Há automóveis que cativam à primeira vista. O Mercedes CLS alimentou desde sempre o sonho de muitos e a desconfiança dos que torciam o nariz a um coupé com quase cinco metros de comprimento. A nova geração reforçou argumentos estéticos para atrair os mais cépticos e aprumou o desempenho mecânico com motorizações possantes e mais eficientes, como fica patente na versão com o V6 de 306cv.
Quando foi lançado em 2004, o CLS surpreendeu pelo design arrojado, vincado pela linha curva que percorria a carroçaria a todo o comprimento. Os retoques de 2008 centraram-se no desenho das ópticas, preservando o aspecto geral. A nova geração, ligeiramente mais comprida, mais larga e mais baixa, exibe uma linha de cintura de traço mais suave, rematada por uma grelha de configuração robusta na ponta do longo capot. Na secção traseira sobressaem os grandes farolins com tecnologia LED.
O interior deste coupé de quatro portas, para igual número de lugares, está à altura da imagem exterior. Os materiais de revestimento de superior qualidade beneficiam de uma primorosa montagem. Os principais comandos encontram-se bem posicionados e apenas existe margem para duas notas de reparo: o travão de estacionamento de pedal já merecia uma solução eléctrica e o manípulo do "cruise-control" está demasiado próximo do comando dos piscas.
Os elevados níveis de conforto a bordo estão assegurados pela eficiente suspensão multi-link adoptada nos dois eixos, que na unidade ensaiada também tirava partido do sistema de amortecimento pneumático Airmatic (com o custo extra de 2829 euros). Esta opção permite escolher entre o modo de conforto e uma afinação mais desportiva. Além de filtrar bem os pisos degradados, contribui para reforçar o desempenho dinâmico por caminhos sinuosos e com um comportamento mais exigente. A direcção de bom tacto também permite manter a compostura, mesmo quando se abusa do acelerador em curvas lentas e, à partida, menos talhadas para um coupé desta envergadura. O programa electrónico de estabilidade (ESP), com controlo de tracção, entra em acção com parcimónia.
A motorização de 3.5 litros debita uns convincentes 306cv, bem repartidos pela rápida transmissão automática de dupla embraiagem com sete velocidades. A pujança do V6 é evidente, em qualquer regime, mas fica a impressão de podia ser mais fulgurante, principalmente no arranque e em função do "bruuáááá" que se faz ouvir (apesar da boa insonorização do habitáculo) quando se pisa com vigor o pedal da direita. Para uma passagem mais decidida de relações estão disponíveis apenas as patilhas atrás do volante, para onde também foi relegado o selector da caixa 7G-Tronic.
A panóplia de airbags montados de série inclui frontais, laterais, de joelho e da zona pélvica à frente, bem como de cortina até aos lugares posteriores. Só as almofadas laterais traseiras se pagam à parte. Embora bem equipado de origem com os principais sistemas de ajuda ao condutor, o CLS possui uma vasta lista de opções de personalização. Seja no campo do conforto, ou no domínio estético, como o pack desportivo AMG (3629 euros), composto por volante desportivo, jantes de liga leve de 18 polegadas e elementos exteriores (pára-choques e saias laterais com design distinto).
A versão 350 CGI BlueEfficiency arranca nos 84.414 euros, mas a versão ensaiada somava mais 19.090 euros de extras, elevando a factura para 103.294 euros. Este montante inclui 31.269 euros de impostos (ISV e IVA) para ajudar a pagar a crise.
Barómetro
+ Conforto, estética, desempenho dinâmico, caixa automática
- Travão de pedal, localização do cruise-control, altura dos lugares traseiros
Contido q.b.
O bloco de 3.5 litros de injecção directa a gasolina, apesar dos seus 306cv, possui um rendimento muito linear. Esta contenção chega, ainda assim, para se retirar alguma emoção de um automóvel concebido para conciliar um comportamento mecânico apurado com um rigoroso patamar de conforto. Os consumos, naturalmente, reflectem o tipo de utilização. O sistema Eco Start-Stop ajuda a minimizar as emissões e os gastos de combustível em cidade, que podem mostrar-se um pouco elevados. No entanto, uma média de 12 litros maioritariamente feita em circulação urbana pode baixar até aos 10 litros se o trajecto incluir vias rápidas percorridas a uma velocidade regular.
