O novo Celerio, com o qual a Suzuki pretende reforçar a sua presença em Portugal — após uma ausência de dois anos devido à cessação de actividades do anterior importador e depois de no ano passado ter lançado o utilitário Swift e o crossover SX4 S-Cross —, chega para propor uma solução muito em conta para quem busca um meio de transporte essencialmente urbano.
Construído apenas com o bloco tricilíndrico 1.0 a gasolina, com uma potência equivalente a 68cv, o Celerio não tem pretensões de ser um objecto de desejo, mas antes um objecto utilitário que cumpre com muita eficácia aquilo a que se propõe.
O motor é vivo q.b. para, nas várias situações urbanas, estar a par e passo com outros veículos muito superiores — e, às vezes, beneficiando de uma grande agilidade, até se desembaraça melhor que aqueles.
Claro que assim que se sai da cidade a conversa muda de figura. Tanto em estrada como em auto-estrada, o Celerio não é o carro de sonho para fazer uma longa viagem. Ainda assim, consegue surpreender. Em curvas, não pode ser acusado de adornar ao ponto de sentirmos a segurança posta em causa. Já em auto-estrada, assim que se consegue estabilizar a velocidade, o carro desliza sem se mostrar em esforço.
A posição de condução consegue proporcionar uma boa visibilidade e a única coisa que terá agradado menos foi a forma como se trabalhou com manete das velocidades: é pouco suave, dificultando por vezes o engate da marcha, requerendo alguma habituação, sobretudo a marcha à ré.
Mas, para compensar qualquer frustração, o Celerio oferece uma apetecível factura de combustível. Em viagem, registámos uma média francamente boa de 4,2 l/100km e, com as voltas na cidade, vimos o valor escalar para 5,1 l/100km — igual ao valor anunciado pela marca, ao contrário do que é habitual.
Do lado de fora, o Celerio não se destaca particularmente em nada. Não apresentando um design desleixado, também não se evidencia por nenhum rasgo de originalidade. Por dentro os seus vários pecadilhos tornam-se mais evidentes: plásticos duros, um painel de instrumentos de design ultrapassado, algumas falhas nos remates das portas e do tejadilho, tecidos dos bancos e dos tapetes de fraca qualidade. Sejamos razoável: alguém estava à espera de melhor num veículo extremamente bem equipado que se leva para casa por cerca de dez mil euros?
E o bem equipado desta versão GLX até poderia fazer corar de vergonha algumas marcas premium. Pelos tais 10.315€, usufruindo das campanhas em vigor e excluindo a pintura metalizada, consegue-se uma unidade que oferece airbags dianteiros, laterais e de cortina, controlo de estabilidade electrónico, assistência na travagem, jantes de liga leve de 14’’, computador de bordo, vidros eléctricos dianteiros e traseiros, tendo o condutor controlo sobre todas as janelas, ar condicionado manual, fecho centralizado com comando à distância, rádio/CD com MP3, porta USB, tomada de 12V e conexão Bluetooth, banco do condutor regulável em altura, faróis de nevoeiro dianteiros e traseiros, retrovisores de regulação eléctrica.
Mas é nas suas dimensões interiores, para passageiros e bagagem, que o Celerio consegue verdadeiramente surpreender. É que, apesar de medir apenas 3,6 metros de comprimento, consegue transportar com razoável conforto passageiros no banco de trás, tirando partido de uma distância entre eixos de 2425mm, superior a muitos dos seus concorrentes directos.
Paralelamente, a sua altura de 1540mm é suficiente para que ninguém se sinta quase a bater com a cabeça no tecto. Note-se que, na versão ensaiada, com o nível de equipamento de topo GLX, o carro está pensado para cinco ocupantes, sendo que três pessoas conseguem encontrar espaço muito por conta do corte a direito do banco. Na versão mais económica, o Celerio, além de vir despido da maioria das comodidades que referimos antes, ainda se apresenta como um carro para apenas quatro, com dois cintos de segurança no banco traseiro. Esta versão, beneficiando da campanha de desconto directo de 1413€ e da oferta de 500€ em caso de financiamento, custa 8985€.
Já a mala, bem aproveitada e albergando apenas kit de reparação de pneus, revela espaço para acomodar até 254 litros. E se houver necessidade de transportar mais malas, basta rebater os bancos traseiros (60/40) para conseguir espaço suficiente para transformar o pequeno Celerio num burro de carga.
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Um meio de transporte a pensar na poupança
Funcional, barato e económico. O Suzuki Celerio surge para conquistar uma fatia de mercado que não se importa de ter pouco desde que também pague menos. E, na versão mais bem equipada, traz até alguns luxos.
