Fugas - motores

Vale a pena fazer as contas

Por Luís Francisco

É a primeira vez que a tecnologia híbrida assenta sobre um motor diesel. O balanço geral é positivo, mas nem sempre esta solução se revela mais económica do que as tradicionais. Vale a pena fazer as contas. Porque, para lá dos consumos, há um bom carro à nossa espera.
Quando se roda a chave, apenas o silêncio nos responde. Mas a mensagem no quadro de instrumentos indica que o motor eléctrico está pronto para entrar em acção. Acelerador e ainda o silêncio. Só depois vem o som do propulsor diesel. Os carros híbridos são uma das mais fortes opções para quem precisa de poupar combustível e agora a Peugeot desbrava caminho com o 3008 Hybrid4, que conjuga um motor turbodiesel de 163cv com outro eléctrico de 37cv.

Basta olhar para estes números para termos a certeza de que não lutaremos com falta de potência - e ela aparece depressa, graças à rapidez de resposta dos sistemas eléctricos. Mas como não se compra um crossover para alcançar proezas ao volante, a questão fundamental não é se conseguimos andar bem. É se o fazemos de forma eficaz e económica.

E aqui a resposta não é única. Em condução descontraída por estradas nacionais, o 3008 Hybrid4 não nos deixa mal, mas tão-pouco nos faz esquecer os modelos turbodiesel convencionais. Em auto-estrada, fica mesmo claramente a perder. Resta o meio urbano, onde a possibilidade de cumprir partes do percurso em velocidade reduzida e utilizando apenas o propulsor eléctrico marca a diferença.

Ou seja, se é para utilizar nas pequenas deslocações dentro da cidade, então esta é a solução mais económica. Dentro de um universo SUV (Sports Utility Vehicle), entenda-se, que há por aí muitos outros carros mais económicos - o que não conseguem é oferecer o espaço e a polivalência do 3008. E quando falamos de polivalência há que ter em conta o pormenor significativo de este modelo da Peugeot permitir mesmo a opção de modo condução com tracção integral - desliga-se automaticamente a mais de 120 km/h.

Os outros modos são o normal, o totalmente eléctrico (desliga-se acima dos 70 km/h) e um Sport - que "aguça" as respostas do motor e da caixa automática. Mas isto complica ainda mais a dura luta para aproximar os valores de consumo apresentados pela marca (e "aproximar" é um verbo optimista...). Na verdade, com o motor eléctrico a mostrar-se muito rápido a ceder o passo ao propulsor térmico mal se carrega um bocadinho mais no pedal do acelerador, é difícil não ultrapassar os 20 por cento de regime que marcam a fronteira entre a condução híbrida e a convencional (o valor é apresentado num manómetro que substitui o conta-rotações).

Mecanicamente, fica a sensação geral de alguma inconsistência, devido, essencialmente, a dois factores: um eixo dianteiro que parece digerir mal a potência e passa essas hesitações para a direcção; e uma caixa automática muito datada, que não tem nem a rapidez nem a suavidade do que já muito por aí se faz. Um "pormenor" claramente a rever e que é um ponto fraco do grupo PSA (as mesmas lacunas eram evidentes num Citroën C4 testado anteriormente).

Apesar destas limitações, a condução do 3008 Hybrid não é desagradável, desde que não estejamos sempre a olhar para o gráfico de potência - curiosa é a indicação, num gráfico ao lado, do consumo médio nos últimos cinco períodos de cinco minutos. Neste teste, raramente foi possível baixar dos 6 litros/100 km, um número pouco impressionante para um veículo que aposta na economia e consciência ecológica.

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