Ponte Carlos (Karluv Most), 5h20… A esta hora matinal, livre de turistas, esta magnífica ponte pedonal, o monumento mais famoso de Praga, ligando a Cidade Velha ao Bairro Pequeno, pode, enfim, ser devidamente apreciada.
Construída no século XIV e posteriormente ornamentada com estátuas barrocas, principalmente do início do século XVIII, sendo a primeira datada de 1683 (S. João Nepomuceno), inspiradas nas esculturas de Bernini, da Ponte de Sant’t Ângelo, em Roma.
Livre de turistas, que a enxameiam durante todo o dia, é altura de a admirar devidamente e, sem dúvida, uma boa altura para a fotografar com o tempo e o respeito que merece. Com os primeiros raios de sol a despontar e iluminando a cúpula da igreja de São Nicolau, no lado do Bairro Pequeno, os reflexos das casas sobranceiras espelham-se no pequeno braço do rio Vltava (ribeiro do Diabo – Certovka), que envolve a aprazível ilha de Kampa.
Momento de serenidade ímpar que pode ser partilhado com os cisnes que chegam voando e apresentam um perfeito e enamorado bailado, um verdadeiro “Praha in Love”, que mostra que estes momentos de partilha não são exclusivos do ser humano.
Praga apresenta-se como uma cidade muito interessante para ser percorrida a pé, visto que numa área não muito superior a 10 Km2, espalhada pelos cinco bairros centrais (Cidade Velha, Bairro Pequeno, Castelo de Praga e Hradcany, Bairro Judeu e Cidade Nova), encontram-se uma História e arquitectura ímpares que se iniciam no século IX e percorrem épocas românicas, góticas, barrocas, neogótico e moderno, deslumbrando o viajante a cada rua que é percorrida.
Centro nevrálgico de toda esta trama, é, sem dúvida, a Praça Velha, com o seu magnífico relógio astronómico (Orloj, século XV), na torre da Câmara da Cidade Velha, do cimo da qual a vista sobre a cidade é esplêndida, com a gótica igreja de Tyn, do lado oposto da Praça, a prender a atenção do observador.
O Castelo de Praga, local de fundação da cidade, no século IX e um dos maiores da Europa, integra um conjunto de belos edifícios (um palácio, três mosteiros e uma igreja) para além da monumental Catedral de São Vito, que começou a ser construída em 1344 e só foi finalizada em 1929.
Integrada no Castelo, encontra-se a pitoresca “Golden Lane”, rua dourada, assim chamada devido aos ourives que aqui viveram no século XVII e onde por breves anos habitou um dos filhos mais dilectos desta cidade, o escritor Franz Kafka, o qual possui, sobre o rio Vltava, um interessante museu com um dos mais aprazíveis restaurantes de Praga, com uma esplanada servida por confortáveis cadeirões, onde apenas observar o suave sulcar dos barcos que navegam no Vltava e o movimento pedonal na Ponte Carlos preenche os sentidos.
Referência obrigatória ao Parque Petrin, local que permite uma fuga do bulício citadino e desfrutar de umas horas mais calmas e repousantes. O grande e tranquilo parque possui várias atracções, como a Igreja de São Miguel, igreja ortodoxa em madeira colorida, que veio desmontada da Ucrânia e edificada neste local. É imperdível a subida ao topo de uma réplica da torre Eiffel, com 60m de altura, de onde se obtém uma magnífica vista sobre a cidade e o rio, com as inúmeras pontes, permitindo uma visão mais abrangente sobre a Grande Praga.
Por vezes, os programas turísticos oferecem dois ou três dias numa cidade, mas decerto não será suficiente para Praga. O ideal, e a opção tomada, foram cinco dias completos, permitindo em três dias percorrer, a pé, todo o centro histórico e usufruir de dois repousados dias para opções como a dos parques, explorar locais menos turísticos, a gastronomia e… uma agradável surpresa: o café, que, talm como a cerveja, é uma verdadeira instituição em Praga, cidade com magníficos e originais cafés, tendo sido paragem o Café Louvre (frequentado por Kafka e amigos), o Kavarna Lucerna (um café da época do cinema mudo), o Café Rybka (cheio de estantes com livros), o Café Franz Kafka (versão moderna), o Café Montmartre (café nocturno, da Cidade Velha), entre outros.
Uma cidade que se visita ao ritmo do viajante e que convida a voltar… e a exclamar… “Ah!…se todas as pragas fossem assim…”