Fugas - Vinhos

Benoit Tessier/Reuters

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Índia, o país esquecido

Uma realidade nova que a Moet & Chandon decidiu capitalizar, começando a produzir um vinho espumante na Índia, emprestando o nome da casa-mãe ao vinho, baptizando-o assim com o prestigioso apelido Chandon. Uma circunstância a que a casa-mãe não é estranha e que já aproveitou no passado para conquistar outros mercados considerados igualmente prioritários e suficientemente apetecíveis para justificar o risco de investimento e de eventual esbatimento de notoriedade da marca.

Uma conjuntura que países como a Argentina, Brasil, Austrália e América do Norte conhecem de perto, por experiência própria, tendo em conta que beneficiam há muito de um tratamento e bonança semelhante, produzindo vinhos espumantes da Moet & Chandon nos solos locais, abastecendo os mercados nacionais de cada um destes quatro países com espumantes nacionais feitos sob a batuta, supervisão e controlo de um dos maiores e mais conhecidos produtores da região de Champagne.

Uma política expansionista séria, pragmática e inteligente que permitiu à Moet & Chandon contornar algumas das condicionantes naturais da sua região original e dos mercados internacionais. Tendo em conta que, por um lado, a região de Champagne tem limitações grandes de crescimento por já se encontrar próxima da capacidade máxima de produção permitida pela sua dimensão, e estando colocada de parte por ora uma extensão da área da região de Champagne, compreende-se a vontade de desenvolver-se fora de fronteiras, de avançar para novos mundos onde os entraves à produção sejam inexistentes e o crescimento seja uma garantia.

Com esta política de produção local, a Moet & Chandon conseguiu ainda entrar em mercados de potencial desmesurado mas fortemente proteccionistas, ficando assim protegida das dificuldades de quotas de importação, custos fiscais por impostos tributários alfandegários e flutuações de preços causados por variações cambiais, conquistando ainda no caminho um capital de simpatia notável graças à opção pela deslocalização e pela produção local.

Não espanta, por isso, que a Moet & Chandon tenha agora decidido expandir-se para a produção de vinhos espumantes na Índia, um dos mercados que mais faz salivar os principais produtores de vinho internacionais. A operação vai desenrolar-se em Dindori, próximo de Nashik, no estado de Maharashtra, onde as primeiras vinhas estão a ser plantadas com o objectivo de produzir os primeiros vinhos Chandon do continente asiático.

E nós, portugueses, continuamos a desperdiçar a ocasião de conquistar e converter os indianos aos vinhos de luxo lusitanos desbaratando a oportunidade de estender o prestígio de vinhos como o Vinho do Porto ou o Vinho da Madeira à Índia...

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