens e cabeleireiro. Os preços são a partir de 150 euros.
www.ssuloresorthotel.com
Lubango
No Lubango, os lodges serão a melhor opção. No Kimbo do Soba, muito perto do centro da cidade, dorme-se em pequenas casas que imitam as tradicionais cubatas angolanas, com telhados de colmo. Na mesma zona, o Casper Lodge é composto pelas modalidades de hotel e apart-hotel. Os preços variam entre os 30 e os 50 euros, para duas pessoas.
www.kimbodosoba.com
www.casperlodge-lubango.com
Outros locais
Não é fácil encontrar alojamento nas pequenas localidades de Angola, embora haja sempre a possibilidade de alguém arrendar um quarto ou de se encontrar uma pensão barata. Em último recurso, e nunca como instrumento de turismo, as chamadas missões católicas poderão acolher quem está de passagem.