Não é um M puro. Para isso há que aguardar pelo M2. Mas isso não impede que este M 235i, o série 2 mais potente que se comercializa apetrechado com várias funcionalidades e equipamento da divisão M Performance da BMW, se comporte como um verdadeiro desportivo. Com uma vantagem: conduz-se tão bem no meio do caos urbano — até porque, refira-se, há quem se desvie para o ver passar — como numa qualquer pista de velocidade.
E, testadas as suas duas distintas facetas, é fácil de observar uma das suas maiores qualidades: o M 235i é camaleónico, adaptando-se sem quaisquer dificuldades a diferentes tipos de traçado e de ambiente. Para tal também contribui a transmissão automática desportiva Steptronic, um opcional que inflaciona o preço do carro em 1988,62€, mas que é garante de respostas rápidas e, diríamos, intuitivas — é como se o carro adivinhasse a necessidade de travar ainda antes de tocarmos no pedal. Paralelamente, a direcção, com especificações da divisão desportiva M, permite que o condutor se mantenha ligado ao carro de forma quase umbilical. E, com tanto cavalo à solta, o melhor mesmo é que não haja lugar a distracções.
O M 235i, com um bloco de 3.0 litros, de seis cilindros em linha, a debitar uma potência equivalente a 326cv e a revelar um torque de 450 Nm, acelera dos 0 aos 100 km/h nuns singelos 4,8 segundos e atinge uma velocidade máxima de 250 km/h (limitada electronicamente). Mas no que o veículo mais se esgrime é nas recuperações, durante as quais não deixa créditos por mãos alheias.
Do departamento M, esta variante do série 2 herdou ainda os bancos M em pele, um volante específico, travões M Sport, além de uma série de componentes que têm como objectivo melhorar a aerodinâmica (caso do spoiler traseiro): o M 235i apresenta um coeficiente de aerodinâmica de 0,33 contra os 0,28/0,29 dos seus pares. Além disso, o carro é mais baixo em 10mm em relação aos restantes modelos.
Face ao série 1 Coupé que o série 2 substitui, o carro está 26mm mais largo e 72mm mais comprido, com a distância entre eixos a beneficiar de um acréscimo de 30mm. O crescimento reflecte-se sobretudo no espaço interior, com os passageiros traseiros a ganharem um pouco mais de conforto. Porém, a inexistência de portas traseiras tornam o carro pouco amigável para quem tem de seguir atrás. E mesmo para quem viaja à frente, a altura do carro é inimiga de quem tenha menos mobilidade ou apenas mais idade.
Se não houver problemas de costas nem problemas a dobrar os joelhos, então, depois de nos sentarmos aos comandos de um M 235i, não leva muito tempo até que nos sintamos em casa, tanto pelo espaço como pelo conforto. Já o cockpit é tal e qual a marca bávara o delineou: totalmente direccionado para o condutor, em que se destaca a utilização de materiais que transmitem a qualidade que se pretende num veículo premium sem que a sua funcionalidade tenha sido descurada — por exemplo, há espaços de arrumação, pelas portas, no porta-luvas, na divisória central, para tudo e mais alguma coisa.