Fugas - Motores

Regina Coelho

Segurança a triplicar

Por Alberto Pires

A scooter tem na cidade o seu ambiente de eleição, sendo económica, prática e fácil de conduzir. A sua condução não deixa, contudo, de a sujeitar aos imprevistos do trânsito. Atenta a esta preocupação dos utilizadores, a Yamaha criou a Tricity, acrescentando-lhe algo que nunca é de mais, segurança.

São vários os comentários que ouvimos quando andamos de scooter. Desde os saudosos “quando era miúdo tive uma” até aos curiosos “agora já não é preciso carta, pois não?”, dificilmente escapamos a uma apreciação. Há uma, no entanto, que persiste e está ligada à segurança, sendo na forma mais vulgar qualquer coisa do género “pois, mas o problema é que só tem duas rodas!”.

Esta realidade é transversal no motociclismo mas há segmentos de mercado mais afectados pela percepção do risco. A Yamaha, consciente desta realidade, decidiu enfrentá-la com igual objectividade e desenvolveu a Tricity, uma scooter com três rodas. O conceito não é novo, mas o seu sistema de funcionamento é distinto. Na realidade, temos na frente, ancorado num paralelograma em alumínio, dois trens dianteiros convencionais, duplicando-se desta forma as rodas, os travões e a capacidade de absorção.

O primeiro contacto mostra que estamos perante uma scooter ligeiramente diferente das restantes. O peso visual da zona dianteira é expressivo e, de alguma maneira, condiciona também a sensação aos seus comandos. A posição do guiador é mais alta que o vulgar, estamos sentados com o tronco direito e o espaço para a colocação das pernas está bem definido. Assim que começamos a andar sente-se, num primeiro momento, mais peso e inércia que nas scooters da mesma classe, mas é num instante que essa sensação é ultrapassada pelas características positivas próprias do sistema dianteiro que utiliza.

A capacidade de absorção das irregularidades é excelente, sendo que as rodas não comunicam entre si as dificuldades que sentem. Ou seja, uma pode passar por um enorme buraco que a outra encarrega-se de assegurar a estabilidade. Em curva, é quase inacreditável a aderência, suportando que se force com violência a inclinação que a frente não dá sinais de fraquejar.

Se a isso juntarmos a capacidade de travagem, muitos dos receios associados à utilização de uma moto começam a deixar de fazer sentido. Usando a manete esquerda, a travagem distribui-se de forma equilibrada pelas três rodas, estando a manete da direita destinada apenas às rodas dianteiras. O acréscimo de segurança advém do facto de podermos levar até ao extremo a travagem, que a frente mantém-se equilibrada. Por exemplo, ao travar com força suficiente para bloquear uma das rodas dianteiras em cima dos trilhos dos eléctricos, nota-se que a roda bloqueia e vai a deslizar, mas a do outro lado trava sem que no guiador se sinta qualquer desequilíbrio.

Os aspectos práticos, fundamentais neste género, também são dignos de registo. O estrado plano, com um gancho destacável no avental, oferece uma capacidade de carga apreciável, garantindo a posição das pernas a devida estabilidade do conjunto. Debaixo do banco há também um espaço suficiente para guardar um capacete integral. O conforto está também a um nível superior. A frente é suficientemente larga para proteger as pernas e o pequeno ecrã dianteiro desvia parte do vento, oferecendo uma protecção razoável mesmo numa via rápida. O banco traseiro está bem dimensionado e as pegas para o passageiro são práticas.

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