Fugas - Motores

  • Tiago Machado
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Um carro para dar nas vistas que também pode agradar a famílias

Por Carla B. Ribeiro

Os portugueses preferem as carrinhas. Mas o Mazda6 é um sedan quase tão espaçoso como uma carrinha, o motor diesel 2.2 de 150cv é animado e poupado, a condução pode ser enérgica (embora dura) e as linhas fluidas e agressivas atraem piropos.

Confesso: gosto de sedans, cujas estética e aerodinâmica por norma ganha às das carrinhas. Mas na altura de comprar prefiro as últimas, como a maioria dos portugueses. Pela versatilidade, mas sobretudo pelo espaço para arrumar bagagem (e miúdos). Talvez com essa consciência, a Mazda quis devolver às famílias a hipótese de optar por um carro. Já no mar dos tubarões das frotas, o Mazda6 Sedan, devido à vasta lista de equipamento combinada com o preço (desde 33.980€), quer ser opção a considerar.

Este sedan não só contempla uma bagageira de fácil acesso com 489 litros, apenas menos 33 do que a versão Station Wagon, como é mais comprido que a carrinha em 6,5cm, dando a quem segue atrás espaço de sobra para pernas (mesmo quando o banco do condutor se coloca na posição mais recuada) e cabeça. A não ser que meça mais de 1,85m – nesse caso poderá haver dificuldade em manter o corpo direito sem bater com a cabeça no tecto. Quanto ao conforto para os passageiros traseiros, dois viajam como se seguissem em "primeira classe". Já o terceiro passageiro tem de se contentar com um assento em "classe económica" .

As diferenciações de classes não se colocam quanto à estética do exterior: seja de que ângulo for, e mesmo com a carroçaria num discreto preto, como o veículo que conduzimos, é difícil a este Mazda6 passar despercebido: há sempre alguém que não resiste em seguir o carro com o olhar ou outros que metem mesmo conversa. A principal característica referida é mesmo a agressividade, cujo efeito foi um dos trabalhos destacados pela marca por altura do lançamento, em Fevereiro deste ano.

Mas a agressividade vai para lá do (bom) sentido estético e noutras áreas não surte o mesmo efeito positivo. É que quase todo o comportamento do carro se revela duro. Quase porque a direcção, bastante directa é certo, por vezes parece demasiado sensível. Já as suspensões não dão tréguas ao corpo perante nenhuma irregularidade do terreno (e com Lisboa cada vez mais recheada de lombas, é difícil de passar entre os pingos da chuva). O que no capítulo da segurança pode ser uma mais-valia, mas no conforto acaba por se revelar um contratempo, não obstante o esforço da marca de Hiroxima em aprimorar materiais e acabamentos.

Já o motor 2.2 diesel de 150cv, o único comercializado em terras lusas, equipado com uma reactiva quanto baste caixa automática de seis relações, é eficiente, de resposta rápida nas acelerações, mostrando-se à altura mesmo em ultrapassagens apertadas, e mostra-se tão à-vontade no rendilhado urbano quanto em estrada aberta.

Para o facto contribuem diversas variáveis: esta nova geração Mazda6 está mais leve e, graças à tecnologia Skyactiv – estreada em meados do ano passado com o CX-5 e continuada recentemente no Mazda3 –, consegue um bom desempenho no que diz respeito às normas europeias de emissões (127 g/km, com caixa automática). Também os consumos, ainda que bastante acima dos 4,8 l/100km reclamados pela marca, conseguem ficar aquém do esperado dado o comportamento impulsivo. Juntando quilómetros urbanos com muito pára/arranca, de curvas de montanha com subidas íngremes e de auto-estrada, conseguiu-se uma média abaixo dos sete litros.

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