Sölden esbanja charme. Ao longe, parece um presépio, cortado a meio pela torrente revolta do rio Inn, composto por casinhas em madeira, com telhados brancos de neve no Inverno e varandas floridas na Primavera e Verão. Ainda é cedo, mas pela pequena localidade, a 1400m de altitude, avistam-se esquiadores de todas as idades que, preparados para enfrentar mais um dia nas pistas, reconhecidas pela qualidade das suas neves, dirigem-se a um dos vários transportes que os levarão mais alto.
Para nós, porém, a aventura é outra e o meio de lá chegar promete emoções a rodos. É aos comandos de um desenvolto série 3 Mque nos fazemos à sinuosa estrada de montanha que nos levará ao nosso destino: o circuito de treino de condução em neve que se espraia entre os 2600 e os 2800m, o que faz com que este seja o local de treino, assegura a BMW, de condução de Inverno a maior altitude em todo o mundo.
Arrancamos com a sensação de se estar a conduzir por um cenário de contos de fadas, com o denso arvoredo a marcar a paisagem até aos 2000m. Depois deste ponto, atravessamos uma espécie de deserto branco. Até que, por fim, o esforço é recompensado com a visão dos vários circuitos que a BMW preparou para um Snow Intensive Training (Curso Intensivo de Neve, numa tradução literal) e que incluem pistas de slalom, trilhos com subidas e decidas íngremes, curvas apertadas e até um troço cronometrado para, no final, os “campeões” exibirem a sua perícia.
Chegamos a convite e numa viagem programada especificamente para jornalistas. Mas nenhum dos instrutores parece ter sido avisado. Por isso, somos recebidos como qualquer um que se inscreva nos muitos e variados cursos de condução organizados pela marca bávara. As duas sessões práticas são precedidas por duas aulas teóricas. A primeira, sobre sistemas de condução e funcionamento da tracção integral X-Drive; a segunda, a explicar as técnicas de condução sobre gelo ou neve, assim como em subidas e descidas íngremes em pisos de fraca aderência. Só depois de aprendidos os tópicos é que se passa à prática. E é nos circuitos e trilhos que se desenrola a parte verdadeiramente gira do curso: exercícios de condução, devidamente supervisionados e orientados.
Começamos com o cuidado de um aluno exemplar. Nem todos, porém, revelam vontade de se manter na linha. Literalmente. Alguns dos participantes, munidos de experiência de pilotagem desportiva, não resistem a algumas brincadeiras e acrobacias. Era o dado que faltava aos instrutores para perceberem que este não é um grupo como tantos outros e, depois de alguma preocupação com o que consideram ser “manobras excessivas”, acabam por soltar as rédeas. Com a ressalva: os veículos têm de ser devolvidos, como nos diria um dos instrutores, em “estado cosmético”.
É com o sentido nesta recomendação que, ao volante de dois aguerridos série 4 - primeiro, um M 428i; depois, um mais valente M 435i -, juntamos o útil da aprendizagem à pura diversão, usando o efeito de deslizamento na neve para descrever curvas. Aproveitamos para sentir as diferenças entre conduzir com o controlo de estabilidade ligado, só com o controlo de tracção (o mais aconselhado na neve) ou com todos os auxiliares de condução desligados.