Fugas - motores

Esta empresa é (muito) mais que pneus

Por João Palma

Quando se fala em Continental, todos pensamos num fabricante de pneus. Porém, a empresa alemã é muito mais que isso: no Continental TechShow 2015 apresentaram-se múltiplas propostas de mobilidade que em breve serão vistas nas estradas.

Foi um dia intenso, recheado de novidades, o que em 9 de Junho passámos no Contidrom, as instalações técnicas e área de testes da Continental, perto de Hanôver (Alemanha), onde decorreu o Continental TechShow 2015. Das 9h às 21h, num programa denso, foram apresentadas à imprensa internacional as múltiplas soluções tecnológicas criadas pela empresa para a indústria automóvel e que, dentro de três a cinco anos, serão vistas nas estradas. Ah!... Também foram apresentados dois novos pneus.

A mostra, sob o lema The Future in Motion (O Futuro em Movimento) estava dividida em seis ilhas temáticas: Building Blocks for Future Mobility (Elementos-Base para a Futura Mobilidade); SensePlanAct (SentirPlanearAgir – rumo a uma circulação automóvel automatizada sem condutor); Efficiency and Driving Fun (Eficiência e Prazer de Condução); Innovative HMI Solutions Based on a Holistic Approach (Soluções Inovadoras de Interface Homem Máquina Baseadas numa Abordagem Holística); Engineering Next Level (O Nível Que se Segue na Engenharia); e Innovations for Maximum Grip (Inovações para uma Aderência Máxima) com a apresentação de dois novos pneus – ContiPremiumContact 5, a nova geração de pneus de alta performance da Continental, e Conti.eContact, para veículos híbridos/eléctricos, que descreveremos em pormenor num próximo texto.

As soluções apresentadas visam atacar os três grandes problemas da mobilidade automóvel actual: a circulação e os engarrafamentos, os acidentes, as emissões e o impacte ambiental. O objectivo é fechar o círculo entre veículo, condutor e ambiente.

No tema Building Blocks foi apresentada a motivação para novas tecnologias aplicáveis aos veículos, sabendo-se que, por exemplo, os alemães passam 36 horas anuais em engarrafamento, que 90% dos acidentes se devem a erro humano e que o modo de condução tem um impacto de até 20% no consumo de combustível. A longo prazo, a solução é uma circulação automatizada sem condutor. Mas porque não se pode ainda comprar um veículo 100% automatizado? Alguns dos obstáculos são os aspectos legais, o aperfeiçoamento dos sistemas redundantes de assistência à condução, a conexão dos veículos em interface com as redes viárias e em comunicação contínua (por exemplo, resposta aos sinais de trânsito e semáforos e às movimentações de outros carros), bem como a melhoria dos sistemas activos de navegação por meio do eHorizon (informa o condutor/veículo de situações que ocorrem para além do campo de visão).

Se um carro tem sistemas de assistência ao condutor ou circula de modo automatizado, tem de sentir o ambiente e a situação actual do veículo, planear as acções requeridas e actuar usando os sistemas de controlo e actuadores do veículo. A Continental concebeu dispositivos de assistência à condução que pudemos ver ou experimentar, tanto sistemas simples e autónomos como sistemas em rede para uma circulação automatizada: câmaras estéreo multifunções, câmaras de visão a 360º, Lidar (sensores de laser), radares, sistemas de travagem autónoma, de controlo electrónico do chassis, etc.

Com o mesmo objectivo de converter o condutor/operador de máquina em utilizador gourmet, com o carro a transformar-se num escritório ou espaço de lazer móvel, a empresa alemã também trabalha em soluções para a Interface Homem/Máquina baseadas numa abordagem holística, fazendo a ligação entre o ambiente (situação de trânsito, infra-estruturas,etc.), o utilizador (necessidades, preferências, condições) e o veículo (manobras, posição e velocidade). Nesse sentido, foi possível experimentar sistemas de substituição dos retrovisores por espelhos/ecrãs com visão total; uma câmara interior que permite analisar o comportamento do condutor; um ecrã táctil sofisticado, que, sem olhar para ele, pela diversidade de sensações ao toque dá a possibilidade de identificar as diferentes funções e accioná-las; um head-up display sofisticado que interage com os sistemas de assistência à condução; ecrãs curvos, etc.

Na vertente mais mecânica, referência para um novo motor eléctrico concebido pela Continental para o mercado chinês e para a terceira geração de unidades electrónicas com 240kW de potência para veículos eléctricos. Também pudemos conduzir um veículo híbrido eléctrico/gasolina (Mild Hybrid 48V) criado em parceria com a Schaeffler mais eficiente que os actualmente comercializados, bem como um Mini Cooper com um novo e mais eficaz turbocompressor em alumínio.

Ainda no domínio de novos materiais, foram apresentados um novo tipo de pele sintética com o toque da natural, mas mais durável e barata, um eixo traseiro de transmissão em poliamida (já em uso pela Mercedes-Benz), tubos em plástico para substituir metal, correias de transmissão em materiais mais leves e resistentes, uma pasta condutora à base de polímeros que, aplicada no reverso de estofos e materiais de cobertura, transmite calor para o interior dos carros sem necessidade de cabos de aquecimento, entre outras inovações.

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