Fugas - motores

Ricardo Silva

Mercedes-Benz CLS 350 CGI BlueEfficiency: Mais do que um palminho de cara

Por Luís Filipe Sebastião

Foi uma pedrada no charco no conservadorismo do emblema alemão e criou um novo segmento. A Fugas comprovou que a renovação da fórmula permite continuar a sonhar com este coupé exclusivo.

Há automóveis que cativam à primeira vista. O Mercedes CLS alimentou desde sempre o sonho de muitos e a desconfiança dos que torciam o nariz a um coupé com quase cinco metros de comprimento. A nova geração reforçou argumentos estéticos para atrair os mais cépticos e aprumou o desempenho mecânico com motorizações possantes e mais eficientes, como fica patente na versão com o V6 de 306cv.

Quando foi lançado em 2004, o CLS surpreendeu pelo design arrojado, vincado pela linha curva que percorria a carroçaria a todo o comprimento. Os retoques de 2008 centraram-se no desenho das ópticas, preservando o aspecto geral. A nova geração, ligeiramente mais comprida, mais larga e mais baixa, exibe uma linha de cintura de traço mais suave, rematada por uma grelha de configuração robusta na ponta do longo capot. Na secção traseira sobressaem os grandes farolins com tecnologia LED.

O interior deste coupé de quatro portas, para igual número de lugares, está à altura da imagem exterior. Os materiais de revestimento de superior qualidade beneficiam de uma primorosa montagem. Os principais comandos encontram-se bem posicionados e apenas existe margem para duas notas de reparo: o travão de estacionamento de pedal já merecia uma solução eléctrica e o manípulo do "cruise-control" está demasiado próximo do comando dos piscas.

Os elevados níveis de conforto a bordo estão assegurados pela eficiente suspensão multi-link adoptada nos dois eixos, que na unidade ensaiada também tirava partido do sistema de amortecimento pneumático Airmatic (com o custo extra de 2829 euros). Esta opção permite escolher entre o modo de conforto e uma afinação mais desportiva. Além de filtrar bem os pisos degradados, contribui para reforçar o desempenho dinâmico por caminhos sinuosos e com um comportamento mais exigente. A direcção de bom tacto também permite manter a compostura, mesmo quando se abusa do acelerador em curvas lentas e, à partida, menos talhadas para um coupé desta envergadura. O programa electrónico de estabilidade (ESP), com controlo de tracção, entra em acção com parcimónia.

A motorização de 3.5 litros debita uns convincentes 306cv, bem repartidos pela rápida transmissão automática de dupla embraiagem com sete velocidades. A pujança do V6 é evidente, em qualquer regime, mas fica a impressão de podia ser mais fulgurante, principalmente no arranque e em função do "bruuáááá" que se faz ouvir (apesar da boa insonorização do habitáculo) quando se pisa com vigor o pedal da direita. Para uma passagem mais decidida de relações estão disponíveis apenas as patilhas atrás do volante, para onde também foi relegado o selector da caixa 7G-Tronic.

A panóplia de airbags montados de série inclui frontais, laterais, de joelho e da zona pélvica à frente, bem como de cortina até aos lugares posteriores. Só as almofadas laterais traseiras se pagam à parte. Embora bem equipado de origem com os principais sistemas de ajuda ao condutor, o CLS possui uma vasta lista de opções de personalização. Seja no campo do conforto, ou no domínio estético, como o pack desportivo AMG (3629 euros), composto por volante desportivo, jantes de liga leve de 18 polegadas e elementos exteriores (pára-choques e saias laterais com design distinto).

A versão 350 CGI BlueEfficiency arranca nos 84.414 euros, mas a versão ensaiada somava mais 19.090 euros de extras, elevando a factura para 103.294 euros. Este montante inclui 31.269 euros de impostos (ISV e IVA) para ajudar a pagar a crise.

--%>