Durante o passado fim-de-semana, a Wine in Azores contou com mais de uma centena de produtores, milhares de pessoas e uma animação e ambiente efervescente que fizeram do certame uma festa do vinho no sentido literal do termo, com os vinhos da região a reivindicarem cada vez mais um papel de parceiro no panorama nacional. Além da apresentação do exclusivo Arinto dos Açores Sur Lies, também a Cooperativa do Pico aproveitou o evento para dar a conhecer o Frei Gigante Garrafeira e a novidade absoluta dos seus PetNat, que prometem agitar a região.
Depois de vários anos no espaço das Porta do Mar, em Ponta Delgada, onde a feira se sentia já como que asfixiada, a organização arriscou este ano o gigantesco espaço do Pavilhão de Feiras da Associação dos Agricultores de São Miguel, na Ribeira Grande, com condições de fazer inveja à maioria dos congéneres nacionais. E se a principal dúvida dizia respeito à disponibilidade do público que todos os anos invadia o espaço das Portas do Mar para se deslocar até à Ribeira Grande, a questão ficou logo arrumada na tarde/noite de abertura, com o espaço literalmente a abarrotar. O vinho é mesmo uma festa nos Açores!
Quanto às novidades dos vinhos locais, todas do Pico, diga-se até que o Arinto Sur Lies, da Azores Wine Company, de António Maçanita e Felipe Rocha, era conhecido e recebeu já mesmo uma das maiores distinções de sempre para vinhos da região: 92 pontos da influente Wine Advocate.
O certame do fim-de-semana foi aproveitado para uma apresentação mais alargada, onde António Maçanita expressou a vontade de continuar a surpreender, agora que “há um maior controlo sobre a vinha e uma adega mais equipada”. O Arinto dos Açores é uma variedade única e distinta de todos os arintos, e este com estágio sobre borras demonstra-o de forma inequívoca. A par da textura e carácter untuoso, mostra uma frescura e salinidade que é realmente única e diferenciadora. Belo vinho!
Novidade absoluta são os PetNat, os vinhos completamente naturais, sem sulfitos ou leveduras, apresentados pela Cooperativa do Pico. Trata-se de um branco e um rosado, da responsabilidade dos enólogos Maria Álvares e Thomas Grundmann, cuja fermentação é interrompida pelo frio para depois prosseguir já em garrafa. Os vinhos ganham um gás natural que os torna apelativos e são fechados com carica, como um refrigerante. A técnica é comum em França e foram apresentados como novidade absoluta em Portugal, mas esta era uma tradição bem popular e enraizada no Minho até há bem pouco tempo. E de grande sucesso!
Muito interessante também o Frei Gigante Garrafeira 2011, o branco de mais larga distribuição e consumo nos Açores, que tem agora uma versão com envelhecimento em garrafa. À base de Verdelho, apresenta aroma e envolvência cativantes a que um pouco mais de estrutura e vivacidade na prova de boca dariam qualidades extraordinárias. Um belo exercício, a mostrar potencial para ambicionar voos mais arrojados.