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Tozé Martinho: Negócio "à sombra do Porsche"

Por Isabel Sottomayor

A primeira vez que Tozé Martinho "conduziu" o seu carro de sonho tinha sete anos.

Era o Porsche 911 SC verde-escuro do pai, que, de quando em quando, lhe dava o gosto de, mesmo sem chegar com os pés aos pedais, simular estar aos comandos da "máquina". O entusiasmo pela "condução" era de tal ordem que ainda hoje Tozé Martinho guarda algumas das fotografias que lhe foram tiradas na altura.

Desses tempos, além das memórias fotográficas, ficou o sonho de voltar a conduzir um desses carros. Agora a sério. Tinha 33 anos quando comprou o Porsche 911 preto, que manteve durante alguns anos até ser "obrigado" a vendê-lo - é que os Porsche desportivos são demasiados "possessivos" para admitir uma família com dois filhos. O actor e autor de telenovelas não esquece, no entanto, alguns dos episódios que viveu com esse carro. Como o do dia em que ele o "ajudou" num negócio.

Na época, Tozé Martinho estava à frente de uma propriedade da sua família, a Quinta da Silveira, na zona do Douro. Entre outras coisas, a quinta produz vinho que era vendido pessoalmente a clientes que lá se deslocavam. Num desses dias, Tozé dava um passeio pela propriedade com um comprador e o acordo afigurava-se particularmente difícil. O homem estava a negociar "de cima da burra", enquanto Tozé tentava, com alguma habilidade, vender o vinho ao preço que achava justo.

Foi "uma mãozinha do Porsche" que lhe poupou os argumentos. A certa altura, Tozé teve de interromper a conversa para ir buscar alguma coisa ao carro. Já nem se lembra do que foi buscar, mas bendiz a hora em que sentiu essa necessidade. É que, na volta, a atitude do comprador tinha mudado por completo. A arrogância tinha desaparecido e, depois de trocarem algumas impressões acerca do carro, fecharam o negócio tal como Tozé queria. "A certa altura", lembra, divertido, "quase parecia que era eu o cliente e ele o vendedor". O negócio fez-se "literalmente à sombra do Porsche".

Hoje Tozé Martinho conduz uma carrinha Mercedes classe C, mas o "bichinho" do Porsche mantém-se. "Espero ainda voltar a ter outro Porsche. É um dos meus sonhos".

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