Fugas - motores

  • Pedro Maia
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O Beetle é uma espécie de máquina do tempo

A dúvida que fica, depois de testar a motorização de entrada na gama, é perceber até que ponto o passado do Beetle terá de ser (ainda) mais "descaracterizado" para acolher maior potência. Com 105cv sobre o eixo dianteiro, sentimos bem a força do motor, controlamos de forma sóbria os andamentos e as trajectórias, viajamos com níveis de conforto aceitáveis. Nada disto é superlativo. Mas é, apesar de tudo, gerador de algumas memórias deliciosas. Aumentando a potência, será preciso agarrá-la de forma ainda mais ostensiva, o que obriga a afinar os compromissos mecânicos.

Por outras palavras, se este Beetle já está longe do seu antepassado, qualquer versão mais potente (nomeadamente a de 200cv) poderá vir a tornar o carro ainda mais parecido com todos os outros, em nome dos parâmetros de segurança. Se isso acontecer para criar padrões de excelência em termos dinâmicos (como sucede com o Mini), então será de saudar. Caso contrário, ficaremos limitados a apreciar o ícone visual. Ainda assim, vale a pena.


BARÓMETRO

+ Visual, motor, caixa de velocidades, lugares dianteiros, preocupação universalista

- Preço, lugares traseiros, revivalismo muito controlado, comportamento demasiado "moderno"

Saudades
A pega lateral de couro não é apenas uma poderosa vitamina da memória, por nos levar imediatamente até aos Carocha de antigamente. Mostra-se muito prática para quem quer sair dos lugares traseiros, por fornecer um bom ponto de apoio e de fácil utilização. A sua presença, no entanto, tem um efeito "perverso": deixa-nos a pensar se seria assim tão difícil ter acesso a mais alguns pormenores que fizessem a ponte com o passado do modelo...

Limitados
Em largura, cabem dois. Em altura, há que evitar gente de estatura acima de 1,70m. Em profundidade, convém encaixar bem os joelhos. Os lugares traseiros do Beetle não são um exemplo de espaço e funcionalidade. Cumprem a sua função básica, que é estarem lá, mas depois começam os problemas. Até uma criança na sua cadeira pode ver-se com as pernas "apertadas" se quem viaja à frente recuar muito o seu banco. O acesso é bastante razoável.

Cinzento
O comportamento do Beetle não é bom nem mau. É eficaz, sim; é rotineiro, também. Sem precisar de provar o que quer que seja a esse nível, a VW podia ter aproveitado esta oportunidade para criar um conceito diferente, inovador, que pudesse estabelecer um arco virtuoso entre o passado e o futuro. Mas não. Conduzir o Beetle é um pouco como conduzir outro VW qualquer. É bom. Mas não faz a diferença. Que pena.


FICHA TÉCNICA

Mecânica

Cilindrada: 1197cc
Potência: 105cv às 5000 rpm
Binário: 175 Nm entre as 1550 e as 4100rpm
Cilindros: 4
Válvulas: 8
Alimentação: injecção directa de gasolina, turbo
Tracção: dianteira
Caixa: manual de 6 velocidades
Suspensão: Tipo McPherson, à frente; eixo rígido, atrás
Direcção: Pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica variável,
Travões: Discos ventilados à frente, discos atrás
Dimensões
Comprimento: 427,8 cm
Largura: 180,8 cm
Altura: 148,6 cm
Peso: 1349 kg
Pneus: 215/55 R17
Capac. depósito: 55 litros
Capac. mala: 310 litros

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