As linhas exteriores são novas e, embora não deixem ninguém de queixo caído, agradam na generalidade. A motorização, o bloco diesel 1.5 com 90cv, não é pujante, ainda que não deixe ficar mal quer em cidade quer em estrada. É isto. Mesmo os parâmetros menos positivos não impedem que o Novo Note a gasóleo sirva os seus propósitos: ser um utilitário com atributos que o permitem posicionar-se lado a lado com os tubarões do segmento B.
Um feito conseguido sobretudo pelo seu preço: a versão a gasóleo custa desde 17.950€, embora no caso da viatura ensaiada, com equipamento de topo, haja a desembolsar mais quatro mil euros.
Depois de uma geração que se arrastou por quase uma década, a Nissan repensou o seu Note com o propósito de o colocar mais perto dos líderes do segmento B, demarcando-se do seu rival mais directo, o Ford Fiesta, algo trabalhado sobretudo ao nível do preço. Mas, mais que isso, a Nissan reviu a configuração do automóvel, passando a catalogá-lo como um dois volumes de cinco portas, facilitando o piscar de olho às famílias com crianças pequenas, podendo até entrar nas opções de famílias com três filhos: testado e confirmado, três cadeirinhas (com muito esforço) conseguem ser espremidas no banco de trás. Já no que diz respeito a espaço para pernas e cabeças de passageiros adultos é notória a facilidade em acomodar gente grande. Claro que, na altura de ir de férias, o tamanho da mala, mesmo atafulhada, mostra-se mais adequado às necessidades de uma família de três do que de cinco ou mesmo de quatro. Já para uma só pessoa ou para um casal, a possibilidade de rebater os bancos traseiros transforma o Note numa espécie de burro de carga: cabem 1495 litros.
Na vida a bordo, sublinhe-se o trabalho tido com os bancos, sobretudo o do condutor que pode ser ajustado tanto para a frente e para trás como para baixo e para cima. De lamentar que esta acrescida possibilidade de ajustar o banco não se estenda ao volante: a Nissan, por altura da apresentação do veículo aos media, justificou por essa capacidade de regulação do banco do condutor a ausência de ajustamento em profundidade do volante, que apenas se pode mover para cima e para baixo. A justificação até pode parecer plausível, mas a opção não deixa de desiludir num carro que, por incluir uma série de funcionalidades mais próprias de segmentos superiores, pretende chegar um pouco mais longe.E nesse sentido mantém-se o esforço por parte da Nissan, já evidenciado na operação de estética de 2010, em melhorar os interiores, notando-se a opção por materiais um bocadinho melhores.
Sobre o bloco diesel, a motorização, ajudada por uma direcção e uma caixa de cinco velocidades de fácil manuseio e por um peso que não ultrapassa os 1200 quilos (tendo por base a mesma plataforma V do Micra, o Note emagreceu 55kg), é bastante agradável de explorar em ambiente urbano. É rápida q.b. para se desenvencilhar em pequenos sarilhos da cidade, ao mesmo tempo que, ajudada pelo sistema de arranque e paragem automáticos, se mostra poupada. A marca diz que o consumo médio andará pelos 3,6 l/100km e o urbano pelos 4,2. E a experiência não desapontou: em apenas trajectos urbanos, fazendo uso da função Eco, conseguiu-se uma média à volta dos cinco litros a cada cem quilómetros. Já de emissões, a Nissan avança com níveis de CO2 na ordem dos 92 g/km. Em auto-estrada, a quinta velocidade é suficiente para manter o Note na sua trajectória sem quaisquer soluços e a suspensão mostra-se confortável o suficiente para que o corpo suporte horas de condução.