Não é um exclusivo Mercedes. Quase todas as marcas premium, de há uns tempos para cá, começaram a olhar para os segmentos inferiores com outros olhos. E a notar o potencial que aí residia. Por isso, não é de admirar que, depois dos classes A e B ou do CLA, a marca tenha decidido apostar no cobiçado subsegmento dos SUV compactos. Para tal, nasceu o GLA, que alia conforto a atrevimento, mesmo fora da estrada. Isto sem que tenha sido negligenciado o design que, mantendo o espírito da marca da estrela, evidencia a robustez com que o modelo se pretende vender.
Visualmente, o GLA, que chega para competir com o Audi Q3, o BMW X1 ou o Volvo XC60, vai buscar muita da sua inspiração ao CLA. Mas distingue-se visivelmente deste através da inclusão de elementos muito próprios. Caso dos evidenciados pára-choques ou das saias laterais. Também no tamanho marca a diferença: este SUV compacto mede 4417mm de comprimento, 1804mm de largura e 1494mm de altura. Note-se que se apresenta mais baixo 5cm face ao X1 e 10cm em relação ao Q3.
Já pelo interior, sobressai o uso de materiais de qualidade superior e os refinados acabamentos. Traços próprios que a marca não descurou quando começou a explorar gamas mais baixas que as que a caracterizam habitualmente. Aliás, neste caso, tanto por fora como por dentro, o veículo foi abrilhantado pela inclusão do Pack desportivo AMG (2723,58€).
No campo do conforto, para quem viaja no banco traseiro há espaço q.b. para que uma longa viagem seja bem suportada. Mas o verdadeiro privilegiado é o condutor, que usufrui de uma excelente posição de condução e de uma boa visibilidade dianteira (para trás, não se podendo descrever a visibilidade como má, o recorte do vidro não é dos mais simpáticos para que a visão seja abrangente).
Todo o painel desenha-se com sobriedade, beneficiando dos negros e dos debruados a cromado nos vários mostradores ou nas entradas de ar em forma do emblema da marca. A registar, porém, o excesso de botõezinhos na consola central, que, no entanto, beneficia de vários e distintos espaços de arrumação.
Com o banco bem posicionado e volante ajustado, na hora de dar à ignição, o bloco de 2.0 litros a gasóleo revela-se disponível o suficiente para fazer carreira em qualquer tipo de traçado. A robustez, mesmo que apenas permita umas leves brincadeiras fora do asfalto, garante uma condução pautada pela segurança. E, pela cidade, mesmo que não seja o seu habitat natural, até pelo seu tamanho, mostra-se como peixe na água, embora o seu peso (cerca de tonelada e meia), associado ao peso dos seus ocupantes, não garanta acelerações rápidas. A Mercedes fala em dez segundos para ir dos 0 aos 100 km/h e não é de esperar que num sinal luminoso seja o primeiro a arrancar.
Mas, com os seus 136cv, geridos pela caixa manual de seis relações, o GLA parece mais fadado para uma vida estradista, sobretudo em auto-estrada, do que para os circuitos urbanos. E aí consegue não só atingir uma velocidade máxima de relevo, como manter uma velocidade cruzeiro sem grandes preocupações. Será também em auto-estrada, sobretudo se não se abusar do acelerador, que se conseguirá obter um consumo médio mais próximo ao anunciado de 4,5 litros a cada cem quilómetros. De resto, os consumos, do pequeno ensaio realizado, que também incluiu cidade e estrada sinuosa, mostram-se mais gulosos do que o que a ficha oficial indica.