Fugas - Motores

Honda Civic Type R

Por João Palma

O visual radical e uma grande asa traseira não enganam: o Civic Type R, com um motor 2.0 com 310cv, atinge os 270 km/h, sendo o mais rápido dos carros com tracção dianteira. Isso foi atestado pelo recorde que obteve em Nürburgring.

O mais potente dos veículos da Honda, o Civic Type R, vai ter uma nova geração, a quarta, que estará à venda em Portugal a partir de Setembro. Classificado pelo fabricante japonês como “um carro de corridas para a estrada”, dispõe de um novo motor 2.0 a gasolina turbo com 310cv e tem uma velocidade máxima de 270 km/h: a mais elevada para carros com tracção dianteira.

Este super-hatchback desportivo de 4 lugares terá 2 níveis de equipamento: Type R, com o preço de 39.400€, e Type R GT por 41.900€. 

No que se refere à mecânica, comportamento e performances, tanto o Civic Type R como o Type R GT são idênticos. O acréscimo de 2500€ é amplamente justificado pela faixa vermelha nos spoilers inferiores do GT e pela adição de equipamento. Some-se às jantes de 19’’, faróis em LED (médios), bancos desportivos, vidros escurecidos, câmara de estacionamento traseiro, Honda Connect (com ecrã central multifunções e tecnologia MirrorLink que permite transpor as funções e aplicações de um smartphone para o ecrã do carro) e conexão Bluetooth mãos livres para telemóvel do Type R básico, um pacote de segurança avançado. Este inclui aviso de colisão frontal, de saída involuntária de faixa de rodagem, assistente de máximos, informação de aproximação de outros veículos em ângulo morto e um monitor de trânsito lateral muito útil em manobras de marcha atrás. 

Acrescente-se sistema de navegação, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, climatizador bizona, sensores de luz e de chuva, fecho de vidros através da chave, etc. 

Depois desta útil mas árida descrição do que o Type R oferece em termos de equipamento, vamos ao que mais interessa: o visual pode ser radical, tipo tuning, mas cada pormenor da construção e configuração do carro tem uma função, seja ela aerodinâmica (como um fundo plano e difusor traseiro), seja a de produzir força descendente para agarrar o veículo ao solo ou de obstar ao sobreaquecimento e garantir estabilidade. 

O resultado é um carro que qualquer um pode conduzir, muito divertido e agradável, como comprovámos num percurso em estrada e em várias voltas ao exigente e técnico circuito de Bratislava, na Eslováquia. E mesmo sendo um desportivo, até tem uma suspensão relativamente confortável. 

Apesar de só ter tracção dianteira, ao contrário de outros modelos de potência similar que têm tracção integral, o sistema de amortecimento adaptativo, o Agile Handling Assist (Assistência à Agilidade de Condução, parte do Controlo de Estabilidade modificado), o diferencial dianteiro de deslizamento limitado, bem como outras afinações específicas (suspensão traseira, etc.) fazem com que o carro tenha aderência ao solo, direcção precisa e seja muito estável em curva, notando-se pouco o binário da direcção (isto é, o volante a puxar), algo que pudemos verificar na pista.

Agora, extrair todas as potencialidades desta potente máquina é que já não é para qualquer um, como nos foi demonstrado em duas voltas aos 6km do circuito ao lado do piloto português Tiago Monteiro. E, como o próprio comentou, não sendo um carro preparado para a competição, o comportamento aproxima-se. Em especial com o novo modo de condução +R accionado, que altera a cartografia do carro, aumentando a resposta do motor, modificando a suspensão, o controlo de estabilidade, as respostas da direcção e dos sistemas do chassis (além de alterações no painel de instrumentação, que se torna vermelho). Com o modo +R, o carro torna-se mais dinâmico e agressivo — no bom sentido, sublinhe-se — ideal para a condução em pista num track day. Por tudo isto, podemos considerá-lo um carro de estrada que também está apto para corridas.

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