Fugas - motores

Bons resultados sem seguidismos

Por Aníbal Rodrigues

O Mazda6 foi sempre um modelo de sucesso do construtor de Hiroshima e, nesta terceira geração, mostra-se mais apetrechado do que nunca para continuar a sê-lo.
Para poupar combustível e reduzir emissões poluentes, a generalidade dos construtores está a apostar em motores mais pequenos e com menos cilindros. Veja-se o caso, relativamente impensável há poucos anos, da BMW. Este reputado fabricante de motores 3.0 litros com seis cilindros em linha já anunciou o lançamento de um novo 1.5 com três cilindros. Porém, só o tempo revelará a longevidade desta avalanche de pequenos motores com menos de quatro cilindros. Já o facto de um motor diesel a rondar os 2.0 litros com quatro cilindros percorrer centenas de milhares de quilómetros não é surpresa para ninguém.

É neste contexto que a Mazda parece apostada em desafiar as lógicas e as tendências. E quem lhe pode dizer que está errada ao propor um motor 2.2 diesel de quatro cilindros e 150cv? A verdade é que, com os contributos do programa Skyactiv de optimização de motores, caixas de velocidades, chassis e carroçarias, estreado no recente CX-5, o novíssimo Mazda6 reivindica um gasto médio de 3,9 l/100 km, o que constitui, actualmente, o melhor valor do segmento. Isto, claro está, considerando apenas modelos convencionais. Se incluirmos híbridos diesel/eléctrico, então Citroën DS5 e Peugeot 508 ostentam valores ainda mais comedidos.

O novo 6 chega a Portugal no primeiro trimestre do próximo ano, nas versões Sedan e Station Wagon (SW), unicamente com o já citado motor 2.2 diesel de 150cv. Mas ainda antes de iniciar a sua carreira comercial por cá, a Mazda fará a apresentação internacional do modelo à imprensa na zona de Troia. A Mazda teve em conta a situação do país e a aflição que se vive no sector automóvel para definir a gama do novo 6. Isto significou abdicar de motores que estarão presentes noutros mercados, caso de uma variante do mesmo 2.2 diesel com 175cv e, a gasolina, um 2.0 de 145 e 165cv e um 2.5 de 192cv.

A juntar à racionalidade deste novo automóvel, acrescente-se que o motor 2.2 diesel já cumpre a futura norma de emissões Euro VI, que entrará em vigor em Setembro de 2014, e dispensa sistemas de pós-tratamento de óxidos de nitrogénio (NOx) que são caros de manter. É possível acrescentar que um Mazda beneficia da conhecida fiabilidade dos carros nipónicos, mas é também inegável o apelo da sua estética, permitindo-lhe combinar razão e emoção.

Maior do que o seu antecessor em comprimento, largura e altura, a Mazda volta a contrariar os costumes ao apresentar uma carrinha mais pequena do que o Sedan e que é, ainda assim, maior do que a sua antecessora. O espaço a abordo também aumentou e, com isto, registou-se uma diminuição dos valores das bagageiras, que agora totalizam 489 litros no Sedan e 522 litros na SW. Já o tablier de bordo, para além de decalcar praticamente o do CX-5 parece-se demasiado com outras criações da marca e, por ser tão clássico, não acompanha a evolução estética do exterior. Porém, saúde-se a evolução qualitativa registada a bordo.

Todas as unidades comercializadas em Portugal terão de série o novo sistema i-ELOOP. Trata-se de um condensador que armazena energia eléctrica e que se alimenta das desacelerações e travagens. A electricidade disponível no "armazém" tanto pode ser depois usada para recarregar a vulgar bateria como para alimentar directamente dispositivos como o ar condicionado ou os limpa-vidros. Segundo a Mazda, o i-ELOOP contribui para poupar combustível e também para aumentar a vida útil da bateria. Para se perceber o efeito, refira-se que o mesmo 2.2 D com 150cv, sem i-ELOOP (disponível noutros mercados que não o português) gasta, em média, 4,4 litros e não 3.9.  

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