Fugas - motores

  • Rui Soares
  • O sistema de chassis FlexRide é, na prática, uma forma de multiplicar este carro por dois.
    O sistema de chassis FlexRide é, na prática, uma forma de multiplicar este carro por dois. Rui Soares
  • Há mais espaço para as pernas e os passageiros dispõem de várias comodidades.
    Há mais espaço para as pernas e os passageiros dispõem de várias comodidades. Rui Soares
  • È impossível defender a presença de tantos botões no tablier.
    È impossível defender a presença de tantos botões no tablier. Rui Soares
  • O GTC tem umas rodas gigantes.
    O GTC tem umas rodas gigantes. Rui Soares
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Novas virtudes de um carro universal

Por Luís Francisco

A versão mais despachada do Astra (o verdadeiro desportivo, o OPC, há-de vir lá para o final da Primavera) significa mais do que apenas um reforço de potência. Sem perder as qualidades dos modelos de cinco portas, este é todo um novo carro. Com um leque de utilizações ainda mais vasto. E um preço de combate.

Primeira nota a reter: só há três peças em comum entre as versões do Astra cinco portas e a declinação GTC que agora chega ao mercado. À excepção dos puxadores das portas, da antena do rádio e dos retrovisores laterais, tudo é novo neste carro. O que não quer dizer que muita coisa mude no modelo. E ainda bem.

Esta versão mais musculada (há três motores, dois a gasolina - 1.4 de 140cv e 1.6 de 180cv - e um diesel, aqui testado) mantém intactas as qualidades da berlina e a sua facilidade de utilização, uma área em que a Opel tem dado bons passos, tornando os seus modelos cada vez mais universais. O que se consegue agora é proporcionar sensações de condução que antes não se encontravam.

Os GTC curvam melhor e respondem de forma mais pronta às solicitações do condutor. E isso é conseguido sem prejudicar os padrões de conforto a bordo, algo sempre de assinalar. Em termos dinâmicos, a impressão mais forte é mesmo a capacidade de o carro se agarrar às curvas, nomeadamente a solidariedade do eixo traseiro em trajectórias mais apertadas. O GTC raramente perde a compostura e, quando isso acontece, não é por causa da direcção.

É por causa dos travões. Em primeiro lugar, sente-se que o pedal é muito esponjoso, atrasando a entrada em acção das pastilhas sobre os discos - e isto nota-se mesmo a baixa velocidade, quando tentamos deter o carro numa fila e percebemos que a pressão que estamos a exercer no pedal não é suficiente. Daí a começarmos a pisar com excesso de zelo pode ir um passo, mas, com o tempo, encontra-se um equilíbrio. Só que esta "preguiça" do sistema não é a única falha - pelo menos em duas ocasiões, em situação de relativo desequilíbrio, a traseira oscilou lateralmente. Não foi grave, mas é sempre desagradável.

E, em termos de reparos, ficamos por aqui. A caixa é muito boa, talvez com relações um bocadinho mais compridas do que seria de esperar, mas sempre de bom toque e suficientemente rápida para garantir alguma adrenalina. A direcção também se mostra à altura e o motor de dois litros turbodiesel é uma maravilha, potente e muito disponível (excelentes recuperações, graças a um binário elevado), para além de económico. Em teste, e com alguns exageros à mistura, o consumo final roçou os 8 litros/100 km, mas há-de ser muito fácil baixar este valor... Dava jeito, nesse caso, é que a indicação de mudança de velocidade fosse mais interventiva (na verdade, quase não se dá por ela). A insonorização também podia ser mais eficaz.

Um ponto onde se notam progressos é na filtragem das vibrações do motor, que ainda se sentem no pedal da embraiagem (especialmente no modo Sport), mas já não no comando da caixa de velocidades. Graças ao sistema FlexRide (em opção, mas acessível), podemos optar por dois modos dinâmicos específicos para lá da configuração normal. Em Tour temos um carro optimizado para longas viagens, privilegiando o conforto e a economia a velocidades de cruzeiro estáveis; no modo Sport o carro torna-se mais nervoso e acutilante. E, diga-se, o Astra GTC ganha uma vida bem diferente nesta configuração.

Sim, este é um carro para a família. Mas, já se disse, responde a muito mais expectativas do que as versões base. E uma delas é o gozo pessoal do condutor. Deixando a família em casa e optando pelo modo Sport, é possível descobrir aqui qualidades dinâmicas e um temperamento fogoso que proporcionam ao condutor médio uma boa gama de experiências de condução. Ou seja, com o mesmo automóvel, já duplicámos o leque de utilizações. Só podia ser mesmo essa a ideia do construtor alemão ao conceber esta versão mais despachada de um carro familiar com provas dadas. Para mais, fê-lo com elegância (bela linha exterior) e sem soçobrar nos interiores, onde só é difícil gostar da tradição da marca de manter folgas grandes entre as peças do tablier.

E, já agora, o Astra GTC diesel chega ao mercado com um preço que arrasa a concorrência: o mais próximo, o Alfa Romeo Giulietta 2.0 JTDm-2 170cv, custa 35.000€. A partir daí, é sempre a subir...


