Fugas - Motores

  • Bruno Almeida

Potência a rodos num compacto de quatro cilindros

Por João Palma

O novo classe A da Mercedes trouxe uma mudança radical, para melhor, face ao anterior. Sobre esta base, a AMG criou uma versão desportiva com uns espantosos 360cv. Adicione-se a esta “bomba” o pacote Edition 1 e temos um carro que até podia ser de sonho.

Há certos veículos sobre os quais é muito difícil ser-se objectivo. De modo estritamente racional, um carro que consome em média mais de onze litros de gasolina super a cada cem quilómetros e custa 80.000€ não seria algo que aconselharíamos. Porém, o classe A que conduzimos, “envenenado” pela AMG, a divisão desportiva da Mercedes, e artilhado com muito equipamento opcional em termos de performance e visual (entre os quais os pacotes Edition 1 e AMG), faz-nos desejar ganhar o Euromilhões.

A começar pelo visual exterior deste A 45 AMG Edition 1: grande asa traseira, faixas desportivas cinzento grafite no capot e tejadilho, jantes pretas deixando ver as pinças vermelhas de travão dos grandes discos ventilados, entradas de ar dianteiras, spoilers pretos à frente, detalhes a vermelho no radiador, nos faróis, espelhos e na asa traseira, saídas de ar atrás e grandes escapes rectangulares. Também no interior, onde o negro predomina, os pespontos vermelhos no revestimento a pele do tablier, dos bancos desportivos e do forro da alavanca da caixa de mudanças, bem como os ponteiros a vermelho nos visores do conta-rotações e velocímetro, complementam os pedais em metal perfurado para criar um design sóbrio, mas também desportivo, elegante e atractivo.

A instrumentação, com look desportivo, é de fácil leitura e manuseio, com destaque para o grande ecrã ao centro do tablier. O Mercedes-Benz A 45 AMG é um desportivo, ou melhor, um superdesportivo, mas, ao contrário de outros modelos com o mesmo cariz, mantém o espírito e o objectivo originais de um automóvel – transportar pessoas. Cinco, num interior espaçoso para um veículo com 4359mm de comprimento (67mm mais comprido que um classe A normal) e 1780mm de largura, com a mesma capacidade de mala que os outros classe A, isto é, de 341 a 1157 litros. E até quase se lhe perdoa o pecado de trazer umkit de reparação de pneus no lugar da roda sobresselente de emergência ou o facto de as dimensões e ângulo de abertura das portas da frente obrigarem os ocupantes a esticarem-se todos para as poder fechar.

Mas, para além da função básica de meio de transporte, o A 45 AMG oferece muito mais – não há palavras que possam descrever fielmente as sensações de quem se senta ao seu volante ou mesmo as dos outros ocupantes. Pela primeira vez, a submarca da Mercedes-Benz especializada em performance produziu um superdesportivo compacto. O motor de quatro cilindros turbo com 1991cc, construído individualmente à mão na tradição da AMG, debita uma potência específica de 181cv por litro, superando até alguns superdesportivos mais potentes.

Roda-se a chave e o roncar do motor transmite logo a noção da sua potência (o capot não está forrado, para se poder ouvir melhor o cativante som). Depois é largar as rédeas aos 360 puros-sangue. A velocidade máxima está limitada aos 250 km/h, mas da ficha técnica consta que o carro pode atingir os 270 km/h na 6.ª velocidade da bem escalonada caixa automática desportiva de dupla embraiagem e 7 relações. A transmissão tem três programas de utilização (M, manual; C, eficiência controlada; e S, desportiva), funções de Race Start para optimizar acelerações e dupla desembraiagem. O modo C vem dotado de Start/Stop e tem um modo Eco de condução, mas, neste caso, Eco deve ser a abreviatura da expressão nortenha “é co(m carago)!”.

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