É em jeito de brincadeira que diz que “o que falta é ouvir o vinho, saber o que tem para nos dizer”, mas é precisamente essa a ideia central. Nas formações que tem ministrado por todo o país é este o desafio que lança, ouvindo as pessoas dizerem-lhe que um vinho lhes lembra coisas como a adega, o pomar dos avós, espaços de infância, uma festa de anos ou até os cheiros da vizinha.
“E é essa ligação emocional com o momento de consumo que os técnicos e especialistas tendem a negligenciar”, acentua, chamando a atenção para as estratégias seguidas nos sectores como a moda, cosmética ou o comércio automóvel, “que fazem o consumidor sentir o produto ainda antes de o ter”. Ou seja, são capazes de criar apetência sabendo o que pensam e o que esperam os potenciais clientes daquele produto.
Daí que awine coach pense que o que falta no nosso sector vitivinícola é uma estratégia empresarial orientada para mercados e sectores específicos. “A diferenciação e o posicionamento são importantes, até porque não temos produto para todos”, analisa Bárbara Sistelo, lembrando que é por aí que tem que passar a dinamização do consumo.
Neste aspecto, salienta que, como país, temos até características muito competitivas. “O vinho une os portugueses, toda a gente tem contacto com o vinho, há vinho em todas as regiões e há portugueses espalhados por todo o mundo”, enumera, salientando também que “o produto está feito, já existe, o que falta é ouvir os clientes e trazer para dentro das empresas essa expectativa”.
Uma lógica de equipa que o coaching pode fomentar a partir do potencial dos produtores e dos elementos das suas empresas, fazendo com que o todo se sobreponha à mera soma das partes. “Não basta ter um bom produto e ser um bom vendedor. A enologia e a viticultura são ciências exactas mas as vendas mexem com as pessoas e as suas emoções. É preciso criar um contexto, contar uma história e dar importância ao momento de consumo”, sintetiza.
Em Portugal, a wine coach diz que é preciso começar por ultrapassar a fase do “conscientemente ignorante” e desenvolver a vontade de aprender e explorar o que o sector do vinho tem para nos dar: “Temos o produto, temos as pessoas e o que é preciso é acreditar e perceber que temos a oportunidade de fazer muito mais pelo sector”. Daí que a sua grande ambição seja começar pelas grandes empresas e os líderes institucionais do sector. E não pede muito: “Seis sessões de coaching já seriam um bom impluso”.