Fugas - Motores

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A derrapar pela neve… em quatro rodas

Segue-se a experiência num X5 M, onde somos incitados a usar o travão de estacionamento para complementar o Hill Descent Control (o controlo de descida em terrenos muito inclinados). É naquele SUV que executamos travagens de emergência e usamos a posição neutra da caixa de velocidades (vulgo ponto morto) para aprender a deixar descair o carro de forma controlada numa subida íngreme. Ao longo de dois dias, passámos ainda por outros série 3 (incluindo um Gran Turismo) e 4 e testámos o comportamento na neve dos X3 e X6 (todos preparados pelo departamento M da construtora alemã que se dedica a imprimir desportividade a qualquer modelo). Mas há um que merece destaque: o M 135i, de longe o mais divertido e guiável de todos os veículos disponibilizados e aquele em que nos sentimos mais ousados.

É saltitando de carro em carro que vamos derrapando. E derrubando cones de demarcação de circuito. Há, até, os que protagonizam encontros imediatos com muros de neve. Por cada toque, o acordado é pagar uma cerveja aos instrutores. E foram tantos que, se eles nos exigissem o rigoroso cumprimento dos pagamentos, ficariam decerto muito etilizados.

Ainda assim, este grupo foi mais afortunado que o último, segundo nos contam. Num dos choques contra aquilo que parecia uma parede macia de neve, um dos participantes teve o azar de descobrir uma pedra escondida. Resultado: todos os airbags dispararam e o carro transformou-se, dizem-nos, numa árvore de Natal. Já nós passámos no teste: comportamento de grupo, excelente; problemas, zero.

Do gelo ao jacuzzi

Depois das emoções das pistas, o merecido descanso. É já com o fim do dia a despontar que regressamos a Sölden, fazendo a descida recorrendo ao motor como travão, para evitar queimar os discos (já sucedeu…).

À medida que nos aproximamos, luzes de mil brilhos enfeitam a imponência esmagadora das montanhas circundantes, cujos picos são coroados por neves eternas. Contamos com a memória de uma manhã de passeios para desenhar o resto: ruas emolduradas por lojinhas, tanto de souvenirs como de marcas de luxo, entre as quais não faltam as especializadas em equipamento para os desportos da neve.

Por isso,  é com algum encanto que, já com noite cerrada, vislumbramos da janela do quarto a floresta de coníferas enfeitadas de branco a perder de vista e a reflectirem as luzes nocturnas, ao mesmo tempo que o trovejar da corrente do rio que passa mesmo ao lado do hotel parece servir de banda sonora. E, mesmo com o calor do hotel – no caso o luxuoso Das Central, único alojamento de cinco estrelas na vila – a aliciar-nos, é impossível resistir à pureza do ar frio e seco, tão característico da alta montanha.

Até que chega a manhã e, depois de uma noite em que nem a altitude parece ter tido um efeito nefasto sobre o sono, ao correr as cortinas do quarto, é-se esmagado pela paisagem: um vale verde, pontilhado por casinhas baixas, cercado por montanhas brancas e tendo como pano de fundo um céu azul e um sol esplendoroso.

Mas sejamos justos: munidos de um par de esquis, com umas raquetas ou, como no nosso caso, de motorizações potentes, a experiência da neve nunca fica completa sem uma passagem pelo spa. Por isso, ainda antes de nos deixarmos tentar pelo sono, damos outro descanso ao corpo.

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