Ver em LED
Os elementos ópticos do CLS assumem contornos estéticos mas também de eficiência energética. O pontilhado das luzes diurnas e de presença junta-se ao dos piscas de mudança de direcção e das luzes de médios, tudo em tecnologia LED. Ao todo são contabilizados 71 diodos emissores de luz, que conferem uma aparência distinta ao coupé de luxo da marca alemã e aumentam a capacidade de iluminação comparativamente com as soluções convencionais. Está ainda disponível em opção um sistema de luzes inteligentes, com a função adaptativa de máximos, por mais 2153 euros.
Atenção à cabeça
Os dois lugares posteriores possuem espaço desafogado para as pernas dos ocupantes e a altura também não será problema desde que não apresentem uma estatura muito alta. Nesse caso a cabeça acabará por roçar no tejadilho devido à curvatura inerente ao formato coupé. Para preservar a intimidade dos passageiros está disponível uma cortina eléctrica para o óculo traseiro (615 euros). Já o sistema de rebatimento dos assentos Easy-Pack custa 554 euros. Os normais 520 litros de capacidade da bagageira, que aloja um pneu sobressalente, continuarão a não permitir transportar um piano, mas pode dar jeito para objectos mais longos.
Quem avisa...
A segurança tem sido uma das principais apostas da indústria automóvel e a Mercedes tem desenvolvido a sua quota-parte de sistemas de protecção dos ocupantes. O CLS apresenta de série o sistema de alerta de cansaço do condutor, travões adaptativos com ajuda ao arranque (hold) ou "cruise-crontrol" com limitador de velocidade e função de travagem. Já o pack de assistência activa de faixa de rodagem custa 1107 euros. O sistema avisa através de trepidação no volante da mudança involuntária da via de rodagem e inclui o assistente de ângulo morto, que emite sinal luminoso e sonoro da presença de um veículo "escondido" no lado obscuro dos espelhos.
FICHA TÉCNICA
Mecânica
Cilindrada: 3498cc
Potência: 306cv às 6500 rpm
Binário: 370 Nm às 3500-5250 rpm
Cilindros: 6 em V
Válvulas: 24
Alimentação: injecção directa a gasolina
Tracção: traseira
Caixa: automática de 7 velocidades
Suspensão: independente, tipo multi-link, com amortecimento pneumático activo e barra estabilizadora, à frente e atrás;
Direcção: pinhão e cremalheira, assistida (variável)
Travões: discos ventilados e perfurados á frente, ventilados atrás
Dimensões
Comprimento: 494 cm
Largura: 188,1 cm
Altura: 141,6 cm
Peso: 1735 kg
Pneus: 245/45 R17
Capac. depósito: 59 litros
Capac. mala: 520 litros
Prestações
Velocidade máxima: 250 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h: 6,1s
Consumo misto: 6,8 litros/100 km
Emissões CO2: 161 g/km
Preço: 84.414 euros (versão ensaiada: 103.294 euros)
*Dados do construtor
EQUIPAMENTO
Segurança
ABS: Sim, com assistência à travagem
Airbags frontais: Sim
Airbags laterais: Sim
Airbgas laterais traseiros: Opção (353 euros)
Airbags de cortina: Sim
Airbag de joelho para condutor: Sim
Airbag zona pélvica: Sim
Controlo de tracção: Sim
Programa Electrónico de Estabilidade: Sim
Vida a bordo
Vidros eléctricos: Sim
Fecho central: Sim
Comando à distância: Sim
Direcção assistida: Sim
Retrovisores eléctricos: Sim
Ar condicionado: Sim, automático
Abertura do depósito interior: Não
Abertura da mala interior: Sim
Bancos traseiros rebatíveis: Opção (554 euros)
Jantes de liga leve: Sim
Rádio CD: Sim
Comandos no volante: Sim
Volante regulável em altura: Sim
Volante regulável em profundidade: Sim
Computador de bordo: Sim
Alarme: Opção (615 euros)
Estofos em pele: Sim
Bancos dianteiros eléctricos: Sim (condutor)
Bancos aquecidos: Pack Confort (1538 euros)
Tecto de abrir: Opção (1538 euros)
Navegação por GPS: Opção (3506 euros)
Telefone integrado: Sim
Regulador de velocidade: Sim
Sensores de chuva: Sim
Sensores de luminosidade: Sim
Sensores de parqueamento: Opção, activos (1059 euros)
Faróis de nevoeiro: Sim
Faróis de xénon: Sim
Lava Faróis: Sim
