Não é só para o condutor que o CR-V pode ser uma experiência agradável. A bordo, o conforto é garantido para cinco ocupantes. É que, embora as medidas exteriores estejam praticamente inalteradas face à geração anterior, lá dentro há espaço para pernas, ombros, cabeças — mesmo para alguém com 1,90m. Tanto nos bancos dianteiros como nos traseiros, onde, beneficiando da ausência do túnel de transmissão a meio, três ocupantes (mesmo com cadeirinhas infantis) cabem sem quaisquer transtornos.
Já para a carteira, a sensação está longe de ser confortável. Sobretudo pelo preço: 42.900 euros, para a versão de entrada (a testada, Lifestyle, custa mais três mil euros). Os consumos prometem ser mais comedidos, mesmo que o valor avançado pela marca, de 6,7 l/100 km em circuito urbano, não tenha sido alcançado ao longo dos dias em que nos movemos a bordo do carro. O valor obtido andou na casa dos 7,5 litros. O que, tendo em conta o pára-arranca e o piso por vezes íngreme de Lisboa, nem é exagerado.
Ainda assim, o bloco de 2.2 litros deverá ser relegado para segundo plano quando o CR-V integrar, ainda este ano (como afiança a Honda), o novo motor a diesel de 1600cc e 120cv, que acabou de se estrear no Civic, conseguindo um preço mais convidativo, consumos mais baixos e menores emissões de CO2.
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Barómetro
+ Conforto, segurança, vida a bordo, qualidade dos materiais
- Perda do espírito SUV, condução pouco entusiasmante, preço
Fintar ângulos mortos
Sentados aos comandos, numa posição elevada como este tipo de veículo pede, é notório que a marca fez um bom trabalho no que à visibilidade dianteira diz respeito. O mesmo já não se pode falar da visão para trás: o vidro parece demasiado curto, acabando por gerar mais “ângulos mortos”. Por isso, além da existência de sensores, a inclusão, de série neste e em toda a gama diesel do CR-V, de uma câmara de apoio ao estacionamento parece uma opção certeira.
Luminoso e iluminado
Não é só a nova grelha, de três lâminas, que sobressai no nariz deste crossover. Mesmo tendo em conta o arrojado facelift da 3.ª geração em 2010, a nova fornada do CR-V parece abrir um novo capítulo na história deste modelo. Os faróis dianteiros foram alongados e agora parecem rasgar o corpo musculado do veículo, favorecendo a iluminação dianteira, mas também em curva. Já as luzes diurnas ocupam a base das ópticas, formando uma espécie de elegante moldura.
Espaçoso e arrumado
Malas, brinquedos, triciclo, carrinhos de passeio de bebés. Com jeitinho parece que tudo cabe. Não só graças ao espaço disponível — uns impressionantes 589 litros, mais quase 150 do que a versão anterior e um pouco mais, nove litros, que, por exemplo, o Fiat Freemont (embora este ganhe com bancos rebatidos) —, mas sobretudo às formas: não há buraquinho que não seja aproveitável. Já sobre o rebatimento dos bancos traseiros, pontos a favor na rapidez e facilidade com que se consegue transformar o carro.
Conforto em primeiro lugar
Sóbrio q.b., dentro do CR-V não se terá certamente a experiência do século (nem sequer da semana) ao nível de estética. Não é feio, atenção. Mas nada desperta vontade de elogiar as linhas criadas pela equipa de design. Não se desanime ainda: o interior não deixa nada a desejar no que toca a habitabilidade ou conforto. Desde os materiais utilizados (no caso, meia alcantara, meia pele) até às formas dos bancos — com uma ajudinha do apoio lombar facilmente ajustável —, não esquecendo a própria posição de condução. Já quem segue atrás tem espaço para acabar a viagem sem sequer se sentir maçado ou amassado.