BARÓMETRO


+
Visual, qualidade geral, comportamento, caixa de velocidades, motor, suspensão, facilidade de utilização, preço competitivo

- Travões, visibilidade a ¾, alguns materiais, pormenores de ergonomia, tablier com demasiados botões, manobrabilidade


Simpático

Apesar de os lugares traseiros serem mais pequenos em largura do que na berlina de 5 portas (duas pessoas viajam bem, a terceira irá apertada, apesar de o lugar central ser bem mais confortável do que outros similares na concorrência), há mais espaço para as pernas e os passageiros dispõem de vários arrumos, uma tomada de 12V, bolsas nas costas dos bancos da frente, luzes de leitura e, se forem só dois, apoio de braços ao centro com suporte para copos e uma caixa de arrumação. Já agora, referência para a bagageira, que mantém as dimensões interessantes, mas tem um desnível acentuado entre o fundo e a abertura da porta, complicando o manuseamento de volumes pesados. A porta abre-se carregando no emblema da marca (e a referência fica aqui porque o dispositivo está longe de ser evidente...).

Enormes
Os carros da Opel têm rodas grandes. O desenho do protótipo do GTC tinha rodas enormes. E, portanto, o GTC tem umas rodas gigantes, o que funciona bem em termos de design e até garante a altura suficiente para uma boa visibilidade (para a frente e para os lados apenas, porque os ângulos estão penalizados pelo volume dos pilares). A ampla regulação do posto de condução permite que conduzamos em posição mais rebaixada ou optar por uma mais alta, "à monovolume", e a suspensão resiste bem ao mau piso. Uma nota de desconforto para os sensores de estacionamento, que estão afinados de forma algo "histérica" - a um metro do obstáculo já apitam desalmadamente, como se a colisão fosse iminente.

Complicado
Há quem goste, há quem deteste. Mas também há regras de bom senso a cumprir. Neste caso, é impossível defender a presença de tantos botões no tablier e na consola central (demasiado volumosa, já agora). Mesmo com alguma habituação, é bem provável que nos confundamos, especialmente se tentarmos realizar algumas tarefas enquanto estamos ao volante. E a verdade é que, pesem os progressos registados na facilidade de utilização, nomeadamente nos comandos do rádio (agora com um selector rotativo, ao jeito de marcas como a BMW ou a Mercedes), há ainda algumas coisas que desafiam a paciência do utente. Por exemplo: como é que se selecciona o modo nocturno no ecrã de navegação, para não levarmos com aquele banho de luz nos olhos enquanto conduzimos no escuro?

Personalidade
Há opções que valem o seu peso em ouro e esta é uma delas. O sistema de chassis FlexRide, que permite controlar electronicamente a suspensão para três modos dinâmicos distintos (Tour, Standard e Sport), é, na prática, uma forma de multiplicar este carro por dois. Assim que optamos pelo modo Sport e se acendem as luzes a vermelho no tablier, é toda uma nova experiência de condução que se desfruta. Por 750 euros, vale bem a pena. Aliás, a Opel assume uma política de disponibilizar opções a preços acessíveis. E na lista do GTC há alguns bastante interessantes, como a câmara dianteira (e todas as funcionalidades que lhe estão acopladas), o pára-brisas panorâmico ou os faróis de xénon adaptativos.


FICHA TÉCNICA

Preço: 32.700€ (viatura testada: 34.625€)

Mecânica

Cilindrada: 1956cc
Potência: 165cv às 4000 rpm
Binário: 350 Nm entre as 1750 e as 2500 rpm
Cilindros: quatro
Válvulas: 16
Alimentação: turbodiesel de injecção directa por conduta comum
Tracção: dianteira
Caixa: manual de seis velocidades
Suspensão: tipo McPherson, à frente; eixo de torção com link Watt, atrás
Direcção: pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica variável
Travões: discos ventilados à frente, discos atrás


Dimensões

Comprimento: 446,6 cm
Largura: 184,0 cm
Altura: 148,2 cm
Distância entre eixos:    269,5 cm
Peso: (a partir de 1393 kg)
Pneus: 235/50 R18
Capac. depósito: 56 litros
Capac. mala: 380 litros

Prestações
Veloc. máxima: 210 km/h
Aceleração 0 a 100 km/h: 8,9s
Consumo misto: 4,8 litros/100 km
Emissões CO2: 127 g/km

EQUIPAMENTO

Segurança
ABS: Sim
Airbags dianteiros: Sim
Airbags laterais: Sim (à frente)
Airbags cortina: Sim
Airbag joelho para o condutor: Não
Controlo de tracção: Não
Controlo de estabilidade (ESP): Sim
Sistema FlexRide (suspensão de controlo electrónico): Opção (750€)
Travão de estacionamento eléctrico:nOpção (75€)
Sistema Opel Eye (detecção de sinais, sensor de trânsito): Opção (500€)
Ajuda ao arranque em subida: Sim

Vida a bordo
Vidros eléctricos: Sim
Fecho central: Sim
Comando à distância: Sim
Direcção assistida: Sim
Sistema Start/Stop: Sim
Retrovisores eléctricos: Sim (aquecidos)
Ar condicionado: Sim (automático de duas vias)
Abertura do depósito no interior: Não
Jantes especiais: Sim
Rádio CD (MP3 e entrada Aux): Sim
Comandos no volante: Sim
Volante regulável em altura: Sim
Volante regulável em profundidade: Sim
Computador de bordo: Sim
Bancos dianteiros eléctricos: Não
Bancos dianteiros aquecidos: Opção (200€)
Estofos em pele: Opção (1000€)
Pára-brisas panorâmico: Opção (só na Primavera de 2012)
Navegação por GPS: Opção (entre 750 e 1200€)
Regulador de velocidade: Sim
Sensores de chuva: Sim
Sensores de luminosidade: Sim
Sensores de estacionamento: Opção (à frente e atrás, 350€)
Indicador da pressão dos pneus: Opção (200€)
Faróis de nevoeiro: Sim
Faróis de xénon: Opção (adaptativos, 900€)
Sistema de transporte de bicicletas: Não

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