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No Barthoven a música clássica é servida on the rocks

Por Luís J. Santos ,

O trocadilho mostra tudo: o Barthoven é um bar onde Beethoven (e seus confrades) faz parte da banda sonora. Eis o primeiro espaço português de música clássica para beber um copo e conviver em ambiente de eruditas sonoridades. Incluindo ao vivo. Sentados em cadeirões vermelhos e rodeados de itens museológicos, sentimos a verdadeira arte desta radical fuga noctívaga, orquestrada pela Sinfónica Juvenil.

"Se uma pessoa vai a um bar porque é de jazz ou de rock, porque quer uma música específica, também quem gosta de clássica tem agora aqui o seu bar", diz-nos Vítor Mota, director da Orquestra Sinfónica Juvenil (OSJ) e um dos grandes dinamizadores da abertura deste Barthoven tornado o primeiro bar português de música clássica. Estamos a dois passos do Largo do Carmo e a meia dúzia da meca da noite alfacinha, o Bairro Alto, onde as massas e as músicas que correm são muito, muito diferentes.

Entre dois copos e uma sinfonia de Mozart ou um quarteto do compositor que ajuda a dar um nome catita ao bar - elementar, meu caro Beethoven -, a noite, nesta casa de dois pisos, bem apetrechada para a música e o conforto, faz-se de espaço para a conversa, interpretações ao vivo ou mesmo, num futuro próximo, de tertúlias variadas. "Potenciamos o bar de duas maneiras: como bar, claro, mas também como espaço de apresentação de jovens músicos", resume Mota, acrescentando que, aliás, estão sempre abertos a candidaturas. Naturalmente, as "estrelas" das noites ao vivo (normalmente, sextas e sábados) são na sua maioria intérpretes ligados à OSJ mas já não seria a primeira vez que um cliente do bar decide mostrar a sua arte musical. "Têm vindo muitos jovens músicos e, de forma espontânea, vão tocar". No centro de todas as atenções, o piano, estrela-mor desta casa repartida por dois pisos: no primeiro, um toque mais café, com mesas e cadeiras e um recanto com banco forrado a vermelho; no segundo, revela-se o tecto em abóbada com tijolo à mostra e recantos mais intimistas.

O bar, pertença da Sinfónica, fica no mesmo edifício que é sede da orquestra, embora as duas áreas não tenham ligação (sendo as entradas respectivas até em ruas diferentes). O prédio foi comprado pela OSJ há uma década e, até há uns cinco anos, o actual espaço do bar era ocupado por outras harmonias (ou desarmonias, conforme o ouvido): era uma velha serralharia. Quando esta fechou, Mota pôs em prática a ideia de abrir um bar onde as pessoas ligadas à comunidade que ama a música clássica pudessem ter um ponto de encontro. "Era um conceito que não existia em Portugal mas que existe noutras cidades", sublinha, indicando os exemplos de Paris ou Londres. Por cá, também houve espaços que se debruçaram sobre este género musical, mas nenhum tão dedicado como este.

Erigir o projecto não foi fácil e deveu muito à amizade: "Isto foi tudo com ajudas de amigos. Um arquitecto amigo é que fez o projecto [o gabinete de arquitectura Graphos, curiosamente de um antigo elemento da orquestra, Fernando Castello-Branco] e houve muitas colaborações graciosas". Inaugurado em Novembro, o Barthoven cumpre sem mistérios o seu papel de unir a parte bar com a clássica (o seu slogan é, inclusive, "clássico até às tantas").

E assume, na decoração, um cariz museológico. Pelas paredes, há instrumentos, retratos ou mesmo tecidos ligados à história da música. "Aqui temos uns trombones antigos e ali umas flautas, que até são dos séculos XVIII e XIX", vai-nos guiando Mota. Ali "uma moldura com surdinas, que também são do séc. XIX - usam-se nos violinos e noutros instrumentos de corda para dar um som mais sombrio, digamos "surdo"", explica. Ao lado, um emoldurado bordado em pano feito para proteger um violino. E assim continuamos, entre arcos de contrabaixo ou violino e trompetes.

Nome
Barthoven
Local
Lisboa, Sacramento, Rua da Condessa, 41
Telefone
0
Observações
Encerrado.
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